Quantas vezes nos defrontamos com um problema inquietante que nos parece difícil demais para resolver! Achamos que não temos a habilidade ou a experiência necessária para superá-lo. Sentimo-nos incapazes. Que podemos fazer?
Podemos examinar nosso pensamento e perguntar: Como estou me identificando? Espiritualmente, com a Verdade? Ou materialmente, com o erro? Quem penso eu que sou?
Que significa identificação? Certo dicionário define a palavra identificação? como o conhecimento “da origem, da natureza ou das características definidas” The American Heritage Dictionary of the English Language; individuais. Significa descobrir de onde viemos, e a que nos assemelhamos. Se nos consideramos como tendo origem em uma fonte material, isso quer dizer que nos identificamos com o erro. Identificarmo-nos como tendo origem somente no Espírito, significa identificarmo-nos com a Verdade. Quando vemos a nós mesmos e aos outros como materiais, como limitados por causa de nascimento, educação, experiência, sexo, ou tolhidos devido a características raciais ou hereditárias, estamos nos identificando de modo errado e sofremos por causa das limitações e dificuldades inerentes a um “status” errado.
Cristo Jesus provou maravilhosamente sua supremacia sobre cada experiência da vida — inclusive a doença, a deformidade, o tempo, o espaço e a morte — e o fez ao identificar a si mesmo e aos outros com a Verdade. Reconhecia sua identidade verdadeira como o Filho de Deus, ou o Cristo, e que derivava seu poder desse parentesco espiritual.
Jesus assegurou a seus seguidores que eles também possuíam filiação divina. Tal como ele, podemos refletir domínio sobre toda dificuldade humana. O caráter cristão, ou a identidade e o domínio espirituais, são verdades demonstráveis e fundamentais a respeito de cada um de nós.
O primeiro capítulo do Gênesis apresenta Deus como dizendo: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra.” Gênesis 1:26; Porque essas verdades de Deus e do homem estão firmadas no eu cristão de cada pessoa, não será natural e normal reivindicá-las? Assim fazendo, teremos como resultado inevitável o domínio sobre nossa experiência humana. O identificarmo-nos como mortais, como participantes da raça de Adão e Eva, nos priva da filiação divina e automaticamente nos subordina, na crença, às falsas concepções da vida material — nos sujeita a sermos amaldiçoados, oprimidos, e a estarmos propensos a problemas.
Aqui está, então, uma pergunta que cada pessoa tem de responder por si mesma: “Será que constantemente penso em mim como um ser material, como um Adão ou uma Eva, ou sigo o exemplo de Jesus e me identifico com as verdades acerca de Deus e do homem espiritual? Podemos romper totalmente em nosso pensamento os hábitos estabelecidos de auto-identificação com a dessemelhança do Espírito — romper de vez essa identificação com a matéria, o erro, identificação essa que causa conflitos. E, à medida que alinhamos nosso pensamento com o que é divinamente verdadeiro, aparecem as soluções para os nossos problemas. É possível demonstrar que nossa verdadeira origem é o Espírito. A maneira pela qual nos identificamos determina a experiência de nossa vida.
A sr.a Eddy estabelece tal necessidade quando diz: “Jamais poderás demonstrar espiritualidade antes de te declarares imortal e de compreenderes que o és.” Na mesma página, continua: “Se não perceberes plenamente que és filho de Deus, e que portanto és perfeito, não tens Princípio a demonstrar, nem regra alguma para a sua demonstração. Não quero dizer com isso que os mortais sejam os filhos de Deus — longe disso. Ao praticar a Ciência Cristã deves declarar corretamente o seu Princípio, ou perderás a habilidade de demonstrá-la.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 242; O Cristo, a Verdade, mostra a cada um de nós os fatos espirituais acerca de nossa verdadeira identidade. Somente o Princípio é o Pai e a Mãe do homem; a Mente é a fonte ilimitada de sua inteligência e de suas habilidades; a Vida lhe concede existência sem fim. Todos nós, sem exceção, como homem espiritual individual, estamos envoltos no Amor. Todos nós expressamos de maneira exata a nossa origem, em qualidades divinas tais como a alegria sem limites e a atividade fecunda. O homem conhece somente a perfeição e age por impulso divino. Esses são os fatos a nosso respeito agora, não fatos a serem revelados em um futuro distante. Além disso, o identificarmo-nos com a Verdade não pode ser um simples exercício filosófico. A Ciência Cristã recomenda que vivamos o nosso eu espiritual, as nossas qualidades divinas, ativamente — todos os dias, a toda hora.
Como é que nos identificamos com a Verdade? A pessoa que se identifica com a Verdade vive de acordo com as leis ou verdades espirituais. Reconhece como verdadeiros apenas os fatos espirituais de Deus, do homem e do universo. E nega energicamente o que os sentidos materiais informam. Aceita o bem — nunca o mal — como o único poder. Admite como verdadeiros os fatos espirituais subjacentes a qualquer desafio e nega a fraude mortal.
O que acontece quando nos identificamos com a Verdade — quando pensamos em nós mesmos como sendo espirituais e vivemos de acordo com os fatos espirituais? Um aparelho de televisão nos dá uma pista útil. Quando está na tomada, ligado e sintonizado, a cena que está em ação no local de origem é vista no tubo de imagem. De maneira similar, quando o pensamento de uma pessoa está em sintonia com a ação que emana do divino, sua verdadeira origem, aquilo que está acontecendo na Verdade, é visto cada vez mais na qualidade daquilo que a pessoa pensa e faz. Torna-se uma testemunha da verdade do ser. Sua vida torna-se gradualmente mais semelhante à divina e mais livre das cargas impostas ao homem adâmico, mítico e sem origem.
Identificarmo-nos com a Verdade significa aliar-nos à realidade, a única lei, o único poder. Tal modo de pensar traz à nossa experiência a harmonia, a ordem, a bondade, a saúde e a paz já presentes na Mente, Deus.
Essa disciplina espiritual torna-se um modo de vida. Capacita cada pessoa a imitar o caráter cristão de Jesus, a portar-se de acordo com o Sermão do Monte, e a efetuar as curas que são os frutos naturais e inevitáveis do pensamento espiritual.
O estado de consciência que resulta de tal identificação consciente e disciplinada é o que Jesus chamou o reino do céu. Vivendo de acordo com nossa identidade verdadeira, podemos sentir, sem errar, que vivemos realmente nesse reino. Podemos invocar suas leis e ver que se dissipam as ilusões de um suposto poder oposto.
Identificar-nos com a Verdade é algo que se nos exige o tempo todo, uma ocupação agradável e que satisfaz. Tal como Jesus, precisamos cuidar dos negócios de nosso Pai, os negócios de dar testemunho exclusivamente de uma causa única, Deus. Nossa ocupação é ser Sua imagem e semelhança e conseqüentemente gozar de um estilo de vida mais elevado agora mesmo.
A sr.a Eddy resume isso do seguinte modo: “A renúncia a tudo o que constitui o assim chamado homem material, e o conhecimento e a consecução de sua identidade espiritual como filho de Deus, é a Ciência, que abre as próprias comportas do céu, donde o bem flui a todos os canais do ser, limpando os mortais de toda impureza, destruindo todo sofrimento, e demonstrando a verdadeira imagem e semelhança. Não há outro meio sob o céu pelo qual possamos ser salvos, e o homem possa se revestir de poder, majestade e imortalidade.” Miscellaneous Writings, p. 185.