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REDATORA CONVIDADA

“Não há caminho rumo à paz; a paz é o caminho”

Da edição de novembro de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


Desde os treze anos de idade meu filho mais moço é membro de um grupo conhecido como “Indivíduos pela Paz”, sediado na Irlanda do Norte. Onze anos mais tarde ele continua ativo no movimento, trabalhando com afinco para estabelecer a paz numa comunidade dividida. Existem muitos grupos como esse, não apenas em nosso país, mas em todo o mundo. Não há dúvida de que esses grupos são dignos de admiração e merecem que seus esforços sinceros sejam apoiados. Mas é isso suficiente?

O desejo de paz é universal e fala ao coração de todos. De fato, esse anseio pela paz une a todos, pois os seres humanos de todos os quadrantes anseiam pela paz. Todos os que lêem este artigo julgam estar, individualmente, em busca de cura, de um lar, de melhor orientação e propósito na vida; desejam melhor emprego, dinheiro para pagar as contas ou, até mesmo, a solução para um problema de relacionamento. Talvez haja o desejo de fugir de um mundo que parece infestado de doenças, desastres, solidão, ódio e terrorismo. A resposta para encontrarmos a paz, no entanto, não é o refúgio numa bela ilha deserta ou a vida no campo; precisamos, isto sim, descobrir por nós mesmos, o que realmente é a paz.

Suponhamos, por exemplo, que a paz virá somente se fizermos um pacto, ou acordo, para o término das hostilidades, ou quando tivermos dinheiro, um lar sossegado ou um emprego bom e seguro. Se assim for, estamos acreditando que a paz ocorre devido a uma mudança nas circunstâncias. Devido exatamente a essa crença, não estamos também crendo que a paz pode ser perdida se as circunstâncias vierem a mudar novamente? Essa não pode ser a paz que almejamos, pois baseia-se naquilo que pode mudar a qualquer momento.

O que é, pois, a paz genuína? e como pode ser encontrada? Para mim, como estudante da Ciência Cristã

Christian Science (kris'tiann sai'ennss), a resposta a essa questão é: a paz pode de fato ser encontrada por meio da compreensão de Deus e de Sua natureza.

Deus é o poder que apóia a verdadeira paz. A natureza divina é inteiramente boa e é o alicerce da paz eterna. A Bíblia refere-se a Deus assim: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal.” (Habacuque) Foi a visão espiritual que fez o autor dessas palavras se aperceber desta profunda realidade: a criação de Deus está eternamente em paz. Deus vê Sua bela criação (inclusive o homem espiritual, eternamente intato, são, perfeito e puro) sempre em paz; portanto, o Princípio divino é a base sobre a qual nossa vida e o mundo podem começar a expressar o governo e a bondade de Deus.

À medida que compreendemos melhor essa realidade divina, podemos, também, sentir a paz que excede a paz transitória, baseada em circunstâncias materiais. Devemos nos recusar a reagir a circunstâncias, eventos, opiniões humanas ou, até mesmo, a coisas como um saldo bancário; devemos buscar apoio na paz espiritual que dá provas de que o homem vive de acordo com a lei de Deus, agora, neste exato momento. O resultado será que desfrutaremos da paz que vem de Deus. A partir daí passamos a pensar com clareza e a perceber uma solução sanadora para todos os problemas.

Há alguns anos, os membros do Conselho de Conferências da Ciência Cristã proferiram, em várias partes do mundo, uma série de conferências sobre a paz. Propus-me a apoiar essas conferências, procurando obter melhor compreensão sobre a paz e aplicando essa compreensão em minhas atividades diárias. Fiz uma pesquisa na Bíblia, procurando tudo o que ela tem a dizer sobre paz. Pesquisei, de igual modo, as obras de Mary Baker Eddy. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras a Sra. Eddy diz: “Pela Ciência divina, o Espírito, Deus, une a compreensão à harmonia eterna. O pensamento calmo e elevado, ou percepção espiritual, está em paz.” Senti que estava chegando a uma compreensão mais clara do que a paz verdadeiramente é, e, certo dia, tive a oportunidade de colocar em prática essa compreensão.

A filial da Igreja de Cristo, Cientista, a que pertenço, planejara reunir-se em preparação para a conferência que iríamos patrocinar sobre a paz. Eu estava aguardando a reunião com grande expectativa, mas, antes, precisava visitar no hospital uma pessoa que estava gravemente enferma. O caso era sério e, quando saí do hospital, já havia escurecido. Os ônibus estavam lotados e eu carregava vários pacotes de compras, que havia feito a caminho do hospital. Sentia-me agitada e perturbada. Decidi-me, então, a pôr em prática a melhor compreensão de paz que havia adquirido e recusei-me a deixar o desânimo tomar conta de mim.

Perguntei a um passante onde poderia tomar um táxi. A pessoa disse-me que eu deveria seguir em frente, pela mesma rua. Essa rua estava localizada no território ocupado pelo Exército da República da Irlanda e era considerada perigosa. Não havia iluminação pública e toda a região era sombria e ameaçadora. Além do mais, eu moro do outro lado da cidade, considerada território protestante.

Dirigi-me ao ponto de táxi onde havia uns seis motoristas. Quando solicitei um táxi e dei meu endereço, ouvi imediatamente uma resposta áspera. Um dos motoristas disse: “A senhora está querendo fazer gracinha? sabe muito bem que não podemos ir até lá.” Respondi-lhe: “Não é tanto que não podem, mas que não querem.” Ele respondeu aos gritos: “Se não podemos, ou não queremos, não importa. Vá embora.” Afastei-me apressada e comecei a ficar angustiada e com medo. Nesse momento, vi que essa era a oportunidade de reivindicar paz não apenas para mim, mas para esses homens e para minha comunidade.

Aí ouvi um dos motoristas dizer: “Eu a levo para casa.” Pensei que essa era a resposta à minha oração, mas logo que partimos, percebi que ele estava cheio de rancor e sentia muito medo. De repente, disse: “Suponho que a senhora seja da situação.” Respondi-lhe que não. Aí perguntou-me: “O que é a senhora, afinal?” Disse-lhe: “Acredito que Deus criou todos nós e que Ele ama e cuida de cada um de nós; que Ele supre as necessidades de todos e que Seu amor e sabedoria infalíveis estão ao nosso alcance para resolver todas as dificuldades, de maneira pacífica.”

O motorista parou o carro e olhou dentro de meus olhos: “Dona, eu também acreditava nisso, mas agora não acredito mais. Aconteceram coisas terríveis e perdi a esperança.” Ele parecia tão cansado da guerra, que senti pena. Fiquei com lágrimas nos olhos. Pus a mão sobre o seu braço e lhe disse: “Nunca perca a esperança. Eu não perdi e o senhor também não pode perdê-la. Deus ama cada um de nós.”

Ele continuou a viagem e logo estávamos na minha rua. Ele não se conteve, e disse: “Veja esta rua. Novas casas e lojas. Não posso acreditar. Eu não vinha aqui há quinze anos. Imagine, ter medo de dirigir numa região de minha própria cidade. Veja só!”

Quando chegamos em minha casa, ele saiu do carro e carregou minhas compras escada acima. Perguntei-lhe quanto devia, mas ele pôs os braços à minha volta, deu-me um abraço bem apertado, um beijo na face, e disse: “É por conta da casa, minha senhora. A senhora é uma verdadeira dama. A senhora me ajudou muito. Me ajudou a fazer algo que há quinze anos eu não fazia, de medo. Se algum dia precisar de táxi, chame-nos. Vou avisar os rapazes.”

Para mim, esse foi um pequeno, mas importante passo no caminho para a paz, que está diante de todos os homens e mulheres. Jamais subestime a contribuição que homens e mulheres corajosos e espiritualizados podem fazer em prol da paz, a partir de hoje. Nossa própria capacidade nessa área há de aumentar à medida que começarmos a compreender com maior nitidez a infinidade e a paz de Deus. O homem é, verdadeiramente, o filho espiritual de Deus, que inclui e garante a espiritualidade de cada um de nós. A compreensão da Ciência do Cristo, a Verdade, abre o caminho da paz para toda a humanidade.

O título deste editorial baseia-se num comentário feito por A. J. Muste, clérigo norte-americano, citado no The New York Times de 16 de novembro de 1967, p. 46.

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