Se Acontecimentos Do passado vêm ao pensamento trazendo culpa ou mágoa, então é necessária a redenção e a conseqüente libertação do sofrimento. A redenção exige que perdoemos de forma absoluta aos outros e a nós mesmos. Implica realmente reconhecer e compreender o homem que Deus criou, como Cristo Jesus o fez. Essa é nossa verdadeira natureza à semelhança de Deus.
Ao referir-se à lei da Vida e da Verdade, a lei do Cristo, Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris´tiann sai´ennss), escreve em seu livro Não e Sim: “Ela faz mais do que perdoar o falso senso chamado pecado, porque o persegue e o castiga e não o larga enquanto não for destruído, — até que nada fique para ser perdoado, para sofrer ou ser castigado.” Cargas passadas dissolvem-se à medida que essa lei age sobre o pecado e “o persegue e o castiga”. À medida que permitimos que a lei do Cristo atue na consciência, as lembranças mortais são retificadas; então deixam de corroer nosso pensamento e nossa experiência do momento. Apenas o bem é visualizado como presente e real.
Por que haveríamos de nos preocupar com a redenção? Não poderíamos simplesmente esquecer os erros passados? Não. Esta atitude nada curaria. Se uma lembrança é efetivamente penosa e importuna, necessitamos procurar a redenção com afinco, para nos livrarmos da dor e da culpa.
A redenção de erros passados liberta nosso pensamento de forma a podermos aceitar o bem do presente. Liberta-nos a ponto de nos podermos ver como amados filhos de Deus. Abençoa as pessoas abrangidas nas lembranças do passado, porque a oração inclui todos os que estão em nosso pensamento. Quando estamos dispostos a fazer o que é necessário para adquirir um senso verdadeiro de nossa identidade divina, a pôr de lado sentimentos de culpa e a parar de remoer ressentimentos e remorsos, então as bênçãos de Deus tornam-se evidentes.
Uma bênção é o bem presente agora e torna-se perceptível ao pensamento receptivo. Embora o bem nem sempre se manifeste de forma espetacular, tornar-se-á visível quando abrirmos o pensamento à renovação que Deus está constantemente manifestando. Mas como podemos nos libertar de memórias que nos perseguem como fantasmas? Como se processa a redenção?
Um dia encontrei conforto e encorajamento no Hino 140 do Hinário da Ciência Cristã, em língua inglesa. Senti-me inspirada por esta estrofe: “Velhos amigos, velhas lembranças, serão mais belos / Quanto mais do céu em cada um visualizarmos.” De início pensei em como poderia ver o “céu” num horrível acontecimento que com persistência me voltava ao pensamento, algo que acontecera anos antes. Então compreendi que o céu não está num futuro distante, mas é uma compreensão bem presente da realidade, de Deus e Sua criação. Reconheci que só a harmonia é a verdadeira natureza do pensamento e da ação. Como filha de Deus, eu jamais podia estar separada do todo harmonioso e terno desabrochar do Amor divino. Deus ama a mim, a você, a todos, todo o tempo. Compreendendo isso, vi que a harmonia sempre estivera e sempre está presente, mesmo quando nós ou outra pessoa parecemos agir desarmoniosamente.
O céu está em cada um, porque Deus, o Amor, o Princípio divino, reina. Deus reconhece Seu filho perfeito, preserva-o e dirige-o por caminhos que abençoam. Apenas o Espírito proporciona todo o bem. A todo momento, mesmo quando o mal parece ter domínio, cada um é na realidade governado por Deus, o Princípio divino, que não é frio, ríspido ou severo, mas que nos ama e abençoa. A Verdade traz à luz o que necessita ser revelado. A Mente concede idéias que trazem inspiração. Essas facetas do céu, incluídas na natureza espiritual do homem, revelam que a verdadeira identidade de cada um de nós é a expressão de Deus.
Não podemos voltar atrás e reescrever humanamente o passado ou apagá-lo, mesmo que o desejemos. No entanto, a Sra. Eddy declara em Retrospecção e Introspecção: “É preciso revisar a história humana, e apagar o registro material.” Revisar aquilo que denominamos passado é modificar nosso pensamento e percepção acerca de uma experiência, com base na verdade espiritual.
As lembranças que tanto me incomodavam referiam-se a meu desempenho como mãe. Quando tive minha primeira filha planejei, como muitas outras mulheres, ser u’a mãe “perfeita”, sempre paciente, terna e compreensiva. Mas esse ideal humano, equivocado, somado a diversas desarmonias familiares, tornaram-me extremamente nervosa, impaciente, e às vezes bastante rude com os dois filhos mais velhos. Eu lamentava sinceramente ter-me comportado de forma tão desnatural e estava decidida a não deixar que isso acontecesse de novo. Embora esses incidentes tivessem ocorrido apenas umas poucas vezes, deixaram-me com um profundo sentimento de culpa. De vez em quando essa lembrança vinha à tona.
Certo dia, nessa época, senti uma terrível e súbita dor, que surgiu de repente e não desapareceu. Eu sabia que Deus é a causa única e o único bem. Portanto, a dor não provinha de Deus e libertar-me dela era um direito que me assistia. Primeiro orei para superar o medo. Ao fazê-lo, compreendi que muitas vezes tivera a prova de que a ação e o poder de Deus são tudo, estão permanentemente presentes e que Ele apenas cria o real e eterno. Isso me confortou e acalmou. Ao depositar minha confiança em Deus, compreendi que todo ação verdadeira é o resultado direto da autoridade primária de Deus, que é boa. Embora a dor parecesse muito real, compreendi que era errônea e não se baseava em nenhuma lei.
Estendi-me na cama, mas a dor persistiu. E então, determinada cena desagradável do passado surgiu no pensamento. Logo compreendi que a dor e essa imagem mental estavam relacionadas e que necessitava corrigir meu pensamento sobre esse incidente. Envolvia as crianças, especificamente uma atitude de impaciência para com minha filha mais velha.
Nesse momento, nesse dia, como poderia eu corrigir esse ato? Como poderia livrar-me da culpa e do tormento? Vi que podia insistir em ver o céu justamente onde essa diabólica confrontação parecia ter acontecido. O Amor divino, Deus, é onipotente e enche todo o espaço, é toda consciência verdadeira. Embora a realidade daquele momento parecesse diferente, o fato espiritual então era o mesmo de agora. Esse fato não deixou espaço para que a impaciência e a indelicadeza se tornassem reais; não deixou lugar para dor ou culpa.
Consegui perdoar ao compreender e apreciar, sob nova perspectiva, minha verdadeira identidade, o reflexo de nosso Pai-Mãe Deus. Eu podia sentir o amor de Deus. Isso eliminou a culpa. E a dor física também desapareceu, para não mais voltar. A verdadeira redenção inclui libertação, tanto da doença como do pecado. Minha filha também foi abençoada por essa redenção. Hoje temos uma relação mais harmoniosa do que antes.
Ao vivermos com menos restrições no bem presente, nossa natureza é transformada. Ao adquirirmos idéias mais claras de Deus, descobrimos que nos tornamos mais pacientes e perdoamos com mais facilidade a nós e aos outros. Ao permitir que a Mente divina nos guie, pensamos a partir da Mente, Deus. Nosso pensamento é libertado, e achamos natural que a Mente nos dirija. Tornamo-nos mais vigilantes e atentos. Deixamos de nos enredar em circunstâncias nas quais perdemos o controle e de que nos lamentamos mais tarde. A espiritualização diária do pensamento e uma compreensão crescente do Amor ajudam-nos a evitar essas situações. A falta de critério e a indisciplina mental são banidas pelo desejo de agir de acordo com a direção da Mente divina.
Em Eclesiastes lemos: “Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar, e nada lhe tirar;... O que é já foi, e o que há de ser, também já foi; Deus fará renovar-se p que se passou.” Deus, o Espírito, apenas conhece aquilo que é espiritual. Na proporção em que nosso pensamento for espiritualizado, aquilo “que já foi” é verdadeiramente revisto ou expurgado. Essa é uma exigência de Deus e nós estamos habilitados a cumpri-la.
A Vida, Deus, “vive” em nós por assim dizer, fazendo com que cada um de nós O expresse, a toda hora. A vida e o bem não estão à mercê do tempo, de lugares, de pessoas. A manifestação e a bênção do bem estão presentes e são contínuos. E possuímos hoje o bem à medida que compreendermos que nossa individualidade espiritual, nossa vida verdadeira, está unicamente em Deus, o bem, agora e sempre.
