Há alguns anos,uma das principais fontes de receita de nossa família cessou na mesma altura em que eu iniciava uma nova profissão, que mal dava para acudir às necessidades familiares diárias. Além disso, a educação universitária de minha filha dependia, e muito, de nossas poupanças. Por fim, fomos confrontados de súbito com uma dívida de vários milhares de dólares. A seqüência de acontecimentos parecia demasiado avassaladora.
Eu aprendera por experiência que não há circunstância fora do alcance da oração, que proporciona ajuda e cura. Enquanto orava, o Primeiro Mandamento veio-me com tal rapidez e potência, que percebi qual era a grande necessidade: perspectivar o significado de ter um só Deus e nenhum outro.
Há séculos refulgiu na senda dos israelitas, em sua jornada no deserto, esta lei de Deus: "Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo). Eu tinha confiança de que esse mandamento, compreendido e obedecido, poderia conduzir-nos com segurança através do emaranhado de dificuldades financeiras que nossa família enfrentava. O poder e o alcance dessa lei espiritual em satisfazer as variadas necessidades da humanidade são indicados no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde. A Sra. Eddy declara: "Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; constitui a fraternidade dos homens; põe fim às guerras; cumpre o preceito das Escrituras: 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo'; aniquila a idolatria pagã e a cristã — tudo o que está errado nos códigos sociais, civis, criminais, políticos e religiosos; estabelece a igualdade dos sexos; anula a maldição sobre o homem, e não deixa nada que possa pecar, sofrer, ser punido ou destruído."
A fidelidade a um Deus único, o bem, exige uma oração que de tal maneira ocupe o pensamento com a consciência de Sua presença, de modo que não possa ser este invadido por nada dessemelhante de Sua natureza infinita. Essa oração afirma com humildade o governo de Deus e expulsa as dúvidas e incertezas que pretendem negar Sua autoridade onipotente e sempre presente. A oração que reconhece com persistência a um só Deus, o Amor divino, não pode ser simultaneamente impregnada pelo medo. O amor e o medo são opostos em natureza e efeito. No entanto, a oração por certo não ignora dificuldades amedrontadoras. Pelo contrário, suscita em nós força e sabedoria crísticas, permitindo-nos abordar os desafios sob uma perspectiva de domínio — do homem espiritual que é o reflexo da supremacia de Deus e de Sua lei do bem universal. Essa lei, sempre em vigência, é prática, compreensível e simples. A Sra. Eddy escreve em Não e Sim: "A lei de Deus está em três palavras, 'Eu sou Tudo'; e esta lei perfeita está sempre presente para reprovar qualquer pretensão de outra lei."
Se a falta de capacidade para agir parece às vezes uma lei implacável, que precisa ser cumprida, o raciocínio em espírito de oração, baseado na lei da totalidade de Deus, pode nos levar para fora das limitações materiais, para a expressão das possibilidades ilimitadas do homem à semelhança divina. Esse raciocínio não é pensamento positivo, mas o reconhecimento resoluto de que Deus, o bem, é de fato infinito — a única fonte espiritual de santidade, saúde e felicidade ilimitadas, de onde jorra a riqueza de Sua presença. E não jorra com limitação ou escassez, mas literalmente sem restrições.
A Bíblia contém inúmeros exemplos do cuidado e da provisão de Deus. Quando os filhos de Israel sentiram fome no deserto, Deus proveu maná. Quando tiveram sede, a água brotou de uma rocha nada promissora. O profeta Eliseu alimentou uma centena de homens com um punhado de comida, mas ainda sobrou. O maior demonstrador do poder espiritual, Cristo Jesus, alimentou milhares de pessoas com uns poucos pães e peixes e instruiu confiantemente seus discípulos a que recolhessem a abundância que sobejasse.
Percebi que, dada a urgência com que nossa família necessitava de dinheiro, precisávamos do enriquecimento espiritual obtido graças à confiança humilde na lei de Deus, que, obedecida, reforça a esperança e traz a cura. Obedientemente, procurei conformar meu pensamento à lei do único Deus. O medo foi substituído pela verdade de que Deus é infinito. Cada sugestão de insuficiência foi expulsa diligentemente pela confiança alcançada em oração, da terna provisão do Amor. Foi vencida a ansiosa preocupação por meio da deferência a Deus, a Mente única, para quem o medo e a preocupação são desconhecidos. À medida que persisti, o pensamento se acalmou, o medo se desfez e consegui perceber soluções razoáveis bem ao meu alcance.
Primeiro, uma larga soma de dinheiro foi depositada em nossa conta bancária por uma pessoa da família que desconhecia os detalhes de nossa crise financeira. Esse montante satisfez às nossas necessidades imediatas e bem depressa outros recursos ficaram disponíveis, o que nos permitiu reembolsá-la. A seguir, minha filha recebeu uma bolsa de estudos — pequena, mas que se tornou símbolo de suprimento para custear-lhe os estudos. Os proventos de minha profissão começaram a aumentar de modo notável. Por fim, durante o ano que se seguiu, recursos de monta foram postos à disposição de nossa família, provenientes de três fontes inesperadas. Nunca havíamos recebido quantias como essas, nem as recebemos de novo depois disso. Não apenas supriram o que nos faltava, mas ultrapassaram de longe nossa necessidade, deixando nossa família com um orçamento perfeitamente equilibrado, havendo sobrado dinheiro. Mas acima de tudo, enriquecemo-nos com a gratidão da convicção espiritual no poder da lei de Deus para espiritualizar o pensamento e transformar as condições humanas.
Face às sérias dificuldades que o mundo hoje enfrenta, pode parecer simplificação exagerada argumentar que poderemos encontrar soluções sólidas e progressivas se, com humildade e confiança, recorrermos à lei de Deus em busca de orientação. No entanto, a lei divina é uma expressão do bem irrestrito e não está sujeita a limites ou derrotas. O homem, que é, na realidade, o objeto desse bem, tampouco está à mercê desses limites e derrotas. O que quer que seja alcançado e provado individualmente, é aplicável a qualquer situação — quer seja de uma organização, quer local, nacional ou internacional.
Nos tempos bíblicos, multidões foram abençoadas pela fidelidade de uns quantos que confiaram com tanta coerência na presença infinita do generoso Deus único, que por mais intimidante que a privação parecesse, não podia diminuir a confiança deles na abundância de Sua provisão. Por isso mesmo, hoje em dia, as fiéis orações dos indivíduos têm efeito mundial. A obediência conscienciosa à lei de Deus proporciona inspiração espiritual, remove barreiras e revela os abundantes recursos de Deus.
A perícia econômica se justifica, é claro, corrigindo e controlando os desequilíbrios fiscais. Mas a oração altruística deve ser conhecida, cada vez mais, como absolutamente indispensável para que possamos perceber soluções inovadoras e progressivas. A oração que atinge o coração da humanidade e o enche com o toque curativo do Cristo não é mera invocação a Deus, para que Ele faça algo ou dê mais. É antes o reconhecimento de que Ele provê e continuará a prover Seus filhos de todo o bem. Além do mais, essa oração insiste em que o homem é capaz de conhecer e provar a abundância de Deus.
Ao nos volvermos a Deus em oração, estabeleçamos e mantenhamos nossa consciência da unidade do homem com Deus — uma unidade que garante que cada uma de nossas necessidades será suprida espiritualmente — expulsando por fim a tirania da falta de esperança e do medo, do egoísmo e da ambição sem escrúpulos.
