No décimo quinto capítulo do evangelho de Lucas encontra-se uma parábola na qual Jesus se refere a um homem que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, deixara as noventa e nove para ir em busca da que se havia perdido. Ao descrever o júbilo do homem quando êste encontrou a ovelha perdida, o evangelho nos conta: “E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.”
Essa bem conhecida parábola termina com a mensagem de que haverá maior júbilo no céu por um pecador arrependido, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
Quantas vêzes temos assistido a uma reunião vespertina de testemunhos, de quarta-feira, numa Igreja de Cristo, Cientista, cheios da mesma espécie de júbilo de que estava possuído o pastor, quando recuperou a ovelha perdida! Talvez, pelo estudo da Ciência Cristã, tenhamos superado uma dificuldade física e tenhamos sido guiados do vale da sombra da morte aos pastos verdejantes de Deus. Ou, talvez, tenhamos vencido uma sensação de carência, encontrando nossa inteireza na abundância do Espírito. Talvez nossa paz de espírito parecesse perdida em razão da conturbação humana e das falsas hipóteses.
Mas os anjos do Amor trouxeram-nos de volta ao caminho reto e estreito da Verdade, e encontramos a paz. Em reconhecimento dessas bênçãos, que a Ciência Cristã nos concedeu, queremos agradecer a Deus e contar as boas novas aos amigos e vizinhos. Encontramos a nossa ovelha perdida, e o Amor nos impele a dizer: “Alegrai-vos comigo.”
E quanto àquelas noventa e nove ovelhas que se não perderam? Não se assemelham aos acontecimentos normais e harmoniosos da nossa vida diária, os quais, sem serem espetaculares, constituem uma prova constante da presença de Deus? O desdobramento contínuo do bem deveria ser nossa experiência costumeira. Isto talvez não seja objeto de um testemunho em cada quartafeira, mas não deveria ser considerado meramente como coisa banal.
Uma vida humana harmoniosa resultante do estudo dedicado e da prática da Ciência Cristã revela uma percepção cada vez maior da atual perfeição espiritual do homem como imagem e semelhança de Deus. Um testemunho ocasional de agradecimento pelo aspecto preventivo como também curativo da Ciência Cristã, não é impróprio. Por certo, as noventa e nove ovelhas que se não perderam são motivo para gratidão.
Depois de experimentarmos uma cura, não é senão natural expressarmos nossos agradecimentos a Deus e partilharmos nossa alegria. Na sinceridade dêsse desejo de reconhecermos a bondade de Deus e a eficácia da Ciência Cristã, não deveria haver interferência do sentido pessoal no intento de reduzir a silêncio ou distorcer a voz da Verdade.
Às vezes, uma pretensão de deficiência humana poderia ocultar a luz de nossa gratidão por baixo de um “alqueire” (aparador) de mêdo. A gratidão é um atributo do Amor. Na onipresença do Amor, não podem existir trevas do mêdo que frustrem a expressão da Palavra, a manifestação das idéias da Mente.
Na parábola bíblica, o pastor conta aos amigos as boas novas depois que “chega em casa”. Quando entramos numa igreja da Ciência Cristã, deveríamos sentir-nos como se estivéssemos chegando em casa, pois encontramo-nos onde a presença de nosso Pai-Mãe Deus é reconhecida. Em casa, falamos com perfeita liberdade e desembaraço. Similarmente, na casa de nossa igreja, podemos sentir-nos à vontade para partilhar boas novas com nosso irmão.
Às vêzes, uma pretensão do orgulho, em vez de mêdo, poderia roubar o mérito do poder do Cristo, o único sanador. Para anular essa pretensão, deveríamos compreender claramente que tanto o poder como a capacidade de demonstrá-lo procedem do único Ego, a Mente divina.
Êsses dois disfarces do sentido pessoal apresentam o homem como mortal e como se possuísse, por si mesmo, capacidades e incapacidades. Mrs. Eddy revela a falsidade dêste modo de ver a existência, quando diz em Ciência e Saúde (p. 567): “Essa falsa pretensão — essa velha crença, essa serpente antiga cujo nome é diabo (o mal), que pretende que haja inteligência na matéria, seja para beneficiar seja para prejudicar os homens — é pura ilusão, é o dragão vermelho; e assim fica provado não ter poder essa pretensão, que é expulsa pelo Cristo, Verdade, a ideia espiritual.”
E no parágrafo seguinte, continua: “A Ciência divina mostra como o Cordeiro mata o lôbo. A inocência e a Verdade vencem o crime e o êrro.”
Assim, compete-nos desmascarar esses impostores com o Cristo. Todos nós podemos fazer isso mediante a compreensão da Ciência Cristã. Quando percebemos a nulidade do sentido pessoal, esta não mais nos pode impedir de declararmos nossa gratidão ou de reconhecermos o poder curativo de Deus. Com a inocência e a pureza dos filhos de Deus, penetramos o disfarce do êrro. Então, cheios de alegria, pomo-nos de pé e dizemos aos amigos e vizinhos: “A realidade é clara: O fato de Deus ser Tudo novamente desvendou a nulidade da matéria. “Alegrai-vos comigo” de que isto seja assim.”
