Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mrs. Eddy diz (p. 95): “Embalado por ilusões entorpecentes, o mundo está adormecido no berço da infância e passa as horas sonhando.” Dessa forma, ela alerta a humanidade quanto à sua maior necessidade, ou seja, despertar para a realidade divina. Ela continua: “O sentido material não revela as realidades da existência; mas o sentido espiritual eleva a consciência humana até a Verdade eterna.”
Um novato em Ciência Cristã poderá perguntar: “Como posso compreender o ensinamento da Ciência Cristã, de que a Vida real é o Espírito, se me sinto tão perpètuamente consciente da matéria? Como posso anular a crença geral num universo físico, se me sinto tão claramente parte dêle?” A resposta da Ciência Cristã pode ser ilustrada da seguinte maneira.
Suponhamos que você tenha sonhado a noite passada. Em seu sonho você estava com mêdo de algo terrível que estava para acontecer, ou talvez muito contente devido a uma circunstância feliz. Então você acordou. Nesse mesmo instante, você tomou conhecimento do fato de que sua experiência em sonho fora uma ilusão. Instantâneamente você anulou essa pretensão de realidade. Nenhum esfôrço foi necessário para fazer isso, você não encontrou dificuldade alguma. Você apenas sabia o seguinte: “Foi sonho; isso nunca aconteceu.”
Da mesma forma, prontamente, podemos anular a aparência de realidade da doença, da limitação, do pecado e da discórdia. Podemos saber que uma circunstância errônea jamais aconteceu realmente, porque Deus, o bem divino, é Tudo, a única Vida e Mente do homem. O homem é a imagem de Deus, a expressão da saúde, da abundância, da santidade, e da harmonia. O universo, inclusive o homem, é a idéia do Espírito.
Sem dúvida, devemos renunciar ao pecado, arrependermo-nos dêle, e substituí-lo por um desejo e esfôrço sinceros de sermos obedientes à lei divina. Isso é possível quando reconhecemos que todo o pecado é falso, a evidência do sentido material, que é o suposto contrário da Vida, da Verdade e do Amor genuínos.
As crianças pequenas muitas vêzes crêem que o que elas sonharam realmente aconteceu. Seus sonhos, quando acordadas, também lhes parecem ser tão reais como o restante de sua experiência consciente. Mais tarde, aprendem que todos os sonhos são ilusões. Da mesma forma, aprendemos na Ciência Cristã que devemos deixar para trás tôdas as nossas crenças de vida e substância na matéria. Falando do conhecimento material, Paulo disse que “cessará” (I Coríntios 13:8), e que deve ser substituído pelo “que é perfeito”. Paulo acrescenta: “Quando eu era menino, ... pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.”
O homem, a idéia perfeita da única Mente infinita, reflete a alegria, a beleza, e a santidade da Alma, o Espírito. Porque o homem é totalmente espiritual, não tem parte com o material, mesmo que êste pareça bom e belo. Mrs. Eddy diz (Miscellaneous Writings — Escritos Diversos, p. 86): “As agradáveis sensações da crença humana sôbre a forma e a côr devem ser espiritualizadas até que alcancemos o sentido glorificado de substância como no nôvo céu e na nova terra, a harmonia do corpo e da Mente.”
O sentido material pode argumentar: “O universo físico tem sido o “habitat” da humanidade por séculos. Acaso essa própria longevidade não estabelece sua realidade? Ou, se é irreal, não nos levará muito tempo para demonstrar êsse fato?” A resposta é Não, pois os conceitos que o homem tem acêrca do universo estão mudando por meio da Ciência Cristã, estão se tornando mais espirituais, e o tempo não serve de padrão para o julgamento.
Talvez cada um de nós tenha descoberto que, algumas vêzes, nossos sonhos mais compridos e mais complicados se realizaram num abrir e fechar de olhos e em apenas alguns segundos. Acordados por um despertador, e notando a hora, podemos cair imediatamente no sono novamente e sonhar que estamos passando por uma enorme experiência, sòmente para, ao despertar, constatarmos que pràticamente não transcorreu tempo algum. Não ilustra isso a falsidade — até mesmo a irrealidade do tempo — e não indica a eternidade da existência real?
O tempo é apenas uma das muitas limitações da crença mortal. Não faz parte da infinidade e da eternidade da Mente. Uma experiência que tive ilustra que essa verdade eterna pode trazer o despertar espiritual para aquêle que se vê profundamente envolvido no sonho da vida material.
Há muitos anos atrás, quando recém aprendera a dirigir automóvel, tornou-se-me necessário dirigi-lo, semanalmente, em uma viagem de 320 quilômetros por perigosas estradas nas montanhas. Havia muitas curvas fechadas, e uma grande parte do caminho era através de um vale profundo, às margens de um rio, onde com freqüência ocorriam acidentes. Ao deitar-me, ao fim dessas viagens, meu sono era perturbado por longo e vívido sonho de que ainda me encontrava dirigindo o carro sob grande temor e tensão. Na manhã seguinte, despertava sentindo uma grande fadiga.
Ao aplicar os ensinamentos básicos da Ciência Cristã ao problema, fui guiado a essa promessa bíblica (Provérbios 3:24, 26): “Quando te deitares, não temerás; deitar-te-ás e o teu sono será suave. (...) Porque o Senhor será a tua segurança.” Também compreendi em certa medida que, conforme Ciência e Saúde afirma (p. 218): “A consciência da Verdade nos descansa mais do que horas de repouso na inconsciência.”
Quando novamente sonhei após a viagem seguinte, um claro sentido da presença e do poder da Verdade e do Amor veio a meu pensamento durante o sonho, destruindo o meu temor e minha tensão, e trazendo um sentido de alegre liberdade e domínio. Na manhã seguinte, despertei revigorado. Nunca mais sonhei com essas viagens, depois de realizá-las. Nem jamais tive qualquer receio de dirigir em estradas perigosas.
A missão de Cristo Jesus foi a de despertar a humanidade de seu sonho de que o mal seja tão real como o bem e de assegurar aos homens a herança de liberdade que possuem como filhos de Deus. Êle via o homem como espiritual e perfeito, e declarou: (João 6:63): “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita.” O Mestre também profetizou a vinda do Consolador, o qual despertaria mais plenamente o homem para a realidade espiritual. A Ciência Cristã é o Consolador, e diz nas palavras de um hino muito amado (Christian Science Hymnal — Hinário da Ciência Cristã, nº 412):
Ó sonhador, desperta do teu sonho,
levanta-te, cativo, livre, já;
o Cristo rasga o denso véu do êrro
e da prisão, os laços romperá.
Vem te dar alegria em vez de pena,
beleza em vez de cinzas da ilusão,
por tôda lágrima traz recompensa,
e com amor te fala ao coração.