Tome um elástico, ou uma tira de borracha, e puxe as duas extremidades. O resultado é tensão. Estique um tecido para revestir uma cadeira, estire a vela de um barco ou ponha pressão nos pneus do carro e terá produzido tensão.
Mas quando as pessoas se queixam de estar sofrendo de tensão, e anseiam por alívio, a que se referem? Estão falando sobre uma forma diferente de tensão. Embora resulte freqüentemente em condições físicas dolorosas, sua origem é mental e emocional. Ainda assim, provém do exercício aparente de uma força contra outra. Essa tensão pode ser curada porque na realidade espiritual não há dois poderes, mas um só, o poder de Deus.
Na Ciência Cirstã a cura da tensão, seja no caso de um distúrbio mental ou no de dor física, produz-se por meio da compreensão e da demonstração do fato de que o homem, a imagem de Deus, sendo espiritual e não material, não pode ser colhido pela tração de duas forças opostas.
Por quê? Porque em verdade não há poder material oposto a Deus, o Espírito — não há poder capaz de exercer tal tração. Sua pretensão ilusória a existir e a exercer força é descrita na Ciência Cristã como magnetismo animal, o oposto hipotético do poder e da atração do Espírito. A Sr.a Eddy escreve a esse respeito: “O magnetismo animal não tem fundamento científico, porque Deus governa tudo o que é real, harmonioso e eterno, e Seu poder não é nem animal nem humano.” Ciência e Saúde, p. 102;
Na experiência humana, a tensão incômoda ocorre quando certos estados do pensamento mortal a provocam. À medida que a totalidade e a oni-ação do Espírito começam a ser compreendidas, não só é possivel, mas até necessário, reconhecer esses estados mentais. Então é possível vencê-los e descartá-los para se obter a liberdade.
O temor e a vontade humana são os principais causadores da tensão. O temor sempre indica a crença em mais de um poder — num poder além de Deus ou separado dEle. A crença na vida material separada da Mente infinita e divina, o Espírito, induz imediatamente o medo de sermos ineptos. Diz-nos que não podemos sequer satisfazer as exigências deste sentido finito de vida.
As limitações de tempo, espaço e personalidade assumem então proporções ameaçadoras. Parecem ter poder de impedir uma realização ordeira daquilo que precisa ser feito, e somos tentados a crer que sejamos uma mente pessoal em um corpo material, um entre muitos, exercendo pressão, ou sendo pressionados.
E o que dizer da vontade humana? Parte da definição que a Sr.a Eddy dá sobre “vontade” (no significado material da palavra), diz: “A força motriz do erro; crença mortal; força animal.” ibid., p. 597; É a pretensão de que o homem mortal tenha energia e inteligência à parte de Deus, com que possa forçar o cumprimento do que pretende fazer. Seus fins podem às vezes ser bons, mas isso não altera o fato de que a vontade humana exerce tensão, a menos que esteja empregada em subordinção consciente à Mente divina. Do contrário será, como o temor, parte da pretensão de que há dois poderes em ação.
Eis uma pequena ilustração. Em certa época era-me freqüentemente necessário memorizar com rapidez trechos musicais difíceis. Isso não era o meu forte. Assim, temerosa de não conseguir realizar a tarefa a tempo, obrigava-me a fazê-lo através de pura determinação. Essa atitude resultava em dores de cabeça muito intensas. Eram tão fortes que me levaram finalmente a perceber que eu me infligia essas dores por meio do medo e da vontade humana.
Desde então encontrei maior liberdade de tais tensões quando tive de executar tarefas difíceis em pouco tempo. Tornou-se-me claro que, por mais pressionada que uma pessoa possa estar, sempre há alguma coisa que pode fazer. Se dispomos de tempo para um só momento de pensamento calmo, nesse momento podemos volver-nos mentalmente do quadro material. É sempre possível aproveitar esse momento para reconhecer o único poder e presença, que é Deus.
Cristo Jesus, antes de fazer frente às necessidades das multidões, subia a um monte a fim de orar. O cume do silencioso reconhecimento da presença de Deus nos é sempre, instantaneamente, acessível. Pode parecer que temos só um momento para lá estar. Mas nesse momento temos tempo de lembrar que Jesus disse: “Eu desci do céu não para fazer a minha própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou.” João 6:38; Atendendo a essa vontade, quão poderosamente Cristo Jesus aliviou o distúrbio e a tensão daquele homem na terra dos gadarenos, a quem ninguém podia conter! Seguindo seu exemplo, podemos cooperar para aliviar a outros e a nós mesmos.
Muitas pessoas procuram alívio da tensão dolorosa através de vários tipos de calmantes. Os balcões das farmácias estão repletos deles. Os anúncios comerciais no rádio e na televisão instam com o público a encontrar repouso por meio deles. Ainda assim, reconhece-se geralmente que, mesmo acalmando temporariamente a aflição, esses meios químicos não removem a causa básica.
A amortecida e transitória supressão da tensão que um calmante propicia, é totalmente diferente da remoção da tensão através da oração segundo a Ciência Cristã. Quem quer que tenha obtido alívio por meio dessa influência sanadora, sabe qual é a diferença. A paz que acompanha o rompimento de uma ilusão mesmérica é algo inconfundível. Uma sensação de serenidade toma o lugar da tensão na vida e no trabalho. E nisto, diversas exigências encontram atendimento adequado.
A Sr.a Eddy escreve: “Obterei predomínio no lado do bem, meu verdadeiro ser. Somente isso me concede as forças de Deus com as quais se pode vencer todo erro. Nisso assenta a fé irrestrita gerada pela Ciência Cristã, que invoca, de modo inteligente, o testemunho da espiritualidade e da individualidade do homem, para desdenhar os temores e destruir as discórdias dessa personalidade material.” Miscellaneous Writings, pp. 104–105.
As forças que Deus institui são forças, não de opostos geradores de tensão, mas de qualidades divinamente estabelecidas. Estas, inerentes à Mente divina, tornam-se evidentes na serenidade e no equilíbrio daqueles que, conscientemente, afirmam sua unidade com o único poder, que é o Espírito, Deus.
Ora, o mundo passa,
bem como a sua concupiscência;
aquele, porém, que faz a vontade de Deus
permanece eternamente.
1 João 2:17