Em várias ocasiões, após tomar conhecimento de acontecimentos alarmantes no país onde vivem meus parentes — acontecimentos tais como seqüestros, assassinatos e carência de gêneros de primeira necessidade — meus pensamentos ficavam tomados de medo. Também sentia-me intolerante para com aqueles que deviam manter a ordem e não o conseguiam, e tinha ódio contra os terroristas que eram os causadores de tanto sofrimento.
Como estudante de Ciência Cristã, sabia que esses pensamentos tão negativos não ajudariam de modo algum aqueles que eu tencionava ajudar, e precisavam ser corrigidos.
Ao ouvir falar sobre a situação alarmente em que minha família se encontrava, em face das hostilidades de guerrilhas e seus mentores, decidi voltar-me a Deus em busca de auxílio, em vez de entregar-me ao medo e ao ódio. A Bíblia e os escritos de Mary Baker Eddy tornaram-se minha fonte de tranqüilidade, força e amor para com cada um naquele país turbulento.
No livro Ciência e Saúde, de autoria da sr.a Eddy, encontrei o seguinte trecho: “A prática científica cristã começa com a nota tônica da harmonia apresentada por Cristo: «Não temais!»”Ciência e Saúde, p. 410; De início, parecia-me impossível livrar-me do medo. Mas tive que reconhecer que, se não começasse desde o início, não conseguiria a paz de espírito que vem do conhecimento de estar tudo realmente bem com cada um e com cada coisa.
Cristo Jesus nunca insistia com seus discípulos ou pacientes para que fizessem algo que não podiam fazer. O que eu podia e devia fazer, pensei, era obedecer firme e honestamente o primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim.” Êxodo 20:3;
Pela primeira vez entendi claramente as implicações das palavras desse mandamento. Ao declarar que não tenho outros deuses senão Deus, estou dizendo que não aceito outra presença ou poder além do dEle. Aprendemos na Ciência Cristã que Deus é Uno, onipotente e onipresente. Conseqüentemente não pode haver outra realidade a ser escolhida ou que nela se creia, nem poder de natureza oposta a Deus e em competição com Ele.
Cônscia da totalidade de Deus, não mais temi as assim-chamadas forças do mal, porque pude ver que elas não tinham energia, inteligência, organização, ou representantes pessoais capazes de destruir ou ferir a Deus, Sua criação (neste caso, minha família), ou Sua lei.
Em outra ocasião as palavras de Paulo “nele vivemos, e nos movemos, e existimos” Atos 17:28;, trouxeram-me grande calma. Ora, a isso Paulo não acrescentou: “contanto que estejamos em terra favorável no momento acertado.” Um ponto geográfico qualquer é onde as teorias mortais querem colocar indivíduos e acontecimentos. Mas o homem real não é um mortal, nem está vivendo na materialidade.
A sr.a Eddy nos concede uma explicação demonstrável disso ao dar-nos “a exposição científica do ser” no livro Ciência e Saúde. Em parte, lê-se: “O Espírito é Deus, e o homem é Sua imagem e semelhança. Por isso o homem não é material; ele é espiritual.” Ciência e Saúde, p. 468;
Essa exposição ajudou-me a compreender que Paulo, sem dúvida alguma, quis dizer que vivemos no Espírito, Deus, o bem, não importa em que parte da terra estejamos. Ao saber que Deus é onipotente e todo harmonioso, e que o homem é Sua imagem e semelhança exata, podia eu estar segura de que tudo o que então realmente é verdadeiro acerca de Deus e de mim, é também verdadeiro sobre cada criança, mulher e homem no Vietnã, na Irlanda ou na América do Sul. E a orientação e a proteção de Deus, sabia eu, são sempre universais e imparciais.
A dificuldade que as autoridades encontram, ao tentar controlar os distúrbios e aliviar os sofrimentos em certas áreas, dá a impressão de que realmente existe uma situação alarmante ou até desesperadora. Quando percebi que estava aceitando esse quadro em relação a meus parentes, lembrei-me do relato no Gênesis, no qual Eva consentiu em deixar-se ludibriar pelos argumentos da serpente quanto a por que deveria comer o fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal. Esses argumentos lhe pareciam lógicos, e, como conseqüência, ela desobedeceu a Deus.
Eu estava a transgredir o primeiro mandamento porque estava aceitando a existência de uma situação causada por um poder à parte de Deus, presumindo que o mal tivesse desalojado a Deus e estivesse em controle da situação no momento. Esse quadro mental fora pintado pelos sentidos materiais, que só são capazes de perceber materialidade e falsidade. Constatei que eu não tinha direito de lamentar-me, ou de esperar que a polícia, o exército, ou as guerrilhas mudassem, sem primeiro eu corrigir minha maneira de encarar a situação.
Alguém pode perguntar-se: “Como pode a oração prover segurança para outras pessoas ou contribuir para resolver algum problema complicado e enorme?” Para evitar sua destruição, o mal quer impor-se a nós, disfarçado como se fosse nossas próprias dúvidas. Porque Deus é a Verdade e é onipotente, nossa compreensão e confiante afirmação da verdade tem de ter grande força.
Veio o momento em que me senti plenamente consciente da presença de Deus e de Seu poder. Sabia que tanto eu como os outros estávamos sempre protegidos. Mas de repente pensei naqueles que eu nunca havia considerado como sendo “dos meus”, a saber, os guerrilheiros, aqueles responsáveis por tantas tragédias. Foi-me muito difícil incluí-los na oração que expressava um amor puro e sincero pela humanidade.
Mas, se Deus ama igualmente a todos os Seus filhos, concluí, quem sou eu para considerar certos indivíduos como excluídos de sua filiação divina? Era muito necessário corrigir meu ressentimento e encontrei a solução na Oração do Senhor, principalmente onde diz: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal” Mateus 6:12, 13;. Minha grande tentação era não querer perdoar e era vê-los como criminosos, em vez de como filhos de Deus, espirituais e perfeitos. Orei para ser libertada desse erro e para que os terroristas também fossem libertados do impulso que os fazia recorrer antes à violência do que à razão.
O resultado de minhas preces e estudo foi, para mim, manifestado em maior tranqüilidade e, para meus parentes, que também praticam a Ciência Cristã, em ajuda na demonstração de proteção e progresso diante de condições adversas e perigosas. Uma outra conquista para mim, resultante dessa experiência, foi a compreensão da grande necessidade de manter-me alerta para conservar o conceito correto de Deus e do homem a despeito de qualquer notícia má que possa vir a meu conhecimento.
Através da confiança em Deus e com a oração científica, terna, todos nós podemos ajudar a acelerar a aproximação da humanidade ao momento descrito da seguinte maneira em Ciência e Saúde: “«O seu reinado não terá fim», pois o Cristo, a idéia de Deus, regerá finalmente todas as nações e todos os povos — de modo imperativo, absoluto e definitivo — com a Ciência divina.” Ciência e Saúde, p. 565.
