Tempestades que trazem chuva, vento ou neve não são as únicas que temos de enfrentar. Por vezes temos de lidar também com as tempestades emocionais. Por exemplo, talvez estejamos sob pressão no trabalho, tenhamos problemas na família ou no casamento, ou talvez apenas estejamos nervosos ou temerosos em razão de obrigações a nossa frente. Os meios noticiosos, às vezes, referem-se a uma “tempestade de controvérsias” cercando uma determinada pessoa ou um acontecimento. Em tudo isso há um ponto em comum: pretenderia persuadir-nos de que o homem pode estar separado da calma e da paz características da natureza de Deus.
A Ciência Cristã ensina que Deus é o bem infinito, supremo; que a desarmonia não tem vez no Seu reino. A Bíblia oferece abundância de exemplos da paz que procede de Deus. Num desses, o Salmista escreve: “Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso.” Salmos 23:2. Quanta serenidade está retratada nessas palavras!
Elias, durante um momento de depressão em sua vida, entendeu a verdadeira natureza de Deus. Achando-se em perigo porque Jezabel queria matá-lo, e buscando escapar a sua ira, ele fugiu para uma caverna no deserto. Enquanto ali se achava, houve um grande vento, um terremoto e fogo. A Bíblia diz-nos que o Senhor não se achava em nenhum daqueles acontecimentos de violência e destruição. Uma vez passados, Deus apareceu a Elias por intermédio de “um cicio tranqüilo e suave” Ver 1 Reis 19:1–13.. Deus talvez estivesse mostrando a Elias não ser Ele o autor da discórdia e da violência, mas da paz e da calma.
A Sra. Eddy percebeu que a calma interior provém da conscientização de que Deus é Tudo. Escreve em Ciência e Saúde: “... o Cientista Cristão conservar-se-á calmo, em presença tanto do pecado como da moléstia, sabendo, como sabe, que a Vida é Deus, e Deus é Tudo.” Ciência e Saúde, p. 366. Não teremos com isso uma base para recusar admitir qualquer discórdia, ou tempestade, em nossa experiência? Como Deus é Tudo, não pode haver lugar para qualquer dessemelhança de Sua natureza harmoniosa.
A experiência que um amigo meu teve, vários anos atrás, demonstrou que a verdadeira compreensão de que Deus é Tudo pode mostrar-nos como escapar da tempestade. Dirigindo sozinho por uma parte do país conhecida por suas tempestades violentas, ficou sabendo de negras previsões do tempo que falavam em fortes tempestades de raios e ciclones a sua frente. Imediatamente desligou o rádio e se voltou para Deus a fim de acalmar os pensamentos. Durante algum tempo orou, como o fizera Elias, para perceber que Deus não podia estar na tempestade; que, como Deus é Tudo, não podia haver destruição em Seu universo. Veio por fim a chuva, e veio forte. De fato, tornou-se tão forte que meu amigo teve de parar à margem da estrada, pois não conseguia ver coisa alguma à sua frente. Procurando um pensamento fortalecedor em meio à fúria da chuva, do vento, dos trovões e dos raios, abriu seu exemplar do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde. Seus olhos caíram sobre esta frase da Sra. Eddy: “Espera tu pacientemente que o Amor divino paire sobre as águas da mente mortal e forme o conceito perfeito.” Ibid., p. 454.
Que pensamento tranquilizador e oportuno! Meu amigo percebeu então claramente que Deus, o Amor divino, era todo-poderoso e que, por isso, a tempestade não podia causar dano. Sentiu-se completamente em paz. Dentro de minutos a chuva amainou consideravelmente e ele pôde continuar a jornada. Horas mais tarde ligou o rádio outra vez e tomou conhecimento de que nenhuma vida se perdera e de que nenhuma propriedade sofrera danos, apesar da expectativa de que a tempestade traria destruição.
Que havia acontecido? As orações de meu amigo e as de outras pessoas conscientes da situação não impediram que a chuva caísse nem detiveram o vento. Mas aquelas características de violência e de destruição nunca se manifestaram. Na proporção em que nossa consciência se enche de pensamentos de calma a respeito da onipresença de Deus, obtemos maior domínio sobre o meio ambiente e podemos esperar que se manifeste maior harmonia.
Cristo Jesus provou que as tempestades não têm vez no universo de Deus. Viu mais claramente do que ninguém que o estado natural do homem é o de paz, a qual não pode ser perturbada quer pelas forças físicas quer pela tensão emocional. Enquanto viajava com os discípulos num barco, uma tempestade de vento sobreveio. Os discípulos, aterrorizados, pediram-lhe ajuda e ele os socorreu. O Mestre “repreendeu o vento, e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O ventou se aquietou e fez-se grande bonança” Marcos 4:39..
Noutra ocasião, Jesus esteve no centro de uma tempestade de controvérsias quando aqueles a quem ele pregava na sinagoga se enfureceram contra ele. De fato, eles ficaram tão irados que tentaram levá-lo até o cume de um monte fora da cidade para o lançarem ao precipício! Mas o Guia estava tão acima da tempestade a sua volta que, “passando por entre eles, retirou-se” Lucas 4:30.. Imagine-se a consternação de seus acusadores quando não o puderam localizar!
Também nós podemo-nos alçar acima de tais tempestades e perceber que Deus é Tudo, enchendo nossa consciência com pensamentos de Sua onipresença. De fato, podemos considerar as tempestades como oportunidades de provar a onipotência de Deus. A Sra. Eddy escreve: “Minha fé em Deus e em Seus seguidores assenta no fato de que Ele é o bem infinito, e de que Ele dá a Seus seguidores a oportunidade de utilizarem suas virtudes ocultas, de porem em prática o poder que está escondido na calma e que as tempestades despertam para o vigor e a vitória.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 204.
Armados da clara compreensão de Deus e de Sua totalidade, não temos de restringir-nos a ver apenas a calma antes da tempestade. Se uma tempestade se levanta, podemos, com grande alegria, perceber a calma ao invés da tempestade.
 
    
