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A voz interior

Da edição de dezembro de 1986 dO Arauto da Ciência Cristã


Já ouviu você alguma vez a voz interior? Na Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, há muitos relatos sobre o cicio tranqüilo e suave vindo aos homens em som nítido. Por exemplo, Abraão ouviu-o a tempo de salvar a vida do filho, Isaque. Moisés ouviu-o junto à sarça ardente e Pedro o ouviu enquanto estava preso, como se fora uma voz angelical a mostrar-lhe como sair da prisão.

Para algumas pessoas, talvez essa voz se identifique como consciência. Para outras, como intuição. Na realidade, é a voz do Cristo, a Verdade, que fala a cada um de nós. Todos temos a capacidade de reconhecê-la e de reconhecer seu efeito sobre a humanidade.

O Cristo vindo à humanidade tem o propósito de curar e salvar. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Cristo é a idéia verdadeira que proclama o bem, a mensagem divina de Deus aos homens, a qual fala à consciência humana.” Ciência e Saúde, p. 332. Às vezes se apresenta como sussurro, ou convicção, ou intuição espiritual, impelindo-nos suavemente na direção correta. Outras vezes faz-se forte e clara como som audível.

Sendo professora na Escola Dominical da Ciência Cristã, eu conhecia bem a narrativa bíblica de Samuel e como este ouvira a voz de Deus, pois as crianças na classe gostavam imensamente dessa história.

Antes de Samuel nascer, a mãe dele, Ana, prometera a Deus que, se dEle recebesse um filho, ela devolveria a criança a Deus para servir no Seu ministério pela vida inteira. E assim Samuel serviu ao Senhor, e Deus lhe falou na calada da noite, contando-lhe coisas do porvir. Ver 1 Samuel, caps. 1, 3. Uma das crianças de minha classe da Escola Dominical quis saber por que Deus tivera de chamar quatro vezes até que Samuel atendesse. Uma garotinha sentada ao lado respondeu: “Porque Samuel não sabia que era Deus que estava chamando. Samuel pensava que era outra pessoa.”

E, não se dará o mesmo conosco? Acaso não deixamos de reconhecer a voz de Deus porque damos atenção a outras coisas? Acaso às vezes não ouvimos e respondemos ao bem, mas, noutras, às sugestões do mal? Como reconhecer a diferença?

Quando em dúvida, fiquemos tranqüilos, cônscios de que o ver e o ouvir verdadeiramente pertencem a Deus, a Mente divina. São faculdades da Mente, não da matéria, e é apenas pela Mente que percebemos a Deus e às Suas idéias espirituais perfeitas, percebemos tudo aquilo que é real. As dificuldades surgem quando tentamos, erroneamente, compreender as idéias espirituais por meio do sentido material, pois esse sentido conduz ao erro.

A percepção espiritual nos permite perceber tudo que Deus criou. Se aquilo que ouvimos nos mostra o que perpetua a harmonia para o bem de toda a humanidade, inclusive o nosso, provém de Deus. Se causa dano a alguém, ou se nos incita a procurar na matéria a solução para as dificuldades, provém da serpente, ou do erro, que nos procuraria seduzir e afastar-nos do Cristo. Lembremo-nos de que essa voz falsa não se comunica com o homem, mas com seu próprio conceito errôneo acerca do homem — o nada falando a si mesmo sozinho. O verdadeiro homem só pode conhecer a Deus. Ciência e Saúde declara: “Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo.” Ciência e Saúde, p. 468. Não existe outra mente que fale ou escute.

Os Evangelhos registram várias ocasiões memoráveis em que o Mestre, Cristo Jesus, ouviu a voz de Deus. Mateus diz: “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Mateus 3:16, 17. João nos relata que Jesus, prevendo sua crucificação e inclinando-se humildemente diante do plano que o Pai lhe tinha preparado, disse: “Pai, glorifica o teu nome.” Continua João: “Então veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei.... Então explicou Jesus: Não foi por mim que veio esta voz, e, sim por vossa causa.” João 12:28, 30. A implicação era a de que a mensagem não foi só para aqueles que rodeavam a Jesus naquele momento, mas para todos os que lhe seguem os ensinamentos, em todas as épocas.

A Palavra de Deus, expressa no Cristo vivo, vem sendo glorificada ao longo dos séculos, curando doentes, ressuscitando mortos e expulsando o mal como irreal. Vem por nossa causa, a sua, e a minha. A Sra. Eddy constata-o, ao escrever: “Hoje, se quereis ouvir Sua voz, escutai Sua Palavra e não sirvais a outros deuses. Então se verificará que o Princípio divino do bem, a que chamamos Deus, é ajuda sempre presente em todas as coisas, e a Ciência Cristã será compreendida.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 152.

Em certa ocasião, há mais de vinte anos, eu lutava com um quisto muito doloroso. Impossibilitada de andar, ou mesmo de dormir, passava longas horas em estudo e oração, procurando alcançar melhor compreensão de mim mesma como o homem espiritual, sem prazer ou dor corpóreos.

Na terceira noite, depois de ler a Bíblia e o livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, durante horas, consegui dormir ao redor das quatro horas da madrugada, e acordei alguns minutos mais tarde. Parecia que uma voz me falava, como num som audível e, contudo, como se tivesse surgido dos mais recônditos recessos da consciência espiritual. Ouvi claramante: “Se você conquistasse sua crença em nervos, conquistaria sua crença em dor de qualquer tipo.”

Continuei deitada por mais uns minutos, não querendo deixar desvanecer-se essa maravilhosa paz que me envolvia, pois vi que não havia ninguém no quarto falando comigo. O que eu ouvira fora o Cristo impessoal. Ao estudar nos livros, eu havia examinado muitos aspectos do problema, mas não combatera a crença de que o sistema nervoso transmite dor ou prazer ao corpo. Imediatamente dediquei uns trinta ou quarenta minutos a procurar tudo que a Sra. Eddy diz sobre “nervos”, usando a Concordância para os seus livros.

Minha coexistência com Deus ficou focalizada mais claramente, e compreendi pela primeira vez que Deus não estava falando lá de longe, e eu ouvindo cá em baixo, mas que na verdade eu era inseparável dEle, sempre a refletir Sua bondade e pureza. Percebi que Deus e o homem existem como uma só substância, não duas, mas que, não obstante, Deus se distingue de Sua idéia, o homem. Os nervos, aliás, a matéria, não têm mente. Portanto, não têm inteligência para dar ou para receber mensagens. A única comunicação ou conexão que eu podia ter era a de minha unidade espiritual com Deus como Sua idéia.

Ao terminar de ler a última referência, tive a necessidade urgente de levantar da cama. Estando de pé, senti enorme alívio. Eu havia sido instantaneamente curada do que fora um problema crônico. Então preparei a refeição da manhã para minha família e nunca mais me defrontei com esse problema. A voz interior permaneceu comigo por todos esses anos como fonte segura de orientação, direção e proteção.

Com essas experiências, no entanto, não se indica que a voz interior vem através de clarividência, ou que envolve espiritismo e que este tem algum mérito. Muito ao contrário! Uma pessoa jamais pode ser médium para outra — presente ou finada — pois o homem de Deus é a expressão do Espírito somente. O homem nunca esteve, nem está, nem jamais estará conectado com a matéria, de nenhuma forma. Na realidade, a consciência humana que é a mais receptiva à percepção espiritual é a que abandona seu apego à matéria e se empenha por alcançar o Espírito.

Todos temos a capacidade de ouvir a voz interior, por causa de nosso elo indissolúvel com o Espírito. Ciência e Saúde explica: “O estar familiarizado com a Ciência do ser habilita-nos a comunicar-nos mais amplamente com a Mente divina, a prever e predizer acontecimentos concernentes ao bem-estar universal, a ser divinamente inspirados — isto é, a alcançar a esfera da Mente ilimitada.

“Compreender que a Mente é infinita, não limitada pela corporalidade, não dependente do ouvido para ouvir, da vista para ver, nem dos músculos e dos ossos para se locomover, é um passo rumo à Ciência-da-Mente, pela qual discernimos a natureza e a existência do homem.” Ciência e Saúde, p. 84.

A cura científica, para a qual não há recaída nem inversão, resulta com naturalidade da compreensão espiritual e da oração. A Ciência Cristã ensina que orar é muito mais do que suplicar para ter condições melhores, ou para receber aquilo que cremos faltar-nos. Também não é repetir de modo oco as afirmações da verdade. É unificarmo-nos naturalmente com Deus, louvando-O, conhecendo Sua verdade, formulando silenciosamente nossos desejos mais sinceros e esperando, com confiança, a Sua resposta. Se nossas orações forem sinceras, Deus nos responderá da melhor maneira para nós. Se nosso pedido nos for negado, ainda assim estará sendo atendido, pois pela negação nos ficou indicado que a satisfação desse desejo não era para o nosso bem. E assim ficamos protegidos.

A oração se expressa melhor na demonstração de nossa verdadeira natureza como filhos de Deus. A consciência humana tem de educarse e compreender os preceitos espirituais, e essa educação vem com o estudo diário da Bíblia e do livro-texto da Ciência Cristã. Observando essa disciplina, abrimos o pensamento para visualizar panoramas mais amplos e níveis mais profundos de compreensão, com o resultado de podermos ouvir o Amor divino que nos fala. A compreensão científica elimina a crença de existir uma mente mortal que confunda a voz do mal com a voz de Deus.

O sentido material pretenderia silenciar a voz de Deus, se o pudesse, mas isso é impossível, pois na realidade é só Deus quem fala. O quanto é reconfortante saber que, embora pareça escuro o caminho em nossa jornada dos sentidos à Alma, a voz interior aí está a fim de consolar, fortalecer e curar, sempre pronta para iluminar a senda de todos os que estiverem dispostos a ouvir a voz de Deus.

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