Tenho uma amiga que está convencida de que numa dada noite, há alguns anos, acordou de um sono profundo e foi compelida a orar, devido à necessidade desesperada de uma pessoa de outro país, a qual ela não conhecia nessa altura. Mais tarde, ao ter conhecimento de que nessa noite uma pessoa tinha sido torturada numa outra parte do mundo, ficou convencida de que tinha sido esse o motivo pelo qual não tinha conseguido voltar a adormecer, mas sim orado durante toda a noite.
Minha primeira inclinação teria sido não crer no raciocínio dessa pessoa, se não soubesse como ela atendera às necessidades dos seus próprios filhos ao longo desses anos. Ela conseguiu persuadir-me de que o amor dos pais é sensível à necessidade humana.
Embora de uma forma bastante diferente, meu próprio filho fez com que eu chegasse a uma conclusão semelhante. Ele agora já não é mais criança. Mais de uma vez, porém, mencionou que fica a imaginar como é que eu ou a mãe aparecíamos sempre no momento em que ele mais necessitava de nós ou em que ele estava a fazer algo que não devia. Recordo-me de sentir o mesmo em relação a meus pais.
Embora essa intuição não seja sempre totalmente nítida (podemos não saber exatamente ao que é que estamos a responder ou porque é que existe algo a necessitar nossa atenção, isso acontece com tanta freqüencia, que não o podemos considerar mera coincidência. Um grande amor responde naturalmente a uma grande necessidade, quer sejamos capazes de explicar esse processo, quer não.
Se isso é verdade em relação aos pais humanos, imaginem o quanto o será em relação a Deus, que é todo-amoroso e vivificante. Cristo Jesus ilustrou o amor de Deus de muitas formas, freqüentemente através de curas instantâneas de moléstias ou da incapacidade de algum homem ou mulher. Outras vezes, sua boa vontade em perdoar e mostrar a uma pessoa algo da identidade divina do homem, trouxe conforto e confiança.
Houve uma vez em que ele explicou o amor perfeito de seu Pai, através da seguinte interrogação: “Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir [pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir] um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra?” A Bíblia relata que, imediatamente após essas palavras, Jesus curou um homem incapaz de falar. A convicção espiritual que o Mestre tinha, de que Deus cuida de nós, conduziu diretamente a uma reposta de cura.
Aí está não só a explicação de por que minha amiga respondera à necessidade de outrem e a explicação à pergunta do meu filho, de como é que minha mulher e eu sabíamos quando aparecer, mas também a reafirmação de que nós podemos receber provas de que Deus cuida de nós com ternura, quando grandes necessidades humanas gritam por socorro, não importa em que circunstância.
A Sra. Eddy, baseada nos ensinamentos de Jesus e na sua própria experiência de cura cristã, ficou persuadida de que nosso relacionamento com Deus é garantido. A dada altura, ela escreve em Ciência e Saúde: “Não é justo imaginar que Jesus tenha demonstrado o poder divino de curar somente para um número seleto de pessoas ou para um período de tempo limitado, porque a toda a humanidade e a toda a hora, o Amor divino propicia todo o bem.” E acrescenta: “O milagre da graça não é milagre para o Amor.”
Essa verdade não é simplesmente uma questão de crença religiosa, mas tem a ver com nossa capacidade inata e dada por Deus de saber, de compreender e de refletir Seu amor. Essa capacidade está sempre presente, mas manifesta-se e é reconhecida em nós à medida mais despertamos para a nossa natureza de filhos de Deus. Quanto mais discernirmos nossa identidade espiritual, à semelhança de Deus, e sentirmos Seu amor por nós, mais nos sentiremos compelidos a expressar esse amor para com os outros.
O conceito de cura cristã, ou espiritual, é com demasiada freqüência relegado a épocas passadas, a Jesus e seus primeiros discípulos, como se essa dádiva de Deus tivesse sido oferecida apenas a um punhado de pessoas. No entanto, se começarmos a responder ao desejo ardente do nosso coração, de conhecer a Deus e expressar Seu amor e desvelo pelos outros, é razoável esperamos que o conhecimento prático e experiência da cura cristã venha a crescer em todo o mundo. Pode crescer com tanta naturalidade nos assuntos humanos, quanto o amor e conhecimento intuitivo de um pai em relação aos seus filhos.
