Ao Que Parece, existem quase tantos livros sobre a educação de filhos quanto livros de culinária. Eles analisam as várias fases de crescimento das crianças, seu desenvolvimento psicológico e sua conduta.
Assim como os adultos precisam de tempo para suas reflexões, sem serem perturbados, o mesmo acontece com os bebês.
"Por onde começar, a fim de encontrar a melhor orientação?", perguntarão os pais conscienciosos. Para mim e meu marido foram outras as perguntas que serviram de ponto de partida: O que são esses pequenos seres que entram na família e parecem ser tão dependentes? Seriam eles essencialmente minúsculos prodígios biológicos, como parecem afirmar as conversas que acompanham a gravidez, a infáncia e a educação dos filhos?
Numa tentativa de responder a essas questões, encontrei uma definição muito útil de filhos. Está no livro-texto da Christian Science e diz: "FILHOS. Os pensamentos e representantes espirituais da Vida, da Verdade e do Amor.
"Crenças sensuais, mortais; contrafações da criação, cujos originais melhores são os pensamentos de Deus, não no estado de embrião, mas no de maturidade; suposições materiais de vida, substância e inteligência, opostas à Ciência do ser" (Ciência e Saúde, p. 583).
Obviamente, essa é uma definição atípica. A primeira parte referese se a filhos como sendo espirituais e não biológicos. Ela faz eco ao que diz o primeiro capítulo do Gênesis, onde está escrito que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus, o Espírito, e recebeu o domínio sobre a terra.
A segunda parte dessa definição dá uma visão material de filhos. No entanto, achei-a particularmente instrutiva. Ela descreve exatamente aquilo que parece acontecer — por exemplo, que as crianças estão sujeitas a experiências sensuais. Contudo, a definição continua, declarando que essa visão mortal, material, é o oposto do filho de Deus, que é espiritual. Ela declara também que esse original espiritual existe "não no estado de embrião, mas no de maturidade". Esse é um conceito maravilhosamente libertador para os jovens pais.
O fato espiritual é que a criança tem uma identidade outorgada por Deus, a qual jamais se encontra num estágio de desenvolvimento, mas sim, no de plena maturidade, tal como um botão de flor já está completo e vai desabrochando continuamente. Esse fato nos dá uma base sobre a qual encarar a educação da criança com maior liberdade e alegria. Observar o desabrochar de uma idéia de Deus, da maneira por Ele determinada, não implica sobrecarga nem preocupação. Se uma criança não é apenas um ser biológico, com necessidades biológicas, mas é uma idéia madura, individual, de Deus, ficamos livres para cuidar das necessidades físicas de nossos filhos, sem contudo centralizar demais a atenção sobre eles. Essa maneira de pensar também acaba libertando a criança, mesmo o bebê, do egocentrismo e da atenção concentrada nas necessidades do corpo.
Foi assim que procedemos com nossas filhas. Orávamos do ponto de vista da maturidade inata do bebé, mesmo durante a gravidez. Constatamos que, mesmo quando nossas filhas faziam birra, nós conseguíamos ficar calmos, sabendo que suas necessidades básicas haviam sido atendidas e compreendendo que a natureza espiritual delas era completa e estava em paz. O choro nunca durava muito. Quando elas eram bebés, costumávamos deixá-las, por algum tempo, sozinhas no cercadinho. Nós sabíamos que, como idéias completas, elas tinham a capacidade de pensar. Assim como os adultos precisam de tempo para suas reflexões, sem serem perturbados, o mesmo acontece com os bebés. O resultado foi que elas desenvolveram com naturalidade um senso de independência e sentiam-se bem com quase todas as pessoas.
O indivíduo espiritualmente maduro é altruísta; era, pois, natural esperar isso de nossas filhas. Evitávamos aceitar os rótulos de cada fase, como se eles fossem inevitáveis na vida dos bebés ou das crianças pequenas. Não há fases difíceis no desenvolvimento de uma idéia espiritual completa. É claro que surgem desafios, e há ocasiões em que é preciso mudar o comportamento. Contudo, ao encarar esses desafios do ponto de vista espiritual, sabendo que a criança já inclui todas as boas qualidades, nós conseguimos naturalmente trazer à tona o bem, sem desgaste emocional.
Ao tomar essa atitude a favor da inteireza espiritual de nossos filhos, damos-lhes a oportunidade de logo perceberem sua própria maturidade, sua natureza alegre e altruísta. Essa maneira de pensar e agir faz com que o privilégio de sermos pais se torne ainda mais sublime.
 
    
