Certa Noite Acordei invadida por uma torrente de ressentimento, porque achava que um parente se portara com desconsideração. Eu nem queria acreditar que houvesse tanta falta de amor em meu coração. Isso não me parecia muito cristão! E eu sabia que podia ter um pensamento mais puro.
A primeira coisa que aprendi na Escola Dominical da Ciência Cristã foi que Deus é Amor. A segunda, que o homem é a imagem de Deus. Isso significa que na verdade cada um de nós pode sempre expressar a Deus, o Amor. Eu sabia que o ressentimento não é amor, em absoluto. Reconhecendo essas verdades, orei para ser aliviada desse horrível e inquietante sentimento.
Como é que fiz isso? Eu sabia que na realidade a lei de Deus governa a mim e a todos. Essa lei está ao alcance de cada um de nós e apelar a ela traz harmonia a nossa vida. Quer sejamos novatos, quer já tenhamos experiência na Ciência Cristã, seja o problema agudo ou crônico, podemos obter a orientação de Deus pela oração e alcançar a compreensão do amor que Deus nos tem.
Não uma oração vacilante, mas uma oração constante e expectante coloca nosso pensamento em harmonia com o amor de Deus. Começamos por nos desembaraçar das noções preconcebidas de como deve ser a resposta a nossa oração. Algumas vezes pode ser que oremos durante bastante tempo por uma resposta. Outras não. Seja for, quando finalmente a obtemos, em geral concluímos que esteve bem na frente do nosso nariz o tempo todo. O Amor divino nunca nos priva de Suas amorosas mensagens.
A resposta a minha oração, nessa ocasião, veio por meio de palavras: “Quem você, ama mais — esse indivíduo ou Eu?” Respondi sem hesitação, “Você, é claro, meu Pai!” Então foi como se Deus me dissesse: “Bem, não parece. Você está dando a essa pessoa mais atenção do que a Mim.” Instantaneamente o jorro de amor que senti por Deus dissipou todo o meu ressentimento por esse familiar. De imediato, compreendi que havia dado bastante mais atenção aos sentimentos de discórdia e mágoa do que a Deus. Aí percebi que não estivera amando a Deus como Cristo Jesus nos instruíra. Eu havia quebrado o primeiro e supremo mandamento, que Cristo Jesus nos dera no livro de Marcos: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.”
Por que é que esse mandamento era para mim tão imperativo? Era importante sentir a presença do Amor divino para poder gozar de harmonia. Para isso, tive de reconhecer a fonte do amor e amar essa fonte com todo o meu coração e alma e entendimento e força, assim como compreender que a razão de meu ser é expressar, ou manifestar, esse Amor.
Então compreendi que precisava me dedicar de todo o coração a corrigir essa situação familiar. Eu vencera o ressentimento, é certo, mas não a preocupação relativa ao futuro dessa pessoa.
Um dia, mais ou menos um mês depois, ainda extremamente preocupada com esse familiar, estava sozinha quando senti um ataque de coração. A primeira coisa que soube é que não devia ter medo. Senti-me impelida a me levantar imediatamente. Quando o fiz, declarei alto e com clareza: “Muito bem, não vou ficar com medo!”
Lembro-me quão totalmente eu estava consciente da presença e do poder de Deus, da Deus, da Vida divina, do Amor. Depressa fiquei livre dessa dificuldade física. Nunca mais voltei a sentir os sintomas daquele dia.
Retrospectivamente, determinei que não abusaria do meu coração. E sabia que meu coração não poderia abusar de mim. Por que não? Porque a matéria não tem inteligência, por si, para agir de uma maneira ou de outra. Na realidade, o homem reflete a inteligência da Mente divina, que governa o universo, incluindo o homem. À medida que compreendemos esse fato espiritual, começamos a libertar-nos da crença de sermos seres mortais sujeitos à matéria. Isso era certamente verdade no meu caso. O ataque de coração ocorreu há muitos, muitos anos. Tenho levado, sem dúvida, uma vida ativa e feliz desde essa ocasião.
Essa experiência, contudo, impeliu-me a um despertar mais profundo sobre onde colocar meus afetos. Tomei as providências decisivas e práticas para impedir nova ocorrência. Com gratidão genuína, orientei conscienciosamente minha afeição para Deus, o Princípio divino, não para um sentido pessoal finito de outrem. Escrevendo baseada em anos de experiência, a Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde: “As dores dos sentidos são salutares, se desarraigam as crenças errôneas nos prazeres e transplantam as afeições do sentido para a Alma, onde as criações de Deus são boas e ‘alegram o coração’.”
Na verdade, nenhum de nós está sujeito a um corpo material, porque nossa identidade é realmente espiritual. E à medida que transplantamos nossas afeições do sentido material de identidade para o espiritual, nossos contatos com os outros tornam-se mais harmoniosos e nossa saúde melhora.
Na Ciência, o estar livre da doença ou das limitações associadas com o corpo material não ocorre simplesmente por se mudar de atitude, mas por se adquirir um ponto de vista mais espiritual. Esse ponto de vista espiritual faz-nos refletir sobre onde nosso coração — nossas afeições — efetivamente estão e reconhece que o Amor divino é universal. O homem real — sua e minha natureza verdadeira — é o resultado desse Amor. Quando compreendemos isso, as tensões humanas começam a ceder.
A abordagem da Ciência Cristã em relação à cura de qualquer doença é inteiramente espiritual. O diagnóstico é sempre mental, nunca físico. Daí que o tratamento seja metafísico e procure nos regenerar, não apenas física, mas também moralmente. A oração, o reconhecimento da amorosa relação de Deus com o homem, elimina o medo. E ao sermos libertados do medo, o resultado natural é libertarmo-nos da doença. A Ciência Cristã cura a mente humana da crença de que haja algo a temer. Faz isso proprocionando-nos uma certeza inteligente de que Deus nos ama e de que somos espirituais e inseparáveis dEle.
Por que é que esse ponto de vista espiritual é importante para a cura? Para começar, na Ciência a cura de qualquer doença inclui muito mais do que atividade física mais desimpedida. Implica regeneração e maior atividade espiritual, que resultam em crescimento do caráter cristão.
Em meu próprio caso, o repentino crescimento do caráter cristão me permitiu expressar em maior grau as qualidades crísticas, tais como, confiança, amor, calma e felicidade. Também impediu uma interrupção na relação harmoniosa que sempre existira entre esse familiar e eu — uma relação de que ainda hoje desfruto. Aprendi que, na realidade, esse indivíduo nunca foi um mortal sem consideração, mas uma idéia imortal, inteligente e terna do Amor.
Bem, e se pensarmos que nosso problema físico é hereditário? Não precisamos aceitar isso, assim como não precisamos aceitar as características de outro membro da família — vontade férrea, tendência para preocupações, temperamento exaltado. Elas podem ser corrigidas se constantemente nos apercebemos de nossa ininterrupta e inviolada união com o Amor divino.
Deus é o Pai-Mãe de todos, o Progenitor universal todos. Em Retrospecção e Introspecção, a Sra. Eddy escreve: “Deus está acima de tudo. Só Ele é nossa origem, nossa meta e nosso ser. O homem real não é do pó, nem é jamais criado pela carne: porque seu pai e sua mãe são o Espírito único, e seus irmãos são todos filhos do mesmo pai, o bem eterno.”
À medida que compreendermos isso, perceberemos que não estamos sujeitos a leis de hereditariedade. Não estamos sujeitos a elas, porque só estamos subordinados às leis de Deus. Vemos que nosso único e verdadeiro Progenitor é Deus, o Pai-Mãe Amor. E nossos pais e avós humanos — e todos os nossos antepassados — também tiveram, como Pai-Mãe Amor, esse Progenitor verdadeiro. Quando vemos isso, sabemos que não pode existir uma herança destruidora, porque todos temos a mesma fonte espiritual — nosso Pai-Mãe Amor.
Cada um é vitalizado pelo Amor divino. Cada um é propulsionado pela Vida divina, na qual a ação é sempre normal, nunca agitada, nunca inativa, nunca errática. A tranqüilidade de cada um é encontrada por meio da expressão da serenidade sem esforço da infinitude da Alma, da liberdade sem peias da Verdade divina e da paz da Mente perfeita. Começamos a ver essa serenidade, liberdade e paz à medida que expressamos as qualidades crísticas que Deus nos concedeu. A Bíblia diz-nos, em Atos, que Deus “a todos dá vida, respiração e tudo mais.” Porque Deus é infinito, não pode haver insuficiência do que Ele concede. Quão vital é, pois, que conheçamos melhor a Deus e o amemos de todo o nosso coração.
