Jesus disse: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque êles verão a Deus” (Mateus 5:8). Isto poderia ser parafraseado assim: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque ver-se-ão a si mesmos como imagem e semelhança de Deus.”
De acôrdo com a Bíblia (Gênesis 1:27), “Criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou”. Ê por essa razão que precisamos conhecer Deus a fim de compreender o que realmente somos. E Mrs. Eddy dános esta declaração esclarecedora e importante: “Deus é Mente, Espírito, Alma, Princípio, Vida, Verdade, Amor, incorpóreos, divinos, supremos, infinitos” (Science and Health — Ciência e Saúde — p. 465).
O homem, pois, no seu verdadeiro ser, é a idéia da Mente divina, a imagem do Espírito infinito. Êle é a semelhança da Alma, o reflexo do Amor divino. Por ser a imagem do Espírito, êle é espiritual e vive na Mente, não na matéria. Êle é governado pelo Princípio e, portanto, é sempre puro.
Essas afirmações são práticas e podem ser demonstradas em nossa vida humana. Quando somos “puros de coração” podemos ver, isto é, compreender, a Mente divina, a Verdade infinita, e a semelhança do homem com Deus. Graças a essa pureza de coração, nós exprimimos uma medida maior de entusiasmo em nossas atividades, temos maior segurança e felicidade em nossas vidas, e somos capazes de enfrentar nossos problemas com domínio e com a certeza de ser bem sucedidos na sua solução.
O testemunho que os sentidos materiais dão a respeito do homem é inteiramente falso, e isto é um fato que precisamos compreender. O homem, tal como o sentido material o interpreta, não é a imagem e semelhança de Deus. Mas o sentido espiritual revela ao pensamento receptivo os fatos gloriosos e científicos de nosso ser real. “Os limpos de coração” vêem êsses fatos e identificam o homem com êles.
Não devemos, entretanto, aceitar uma falsa concepção demasiadamente comum de pureza que definiria essa qualidade como fraca e hipócrita. Às vêzes, ouve-se esta afirmação: “Êle é puro demais”, o que significa que êle não é realístico. Quando Jesus falava da pureza, não estava se referindo a alguém cujo estado de pensamento devoto, pouco prático, faz dêle um capacho para que outros lhe passem por cima. Jesus estava falando de um estado de pensamento divinamente iluminado e moralmente limpo que nos habilita a ser mais verdadeiramente varonis ou feminis, conforme o caso.
Às vêzes, mesmo que desejemos sinceramente ser puros e bons, não é fácil ser assim, e é talvez por isso que o Salmista orava (Salmo 51): 10): “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” Tal oração pode ajudar muito a manter-nos firmes nos esforços que fazemos para ser bons e puros. Um desejo de pureza deve estar unido a um empenho de manter nossos pensamentos, nossa conversação e nossa conduta livres da impureza tantas vêzes manifestada em pessoas que, de outro modo, seriam atrativas.
Não faz muito tempo, um adolescente passou por uma experiência que ilustra como um pensamento puro pode nos tornar fortes e capazes de merecer o respeito daqueles com quem nos associamos. Num verão, êsse rapaz conseguiu um emprêgo numa companhia de construção que estava instalando uma tubulação no deserto. Teve por companheiros de turma homens rudes e profanos que o olhavam com ar de troça. Incumbiramno das mais árduas tarefas, tais como: abrir valas, manobrar a broca de percussão e lidar com a perfuratriz pneumática. Estava cercado pela obscenidade e era ridicularizado por causa dos esforços que fazia para expressar pureza e bondade.
O modo pelo qual enfrentou a situação foi simples e estava de acôrdo com a sua compreensão da Christian Science. Em primeiro lugar, esforçou-se por tratar êsses homens com respeito, procurando descobrir o que é que o sentido material sugeria a respeito dêles, e compreendendo espiritualmente o verdadeiro eu dêles como expressões de Deus. Tomou parte nas suas conversas, mas não desceu ao nível da vulgaridade que êles expressavam, nem reconheceu isto como parte do ser real dêles.
Em segundo lugar, êle trabalhava com sinceridade e entusiamo. Manifestava fôrça e resistência enquanto laborava sob o calor do deserto, porque fazia uso da compreensão que a Christian Science lhe havia dado acêrca de Deus e de seu ser real como idéia de Deus. Êle mantinha um alto padrão de conduta e deixava que sua conversa fôsse governada pela decência e pela pureza.
Seus esfôrços foram coroados dos mais animadores resultados. À medida que aprendia a gostar de seu trabalho e a considerar os homens de sua turma como amigos, operouse uma notável transformação na atitude que vinham tendo para com êle. Êles passaram a respeitarlhe a capacidade e a disposição de trabalhar duro e chegaram a ajudá-lo sempre que podiam. Deixaram, até, de praguejar na sua presença.
Alguns dos homens ficaram interessados em saber como é que um rapaz podia ser tão bom, tão puro e trabalhar tão duramente. A mãe do rapaz disse ao superintendente que a responsável por isso era a Christian Science, e o superintendente manifestou seu interêsse bem como seu respeito por essa Ciência.
Pensai por um instante no grande bem que a expressão de pureza por parte do rapaz realizou neste caso, não só para si mesmo como também para os homens com quem êle trabalhava. Êle pôde mostrar-lhes, de uma maneira que puderam compreender e aceitar, que a pureza é forte e vital. Êle ganhou para si a bênção de ser “limpo de coração”, isto é, de ver mais claramente Deus e o homem à Sua imagem e semelhança.
Quando somos “limpos de coração”, estamos habilitados a ter em nossa vida experiências iluminadoras similares com suas recompensas e vitórias. Nós somos mais do que abençoados, porquanto vemos mais claramente a natureza de Deus e a nossa própria natureza como idéias espirituais d'Êle. Que bênção maior podemos ter?
