Neste mundo que progride rapidamente, cada dia pede novas energias, novas forças, novas iniciativas. Consultando os sentidos materiais, talvez exclamemos: “Como posso continuar? Falham-me as energias, minha força se foi.” Mas o que é que nos está dizendo isso? Não é a Verdade, mas o erro, o erro de se crer que o homem é um mortal, que da matéria obtém força e que sua vida está limitada pelo tempo e pelo físico. O homem que Deus criou nunca é vítima de excesso de atividade ou da pressão das circunstâncias.
Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science — pronuncia-se: kris’tiann sai’ennss., diz em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Sintamos a energia divina do Espírito, que nos leva à renovação da vida e que não reconhece poder algum, mortal ou material, como capaz de praticar alguma destruição.” Ciência e Saúde, p. 249;
Que é essa energia? Uma definição de energia é “força de expressão”. Como a expressão que Deus dá de Si mesmo, o homem exibe a vitalidade, a força e a confiança do Espírito e essas qualidades são espirituais, não materiais. Outra definição é “poder inerente; capacidade de agir”. Como reflexo de Deus, o homem é espiritual; ele manifesta a capacidade que Deus tem de agir. Ele não é um mortal finito, paralisado por inaptidão e indecisão; nunca, em situação alguma, se encontra desamparado; nunca é a vítima das circunstâncias, nunca é o joguete da sorte.
Reconhecer a união que há entre Deus e Sua idéia é permitir que o Princípio divino que governa o universo, seja a lei de nosso ser. Então reconheceremos essa lei divina sempre presente como estando a modelar e a controlar cada detalhe de nossa existência atual, desenvolvendo dentro de nós indizíveis capacidades para o bem. É preciso que se torne claro para nós que o homem não é uma entidade separada que reflete o Espírito. Ele é a própria manifestação que o Espírito tem de Si mesmo. Daí sua capacidade ilimitada de sentir o bem e de usufruir do bem.
Não é o suficiente falar nessa energia. Temos de senti-la — deixar a energia do Espírito jorrar através de todo nosso ser, deixá-la envolver e permear tudo o que nos diga respeito — nossa igreja, nossa saúde, nosso lar, nossos negócios. “A energia divina do Espírito” — o Espírito fazendo jorrar sua própria onipotência, onipresença, onisciência! De que modo podemos deixar que essa energia divina predomine? Voltando-nos diretamente para a realidade básica e fundamental da totalidade de Deus, o fato da unidade absoluta entre o Princípio e sua idéia, uma unidade que não pode ser cindida e que constitui e inclui tudo quanto existe. Precisamos de tal maneira viver na contemplação consciente e perpétua dessa verdade espiritual, que ela se torne cada vez mais substancial para nós, não importa quais possam ser as circunstâncias ou as situações aparentes.
A energia divina do Espírito não admite nenhuma protelação, nenhum atraso. O Espírito age no agora sempre presente. A ocasião de Deus para manifestar todo o bem é sempre agora e sentir a energia divina do Espírito é trazer à nossa vivência o agora sempre presente da eternidade.
Não há dois universos, não há dois estados e condições do ser, um espiritual e outro material. Exatamente aqui o Espírito é Tudo-em-tudo, perpetuando sua própria harmonia e estabelecendo sua própria supremacia.
Então o que é que nos diz que possa ser de outra maneira? O que é que nos diz que a matéria é substância e que estamos vivendo num universo material, restringidos pela matéria e a ela inteiramente presos? É a neblina da falsa crença, que a sr.a Eddy denomina mente mortal. A neblina não tem substância. Parece torcer e obscurecer aquilo que é real, mas nunca o modifica.
E a neblina também não é capaz de resistir. Ela se dissipa com o sol e o vento. Da mesma maneira, a ilusão de que a matéria é real e que forma suas próprias condições e dita suas próprias exigências, se desvanece ante o poder e a luz da compreensão espiritual. A neblina do que é físico se dissolve sob o brilho solar da Alma.
No livro Ciência e Saúde, a sr.a Eddy escreve: “Envoltos nas brumas do erro (o erro de crermos que a matéria possa ser inteligente para o bem ou para o mal), só podemos conseguir claros vislumbres de Deus quando a neblina se dispersa, ou se torna tão tênue que percebemos a imagem divina em alguma palavra ou ato que indique a verdadeira idéia — a supremacia e a realidade do bem, a nulidade e a irrealidade do mal.” ibid., p. 205;
Notemos as alternativas que se apresentam aqui: a neblina que se dispersa, ou a neblina que se dissipa até que “se torna tão tênue que percebemos a imagem divina em alguma palavra ou ato que indique a verdadeira idéia”. Que terno alento nossa Líder nos dá nesse trecho! Aprendemos de suas palavras a não desanimar em nossa demonstração, ou relaxar em nossos esforços, se a neblina ainda não se tiver dissipado inteiramente. Em vez disso verificaremos que ela estará se tornando cada vez mais tênue à medida que a inspiração, a compreensão e o amor crescentes inundarem o nosso pensamento.
As vezes julga-se que qualidades tais como a gratidão, a coragem, a compaixão, a honestidade, a esperança e assim por diante, são boas qualidades humanas que indicam que a mente humana pode ser ou não ser boa em si mesma. Mas será que isso realmente acontece assim? Não será, antes, que essas qualidades mostram que a assim chamada mente humana está se tornando tão tênue que a idéia espiritual brilha cada vez mais através dela e que o humano está cedendo ao divino?
A ciência da física atribui energia à matéria e confere a ela a capacidade de agir e de restringir a ação. Mas a verdadeira energia é a atividade do Espírito. Temos energia porque refletimos Deus, não porque sejamos fisicamente robustos e sadios. Do mesmo modo, nunca podemos perder nossa energia, porque o homem não tem, de si mesmo, uma existência separada. Ele reflete Deus, que é Vida e Amor infinitos. O Amor é Vida e o Amor é a energia divina. Não podemos ter a energia do Espírito, sem a motivação do Amor. O Amor é o poder sanador na Ciência Cristã. Sem Amor não há nada.
O Amor é o Princípio divino. Destrói o erro; não lhe é tolerante. O Amor é infinitamente compassivo, vigoroso, terno, bondoso. No livro Miscellaneous Writings, a sr.a Eddy diz: “O Amor divino faz com que os mortais se volvam finalmente dos sepulcros abertos do pecado, e não mais olhem para dentro deles como se fossem realidades.” Mis., p. 292; O Amor divino esquadrinha os escaninhos escuros do sentido. Sua penetração infinita rompe o mesmerismo, destrói a crença de haver prazer no pecado e dissipa a neblina da sensualidade e da luxúria. Faz com que os mortais abandonem o pecado e o subjuguem. O Amor divino brilha através da neblina do materialismo e faz com que as sombras chamadas pecado, doença e morte se dissipem.
Vigiemos e oremos para refletir esse Amor em todos os nossos pensamentos, ações e sentimentos. Então a energia divina do Espírito nos levará verdadeiramente a uma renovação da vida que encontra o seu tudo na capacidade inexaurível e sempre presente que tem o Amor para abençoar.
A humanidade percebeu no Mestre a idéia espiritual de Deus expressa no homem, Jesus. O Cristo, a Verdade que ele viveu e ensinou, era a divina energia do Espírito que dissipava a neblina do materialismo e efetuava as obras portentosas. Hoje em dia o Cristo continua dispersando a neblina para que a humanidade possa perceber a idéia espiritual na plenitude de sua Ciência divina e se regozije com os seus benefícios.
Os Evangelhos proporcionam apenas ligeiros vislumbres da vida pessoal do Mestre, no entanto, à medida que os lemos, quase que podemos caminhar com ele nas suas rondas diárias. Podemos vê-lo enquanto as multidões o apertavam, os fariseus o interrogavam, as sinagogas o escutavam, quando ele expurgava o templo, e os discípulos aprendiam dele e incredulamente testemunhavam seu poder.
Uma coisa se destaca — a inexorável insistência de Cristo Jesus na obediência à lei do Princípio divino. Ele mesmo vivia de acordo com essa lei, e o exigia dos seus discípulos. E sob as pressões que o dia lhe impunha, ele vivia acima da tensão e da agitação. Passava longas noites em solidão e oração. Podemos estar certos de que essas orações do Mestre não eram débeis afirmações da verdade, nem eram tímidas súplicas por ajuda divina para levar adiante sua missão. Eram vigorosos protestos contra o clamor dos sentidos, convicções profundas da unidade existente entre Deus e o homem. Nossas orações têm de ser iguais. A questão se resume não só em havermos dito ou não umas poucas palavras que afirmam a totalidade de Deus, mas sim em crermos nessas afirmações, com tal convicção que permanecemos absolutamente imperturbados por aquilo que os sentidos materiais nos dizem. Mediante a humildade e a obediência precisamos nos elevar a esse ponto; precisamos sentir a energia espontânea e a grandeza sem esforço inerentes ao Espírito.
A transfiguração de Jesus foi uma experiência maravilhosa. Escalou de tal maneira o monte da revelação, que os discípulos que estavam com Jesus sentiram como nunca dantes a presença do Cristo. “O seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz” — “brancas, como nenhum lavandeiro na terra as poderia alvejar.” Mateus 17:2; Marcos 9:3; Não teria sido esta a contraparte da revelação subseqüente de João sobre um “grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos pés,” Apoc. 12:1; a predizer o advento da Ciência divina? Foi um momento de glória que as palavras não podiam descrever, um momento de Ciência pura, um vislumbre da eterna realidade do ser, da unidade de Deus com Sua idéia. Foi um vislumbre tão maravilhoso que a sabedoria lhes pediu o abrigassem com carinho. Era preciso que crescessem ainda mais em estatura espiritual quando testemunhassem a ressurreição.
É interessante notar que aqueles que passaram por essa iluminação, ao descerem do monte, viram-se confrontados pelo clamor e o tumulto daquele caso que os discípulos não puderam curar. Temos nossos momentos de iluminação quando a radiação da Ciência está tão clara, tão cintilante, que sabemos nada mais existir, e também nós, às vezes voltamos do momento de exaltação para nos vermos confrontados por um caso que aparentemente somos incapazes de curar. É em tais ocasiões que precisamos lembrar-nos que Jesus, diante da pergunta dos discípulos: “Por que motivo não pudemos nós expulsá-lo?” — respondeu: “Por causa da pequenez da vossa fé.” Ele não disse “da vossa incredulidade”; os discípulos não descriam do seu Mestre; a pequenez da sua fé apontava a falta de suficiente compreensão espiritual. Daí as palavras de Jesus: “Esta casta não se expele senão por meio de oração e jejum” — a abstenção total do testemunho dos sentidos. V. Mateus 17:19–21;
Esses momentos exaltados em que a Verdade se desdobra são as “cousas ocultas desde a criação” 13:35. — verdades poderosas, hoje reveladas na Ciência do Cristianismo. Foi a angústia da crucificação que preparou os discípulos para a glória da ressurreição, a qual os convenceu da Verdade. Façamos com que nossos momentos de luta nos ajudem para que “sintamos a energia divina do Espírito, que nos leva à renovação da vida”.
Foi isso que nossa Líder fez. Ela atravessou o Mar Vermelho e o deserto ao dar à humanidade a revelação, e ela demonstrou a Ciência dessa revelação nas curas extraordinárias que efetuou. No seu trabalho de cura ela não se orientava por hipóteses. Esse trabalho era a demonstração do Princípio infalível, o fruto de sua convicção absoluta de que Deus não conhece o mal. Ela nos ensinou que para o poder divino não há nada demasiadamente difícil de ser curado, nenhum caso excessivamente adiantado, nenhum pecado demasiadamente renitente. Ela sentia e exercia a energia do Espírito e provou que essa era a energia do Amor — a capacidade infinita e sempre acessível do Amor divino para agir.
Os tempos atuais não permitem esforço frouxo, nem protelações, indiferença, ou indolência. Temos de encontrar nosso descanso na oni-ação de Deus, na certeza de que a graça divina é suficiente, seja qual for a exigência. A energia do Espírito é a capacidade infinita da Mente imortal para agir.