O Natal pode ser uma ocasião para sentirmo-nos em casa, onde quer que estejamos. “Vou passar o Natal em casa” é expressão que não deveria condoer-nos o coração, caso não possamos passar o Natal com aqueles a quem mais amamos. No seu significado mais profundo, estar em casa, em qualquer época do ano, significa muito mais do que residir num lugar especial na terra: é estar felizes no íntimo, com nossos pensamentos e atividades, e essa felicidade provém de permanecermos em Deus, no Amor divino.
Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras a Sra. Eddy nos oferece uma idéia profundamente metafísica com que ponderar o tema de permanecer-se em Deus. Escreve: “Os sentidos do Espírito permanecem no Amor e demonstram a Verdade e a Vida”.Ciência e Saúde, p. 274. E que fácil é permitir, caso estejamos longe de casa ou separados da família, principalmente na época do Natal, que nosso pensamento repouse naquilo que os sentidos físicos nos querem dizer — que estamos sozinhos, solitários, que ninguém nos aprecia. Contudo, quando damos as costas àquilo que percebemos pelos sentidos, pelos olhos e ouvidos, e julgamos pelos “sentidos do Espírito”, isto é, pelo nosso verdadeiro sentido espiritual, descobrimos que permanecemos no Amor.
O sentido espiritual é o exato oposto dos assim chamados sentidos físicos. O sentido espiritual é a capacidade outorgada por Deus, que todos nós temos, de discernir a eterna presença de Deus e Seu eterno cuidado para com cada um de nós. A Ciência Cristã revela que temos sentido espiritual porque somos, cada um de nós, na realidade, criados por Deus. E como Deus é Espírito, nossa verdadeira identidade de homem — a semelhança de Deus — é espiritual, não material. Os únicos sentidos que realmente podemos ter, têm de provir de Deus, e são bons, revelando a nós a presença da Verdade, da Vida e do Amor. Talvez até digamos que o sentido espiritual é nossa “hereditariedade” e nossa herança. De acordo com a Bíblia, Paulo disse: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo.” Romanos 8:16, 17.
Jamais podemos realmente estar separados do sentido espiritual, ou seja, da consciência da Verdade e do Amor divinos, pois o homem é inseparável de Deus. Cabe nós, no entanto, utilizar as faculdades espirituais a fim de perceber o que realmente está acontecendo. Mas, como se utiliza o sentido espiritual? E o que é que realmente está acontecendo? O que é que realmente está se passando, no preciso momento em que nos parece que a vida é tão triste?
Valemo-nos do sentido espiritual quando nos recusamos a acreditar que a solidão faça parte real de nossa vida, e permitimos que Deus nos fale de Sua constante bondade, de Sua onipresença e onipotência. O que realmente está acontecendo durante o tempo todo é que o Amor infinito está de continuo desenvolvendo no homem, em nossa própria consciência, as idéias ilimitadas de beleza, amor, alegria, inteligência, bondade, idéias que satisfazem e nos trazem o espírito do Natal, onde quer que estejamos.
Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy escreve: “O lar é o lugar mais querido da terra, e deveria ser o centro, mas não o limite, dos afetos.” Ciência e Saúde, p. 58. O Amor não pode limitar-se a um lugar, por mais querido que esse lugar nos pareça. O Amor, sendo Deus, está em toda parte, e onde quer que estejamos, porque Deus e o homem são um, como Princípio e idéia. Se tomarmos nosso próprio amor ao bem e o utilizarmos expressando e apreciando o Amor divino ali mesmo onde nos encontramos, sentiremos o Amor em todas as situações. Talvez se faça evidência do amor de Deus fornecida por outra pessoa, a qual esteja respondendo à orientação divina. Ou, talvez surja de nossa própria convicção, profundamente satisfeita e sincera, de que realmente Deus nos ama. Seja como for que reconheçamos a presença divina, teremos o sentido espiritual palpável de que permanecemos no Amor, e isso realmente constitui o Natal.
É interessante que Cristo Jesus, cuja própria vida nos proporcionou o Natal, demonstrou o verdadeiro lar no mais amplo dos sentidos. A Bíblia nos fala de um homem que se chegou a Jesus e disse: “Seguirte-ei para onde quer que fores.” Com que cuidado Jesus analisou o compromisso daquele homem para com o Cristo, a Verdade. “Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” Lucas 9:57, 58.
Às vezes uma exigência espiritual que se nos apresenta (enquanto nos esforçamos por seguir a senda da espiritualidade, do pensamento inclinado às coisas espirituais), talvez requeira de nós a disposição de ampliar nosso conceito daquele lugar querido e cômodo a que chamamos lar. Com escutar e obedecer o chamado do Cristo, talvez nos vejamos conduzidos a lugares e situações desconhecidos. Aprender a permanecer no Amor divino faz parte da oportunidade que acompanha essa mudança, a qual nos proporciona o privilégio de aprender que o homem está sempre sob o cuidado de Deus, que o homem habita na infinidade do Amor divino, onde o companheirismo eterno do Amor fornece toda paz e alegria. E descobrimos que nunca nos privamos de nosso verdadeiro lar, nunca nos vemos separados nem isolados do Amor que a tudo envolve.
Quando encaramos o Natal sob uma perspectiva eterna, quando entendemos que a idéia mesma do Natal assinala a existência completa do homem em Deus, desaparecem os sentimentos de sermos estranhos, de estarmos limitados, solitários. Concluímos que o Espírito infinito ultrapassa distâncias, anos, relógios e calendários. O homem está sempre em casa no que é o seu lar, ao permanecer no Espírito e esse lar é o próprio Amor infinito. É nele que encontramos o verdadeiro espírito do Natal.
Louvarei ao Senhor
durante a minha vida;
cantarei louvores
ao meu Deus,
enquanto eu viver.
Salmos 146:2
 
    
