Você tem às vezes a impressão de que a escola é uma luta entre você e os professores? Ou que há algumas matérias que simplesmente não lhe interessam? Isso acontecia comigo também e, é claro, as aulas pareciam ir cada vez mais devagar, se arrastando. E assim era ainda mais difícil tirar algum proveito delas.
Só depois de algum tempo na faculdade é que eu percebi que alguma coisa tinha de mudar — e compreendi que essa "alguma coisa" era eu. Isso parece ilógico, não é? Afinal, não era eu que tornava a aula maçante, era o professor que não dava aula direito, não acham?
Eu tinha problemas com sociologia porque o método do professor era muito tedioso, na minha opinião. Minhas notas não saíam da média — poucos esforços, baixos resultados. Havia outro professor que parecia estar atrasado uns vinte anos! Nada do que dizia parecia ser relevante para a atualidade. Para eu conseguir me formar precisava cursar outras matérias como essas.
Certo dia, então, deparei-me com esta frase de Ciência e Saúde: "O pecado faz seu próprio inferno, e a bondade seu próprio céu." Ciência e Saúde, p. 196. Aquelas aulas, com certeza, pareciam infernais, um desperdício de tempo e de trabalho. Essa frase, porém, fez-me entender que meu modo de pensar e de encarar as aulas tinha influência direta sobre meu desempenho.
A humildade é a capacidade de ser modesto em nosso próprio pensamento, escutar os outros e, acima de tudo, escutar a Deus.
"Será que eu poderia ouvir mais do que as meras palavras do professor?" perguntei-me. "Porventura minha opinião sobre os professores e meus gostos pessoais estavam sendo proveitosos? Será que eu poderia conseguir encontrar algo de bom naquelas aulas, a fim de tornar minha experiência universitária mais produtiva?"
Há uma palavra que, compreendida, ajuda-nos a vencer os preconceitos e os sentimentos negativos. Essa palavra é: humildade. A humildade é a capacidade de ser modesto em nosso próprio pensamento, escutar os outros e, acima de tudo, escutar a Deus.
O que têm Deus e a humildade a ver com nossos estudos e com as aulas? Quando o processo educacional é visto como se se tratasse de um mortal tentando passar informações a outro mortal, abrimos a porta a todo tipo de obstáculo que parece impedir nosso máximo proveito das oportunidades de aprendizagem — obstáculos tais como uma preocupação excessiva com as picuinhas das diversas personalidades, e outras coisas do gênero.
Humildemente, temos de pôr de lado essa falsa suposição da existência de uma mente separada de Deus e compreender que o homem é a idéia, o filho, de Deus, a Mente divina e única. A Mente divina é a fonte da inteligência de todos os envolvidos no processo de aprendizagem. E Deus não tem dificuldades em tornar as coisas claras para Si mesmo. Por isso, Seus filhos, Suas idéias espirituais e perfeitas, que O refletem, têm facilidade e clareza de comunicação. Deus é Vida e Verdade divina, portanto Ele é vivaz, incisivo e digno de crédito — nunca maçante!
A humildade exige que abandonemos nossas próprias teimosias e sigamos a Deus, a Verdade. Por meio da oração humilde, compreendemos que até aquele professor "mais chato" é, em realidade, a idéia amorosa de Deus. Daí vemos que é possível escutar com discernimento aquilo que nos está sendo ensinado. Estaremos, então, escutando de verdade e a informação que estiver sendo transmitida não será recebida como algo estagnado ou ultrapassado, mas será útil e até mesmo inspiradora.
A estrofe seguinte, do hino 291 do Christian Science Hymnal, ajudou-me a expressar mais humildade:
Faz calar, Senhor, meu duro
coração
Torna-me meigo, puro e manso,
Reto, simples, livre de artimanhas;
Torna-me como a criança,
Livre de inveja e desconfiança,
Feliz com tudo o que agrada a Ti.
Numa época de nossa vida em que mais procuramos aquela compreensão que acompanha a maturidade e a experiência, pode nos parecer contraproducente orar a Deus: "Faze-me ser como uma criança." Orar assim, entretanto, não significa regredir. Ao contrário, impulsiona-nos a ir para frente, capacita-nos a expressar qualidades divinas como a gentileza, pureza e simplicidade. Essas qualidades da criança são inatas no homem e ajudam-nos a cumprir com êxito as exigências de nossos estudos — e de Deus.
O Apóstolo Paulo disse: "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das cousas próprias de menino." 1 Cor. 13:11. Ao crescer, temos oportunidades de colocar de lado o comportamento e os conhecimentos infantis; mas nunca chegará a hora de dispensarmos as qualidades espirituais da criança. Opiniões obstinadas, decisões impulsivas, julgamentos superficiais são infantis, num sentido muito negativo. Em vez disso, podemos prosseguir com humildade, ouvindo atentamente o que nos está sendo pedido, mostrando nossa maturidade e capacidade espiritual para o bem, e seguindo o exemplo de Cristo Jesus.
Quando, finalmente, aprendi essa lição, a aula de sociologia, que antes me deixava irritado, tornou-se muito interessante. Com muita alegria li toda a bibliografia necessária e prestei atenção ao professor que, em verdade, tinha idéias maravilhosas a compartilhar. Tinha essa matéria quatro vezes por semana, três horas de cada vez, e acabei gostando muito de todas as aulas. Também vi que aquele professor que parecia viver em outra época tinha um grande amor pela matéria dele. O curso seguinte que fiz com ele foi interessante e estimulante. As outras matérias que a princípio não haviam me entusiasmado, inesperadamente abriram-me os olhos para a necessidade de ajudar os outros. Tirei notas excelentes, como reflexo da melhora em minha atitude mental para com todas as matérias. A humildade transformou uma experiência universitária infernal em uma atividade alegre e produtiva.
 
    
