Não precisarás nunca sentir-te tolhido — pelo teu emprego, pelas tuas relações pessoais, finanças, ou falta de oportunidade, de ser a pessoa grandiosa que sabes que és. Tua identidade é realmente espiritual. Em verdade, ela está livre dos constrangimentos da vida humana que querem cercear a todos nós.
Houve épocas, tanto antes como depois que Mary Baker Eddy descobriu a Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), em que ela deve ter-se sentido cerceada pelo ambiente limitado das suas circunstâncias humanas. Por exemplo, quando era mulher ainda jovem, mas já viúva, com um menino a cuidar, escreveu o seguinte numa carta: “Tenho a impressão de que preciso começar alguma coisa neste verão, se minha saúde o permitir. ... Quero aprender a tocar piano de maneira que possa ir ao sul e ensinar. Isso é tudo o que alguma vez serei capaz de fazer, e uma vez realizado serei independente. ... Ó, como desejaria ter tido um Pai que estivesse sempre disposto a deixar-me aprender alguma coisa. ...” Robert Peel, Mary Baker Eddy: The Years of Discovery (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1966), pp. 82–83;
Como foi que a Sra. Eddy saiu dessa vida de possibilidades estreitas que a provinciana Nova Inglaterra lhe pudera oferecer? Bem, não saiu imediatamente — não saiu ainda por longo tempo, não antes que não tivesse experimentado inumeráveis alegrias e sofrimentos que a vivência de cada dia proporciona ao ser humano.
O que foi que agiu dentro da Sra. Eddy e a pôs a caminho de uma crescente expansão de realizações? Ela dá parte da resposta nestas palavras, em sua autobiografia: “Já desde a infância eu me sentia impelida pela fome e sede de coisas divinas — por um desejo de algo mais elevado e melhor do que a matéria, e de algo separado da matéria — a buscar com afinco o conhecimento de Deus como o único grande e sempre presente alívio para as dores humanas.” Retrospecção e Introspecção, p. 31;
Ora, muitos de nós talvez nos sintamos atingidos por alguma coisa que não deu certo — profunda ansiedade em relação a um amigo ou parente, ou medo ou falsa confiança de qualquer outra espécie. Talvez tenhamos a impressão de não sermos competentes para demonstrar a Ciência Cristã tão cabalmente quanto, segundo julgamos, deveríamos demonstrar — a impressão de que estamos demasiadamente a braços com nossa própria imaturidade espiritual. Mas vejamos as palavras com que a Sra. Eddy descreve a disposição de ânimo que a tornou receptiva para acolher a Ciência Cristã demonstrável: fome, sede, desejo, busca. São muito simples, e ao mesmo tempo animadoras.
É lógico, cada um de nós é diferente, mas será que Deus não prepara o caminho também para nós? Será que Ele não alarga as possibilidades de nossa vida, que não nos faz subir mais, que não nos dá motivações mais espirituais, o nosso próprio palco e a nossa própria audiência, dotando-nos de nossas próprias habilidades e realizações individuais? Não se fará sentir Sua influência na nossa vida interior quando também nós sentimos fome, sede, desejo e estamos a buscar?
No entanto, a expansão de nossa vida não se processa em base material — ou seja, em prazeres mundanos sem fim. Não é necessariamente uma vida rica em pães e peixes materiais. Não! Ela é um sentido espiritual aprimorado do ser, a alegria da vida que não está na carne, mas em Deus.
A descoberta da Sra. Eddy dá à humanidade uma visão prática do mundo, pela qual ninguém precisa sentir-se constrangido por circunstâncias infelizes. Essa descoberta mostra que toda mortalidade e toda materialidade são um conceito mental errôneo, a projeção de um modo de pensar ignorante, assustado. Para além dessa aparência falsa — ou melhor, em lugar dela — está o brilhante universo do Espírito divino. Na Bíblia, é descrito como o novo céu e a nova terra.
A Sra. Eddy explica este universo espiritual como a expressão do Princípio divino infinito, historicamente chamado “Deus”, porém anuviado por um conceito antropomórfico sobre a Divindade. Essa percepção inspirada surgiu da ação direta da Verdade divina e do Amor divino na sua consciência. Ela resumiu-a num método compreensível e viável. Então, em 1875, publicou a essência dele na primeira edição de seu livro que agora é conhecido pelo título de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras.
O círculo no qual se desenvolvia a vida da Sra. Eddy, durante todos esses anos, era ainda bem pequeno. De início, quando descobriu a Ciência Cristã, morava na pequena cidade costeira de Swampscott, no estado de Massachusetts, ao norte de Boston. Embora estivesse na metade dos seus quarenta anos, ela realmente ainda não se havia libertado inteiramente de certa tristeza por laços familiares que se desfaziam. Mesmo durante os dez anos em que viveu na vizinha cidade de Lynn, produto da revolução industrial, e onde dormiu por algum tempo num pequeno quarto de sótão, o pensamento humano aparentemente ainda não se achava suficientement amplo ou leal para aninhar a verdade que ela acalentava.
Não! Enquanto ainda vivia em Lynn, sua Igreja propriamente dita foi fundada na cidade de Boston, que os “modestos” bostonianos chamavam “o Eixo do Universo” e “a Atenas da América”. E foi a essa Atenas que ela se dirigiu para proclamar que o Deus misterioso, desconhecido, era preeminentemente cognoscível. Aí ela predicou; e aí, durante cerca de dez anos na década de 1880 ela foi um pastor polêmico — e popular.
Acaso não havia Deus ampliado a esfera de ação de sua vida e lhe proporcionado uma plataforma nos corações e nas mentes dos ouvintes para aceitarem seu livro e a verdade que ela deu ao mundo?
Revolucionária espiritual, a Sra. Eddy viu e progressivamente comprovou que o campo de ação da vida é inteiramente mental, que é a substância do bem, o Espírito. Ela viu que toda a criação, inclusive o homem, é espiritual e sem jaça; que a criação existe só na Mente divina e única, e pertence a essa Mente divina e única, a Deus. Tudo quanto é real existe de modo subjetivo na Mente divina. Isso significa que Deus conhece a todas as identidades como Suas próprias idéias, inclusive a ti e a mim, ainda que não como mortais. Toda atividade que existe, é aquela em que Deus conhece a Si Mesmo.
Na imitação espúria que a chamada mente mortal faz da Mente divina, há sonhos de pecado, falsos prazeres, doença, morte, medo, frustração, psicose — os quais se denominam realidade inquestionável. Todavia, pela ação da Verdade divina a trabalhar dentro da consciência humana, essa mente falsa e imitativa pode ser ensinada a sair, passo a passo, para fora dela mesma.
Cada um de nós tem progressivas oportunidades de curar, dentro da própria consciência, toda espécie de problemas que lhe chegam — e esta cura pode se verificar até mesmo se a dificuldade parece estar fora de sua própria consciência. Como? Ao ver que a mente mortal é irreal e que sua pretensão de estar fragmentada em muitas mentes também é irreal. Só existe a totalidade do Espírito, Deus, a Mente única.
A vida humana altera-se e aprimora-se, faz-se satisfeita e útil, mediante a ação da Verdade divina na consciência individual. Nossa vida não se torna melhor por tentarmos mudar a de outros, mudar de um lugar para outro, ganhar mais dinheiro, aplicar remédios, estímulos físicos, sedativos — por qualquer ação externa. A experiência humana torna-se progressivamente melhor quando mudamos nosso próprio pensamento — substituindo conceitos mentais errôneos pelas verdades da Mente divina. E isso não significa apenas lutar consigo mesmo. Significa permitir que o Cristo, a Verdade, obre em nós, revelando o nosso ser perfeito.
É por isso que a Sra. Eddy escreveu no livro Unity of Good, pouco antes de finalizar os anos de pregação em Boston: “Tudo é tão real quanto o fizeres, e não mais. O que vês, ouves e sentes, é um estado de consciência, e não pode ter outra realidade que o conceito que entreténs a esse respeito.” Mas ela continua, duas páginas adiante, para dar-nos a verdade absoluta do ser: “A Vida é Deus, ou Espírito, o eterno supersensível. O universo e o homem são os fenômenos espirituais desta Mente única, infinita.” Un., pp. 8, 10;
Menos de dois anos após a publicação de Unity of Good a Sra. Eddy parou de predicar, suspendeu suas aulas, fechou seu colégio e dissolveu sua Igreja. Nessa época retirou-se para uma casa que tinha goteiras, em Concord, no estado de New Hampshire, a fim de aprimorar a afirmação da verdade contida em Ciência e Saúde sem de maneira alguma alterar-lhe a substância. Dentro daquelas paredes deu-se uma reformulação mais ampla de sua afirmação, a qual viria a ter um impacto significativo sobre o mundo da Ciência Cristã que crescia. A tal impacto também contribuiu sua comunhão com Deus, o que a levou a reorganizar a Igreja e a fundar, passo a passo, as inúmeras atividades cujas formas reconhecemos hoje em dia. Assim, a obra da vida da Sra. Eddy continua a ampliar sua esfera até o momento presente.
Como pode cada um de nós usufruir da mais completa bênção proveniente dessa obra ampliada de sua vida? A Sra. Eddy desejou a Verdade acima de tudo. Também nós podemos desejá-la. A Sra. Eddy sofreu para encontrá-la e no-la dar. Nisso temos uma vantagem. Não precisamos repetir sua descoberta da Ciência do Cristo; esta já foi descoberta e a podemos partilhar.
A Sra. Eddy viu que pessoa é capaz de expressar poder, inteligência e pureza a fim de ser uma transparência para a Mente. Também isso podemos ver. Ela nos deu instruções para sermos assim. Podemos segui-las.
Então a esfera de ação de nossas vidas também se ampliará. Abençoaremos toda pessoa com que entrarmos em contato. Tornar-nos-emos mais úteis, mais bem sucedidos na cura. Ficaremos mais aconchegados a Deus.
Segundo a promessa de Cristo Jesus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.” Mateus 5:6.