Fico Sempre Muito comovida ao saber de relações familiares discordantes ou tensas, que foram sanadas através do poder da oração. É evidente que todos nós desejamos que nosso ambiente familiar seja terno e amoroso. Se isso não acontece, talvez nos sintamos desesperadamente privados de algo muito valioso. Mas, independentemente de quão infeliz, ou mesmo destrutiva, essa relação familiar possa ser, podemos voltar-nos para Deus, que é a verdadeira fonte do amor, e encontrar a cura. Podemos recorrer a Ele em oração humilde e ficar à escuta.
A oração mais eficaz é essa atitude de escutar, tal qual uma criança, não pedindo a Deus para modificar alguém (não importando quanta mudança nós pensemos que essa pessoa precisa)! À medida que deixamos que nosso próprio pensamento seja transformado pelo Seu amor, começamos a ver-nos a nós mesmos e à nossa família sob nova luz.
O modo como vemos a nós próprios e aos outros depende de aceitarmos a perspectiva espiritual ou material do homem e de seu relacionamento com Deus. Ambas as perspectivas se encontram na Bíblia, no livro do Gênesis, e diferem radicalmente no modo como descrevem os relacionamentos.
No relato espiritual da criação, apresentado no primeiro capítulo do Gênesis, Deus é o único criador, o Pai do homem, e o homem é feito à imagem de Deus, para O refletir. A Bíblia diz-nos: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Aqui temos o homem, inteiramente criado à semelhança de Deus, espiritual, “homem e mulher,” brilhando como idéia de Deus, o resultado da bondade e do amor de Deus. Esse relacionamento intacto com nosso amoroso Pai apresenta o significado espiritual de família.
As coisas, no entanto, começam a ficar um tanto confusas no segundo capítulo! Deus e o homem encontram-se agora separados desde o começo. Um Deus “lá em cima” cria um homem “cá em baixo” do pó da terra. Depois a mulher é criada e rapidamente se desentende com o homem. À medida que o relato continua, vemos Deus zangado com o homem, o marido acusando a esposa, irmão odiando irmão, e uma quase infindável genealogia do homem como pai do homem, provocando muita discórdia ao longo do caminho. Esse segundo relato é uma versão material da criação, uma história de relações familiares discordantes e tensas, incluindo todas as diversas formas de separação e conflito.
A Sra. Eddy torna claro em Ciência e Saúde o que está na raiz de todo conflito familiar: “A crença errônea de que a vida, a substância e a inteligência possam ser materiais, produz ruptura, desde o começo, na vida e na fraternidade do homem.” Ela também diz: “Ninguém pode razoavelmente duvidar que o propósito dessa alegoria — desse segundo relato do Gênesis — seja descrever a falsidade do erro e os efeitos do erro.”
Se aceitamos essa visão errônea e material da vida e do relacionamento humano estamos identificando a nós mesmos e a nossos familiares como mortais discordantes e acabamos concordando com esse infeliz relato, que é o resultado inevitável da visão material. Mas se compreendemos e aceitamos a visão espiritual, o homem criado à semelhança de Deus, estamos estabelecendo o fundamento que prova que o afeto, a harmonia, a alegria e os relacionamentos intactos são a realidade da família.
Através da oração cristã científica, elevamos nosso pensamento acima da aparência material discordante e vemos a verdade espiritual do ser. Essa oração baseia-se na compreensão de que nós e nossa família já estamos abrangidos no amor, como filhos do Amor. Sendo o Amor, Deus, o único Pai divino, todos os relacionamentos — entre filho e pai, entre pai e filho, e entre irmãos — devem ser ternos. Sendo o Amor infinito e sempre presente, não pode haver lugar para o atrito ou a discórdia. Como o Amor é eterno, nunca pode ter havido um momento em que a infelicidade ou a desarmonia tenham tido um começo. E uma vez que a lei do Amor governa sua resplendente criação, nenhuma assim chamada lei de conflito pode governar nossas relações familiares. Esses fatos espirituais constituem a lei que põe fim a toda dissensão familiar, lei que restabelece a harmonia, a ternura, o afeto e a paz em nossos lares.
Essa lei do Amor está em ação em nossa vida através do Cristo, a verdadeira idéia do Amor. Cristo Jesus foi quem melhor representou essa idéia verdadeira. O Cristo incorpóreo, a Verdade, está sempre presente em nossa consciência para transformar e curar. A Verdade dissolve o medo, o desprezo e a condenação, e traz à luz a compaixão, a bondade e a compreensão Desse modo a rispidez e a crítica dão lugar à ternura e à paciência. Vemos o Amor dissolver o egocentrismo e a justificação própria quando, em nosso pensamento toma lugar o verdadeiro sentido espiritual de Deus como Amor, e do homem como sua protegida criação, que também é capaz de amar. Essa atitude mental permite a livre expressão das qualidades que jorram do Amor. O amoroso Cristo nos leva a querer abrir nosso coração para a luz do Amor e a ver nossos familiares sob essa luz.
Não se pede que amemos na outra pessoa o que não é bom. É impossível amar o que é falso. No entanto, o Cristo redentor ajuda-nos a discernir o que é verdadeiro, transforma nosso pensamento e nos leva a sentir o amor que Deus tem por nós e pelos outros.
O hino 278 do Hinário da Ciência assim: “Céu, lar, são teus, peregrino na terra,...” Essas confortantes e encorajadoras palavras nos alertam para o fato de que o lar e a família estão, acima de tudo, em nossa própria consciência, não “lá adiante” onde nada podemos fazer. É possivel harmonizar, melhorar, restaurar e curar o que precisa de cura, porque a cura sempre ocorre, em primeiro lugar, em nosso próprio pensamento. A verdade espiritual não é uma mera abstração que soa bonito. A verdade de que Deus é o Pai-Mãe Amor e de que o homem é o filho amado desse Pai divino, toma forma em nosso relacionamento humano à medida que nos dispomos a transformar nosso pensamento com a compreensão e com a prática dessa verdade.
Uma das mais encantadoras experiências que já tive foi o desenvolvimento de um relacionamento mais terno com meu pai.
Há alguns anos, quando minha mãe, a quem eu muito amava, ficou doente, meu pai tornou-se irritadiço e passou a insultar-nos verbalmente. Ele costumava telefonar-me nas horas mais impróprias, tanto em casa como no emprego. Usava palavras de baixo calão e uma vez até disse que me odiava. Esses de tal modo me perturbavam, que eu comecei a tremer sempre que o telefone tocava. Essa situação perdurou alguns meses.
Quando minha mãe faleceu, senti extremo pesar. Também me senti atormentada pelo recente quadro de discórdia em minha família que se repetia constantemente em meu pensamento.
Nessa altura meu marido e eu percebemos que, ao longo dos anos, nosso amor, nossas visitas e nosso senso de família estiveram centrados em minha mãe. E agora, aí estava meu pai precisando de nosso amor, apesar de estar sendo tão desagradável para conosco.
Sabíamos que não era correto aparentar afeição quando honestamente não sentíamos afeto, ou fazer um esforço contra nossa vontade e recorrer a estratagemas para agüentar nossas visitas familiares. Desejávamos, sinceramente, a cura. Queríamos, verdadeiramente, sentir em nossos corações o terno amor de Deus por esse homem. Foi então que nos voltamos par Deus em oração.
Durante os meses que se seguiram, pude sentir o Cristo, a Verdade, em ação em meu pensamento, substituindo a crença num mortal difícil, obstinado e irritadiço com a verdade da identidade espiritual de meu pai como o amado filho de Deus. Amor, ternura e perdão inteiramente meu pensamento quando pensava nele, afastando o medo e a condenação. Percebi que nenhuma qualidade desagradável ou antipática podia alguma vez ter feito parte de sua natureza, ou da minha, como imagem do Amor. Eu sabia que o mesmo amoroso Cristo que estava em ação em meu estava também revelando a meu pai o amor que Deus tem por ele.
À medida que meu pensamento sobre meu pai ia sendo transformado pela oração, nosso relacionamento tornou-se mais harmonioso e afetuoso. Nossos telefonemas tornaram-se mais freqüentes e alegres. E quando meu marido e eu fomos visitá-lo em sua cidade, nossa visita foi marcada por um genuíno afeto. Meu pai disse que gostou muito do tempo que passamos juntos, que ele me amava e que sentia que meu marido era uma boa pessoa também. O quanto essas palavras significaram par nós!
Quando meu pai faleceu, uns poucos meses depois, senti-me especialmente grata pela compreensão que tinha ganho sobre sua espiritual como filho do Amor divino. Também senti que à medida que o amor por meu pai aumentava, o profundo pesar que tinha sentido após o falecimento de minha mão estava diminuindo. Eu estava ganhando uma mais viva do relacionamento intacto e eterno do Amor divino com meus pais como Seus filhos e uma compreensão mais clara de meu próprio relacionamento com cada um deles.
Não importa quão séria ou prolongada seja uma discórdia familiar, ela pode ser curada! A luz sempre presente do Cristo está brilhando agora mesmo para dissipar as trevas. Aquela triste história de discórdia, a alegoria que começa no segundo capítulo do nunca foi verdadeira. A crença em relações desarmoniosas nunca teve começo, história, ou A compreensão espiritual sobre o eterno e imutável amor de Deus por todos os Seus filhos e sobre a terna relação que eles têm entre si, dissipa o que procura impedir a manifestação do amor em nossas relações familiares e traz à luz a harmonia. E essa harmonia é quando cedemos à lei do Amor.
