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Matéria de capa

Ajudando a salvar as crianças do mundo

Da edição de maio de 2001 dO Arauto da Ciência Cristã


Notícias de várias partes do mundo, da América Latina, Índia, Paquistão, África, Sudeste da Ásia, denunciam a exploração de crianças. O número de crianças abandonadas, sem lar, é, aparentemente, estarrecedor, e parece ser muito maior do que nossa capacidade de ajudar. Na Venezuela, porém, um grupo de pessoas decidiu desafiar a idéia de que nada poderia ser feito, e o resultado é a "Asociación Ayuda a Un Niño" (Associação Ajude a uma Criança). , uma advogada que vive na Venezuela, falou recentemente com sobre seu trabalho nessa instituição.

A Associação Ajude a uma Criança é composta de um grupo de mulheres de todas as partes do mundo, que agora vivem na Venezuela. Começamos com uma casa para crianças que viviam na rua. Atualmente temos seis casas. A necessidade dessa espécie de abrigo é muito grande neste país, e as crianças reagem muito rapidamente ao amor e ao cuidado que recebem aqui.

Nosso trabalho se concentra nos bairros pobres, onde procuramos conversar com as pessoas. Nosso objetivo é que as crianças que estejam vivendo conosco possam, se possível, reintegrar-se no seu ambiente social.

Como você começou a participar da associação?

Estudei direito em Barcelona, Espanha, mas não pude trabalhar nessa área aqui na Venezuela. Eu queria muito fazer algo que fosse útil aos outros. Estou com a associação há mais ou menos seis anos. Hoje tenho dois filhos adotivos, que vieram desses ambientes sociais cheios de dificuldades.

Quantas crianças estão vivendo na casa pela qual você é responsável?

Vinte e cinco.

Você conhece a família dessas crianças?

De algumas, sim. Muitas vezes as crianças estão simplesmente vivendo nas ruas e nada sabem sobre seus familiares, nem mesmo se eles estão vivos ou não. Existem situações terríveis. Algumas vezes conseguimos reunir as famílias, mas outras vezes isso é impossível.

O que a ajuda em seu trabalho com as crianças?

A oração é muito importante. Em primeiro lugar, preciso cuidar do meu pensamento para não ficar impressionada com todas as coisas que vejo nesses lugares. A oração me proporciona o conceito correto sobre a situação. Também me empenho muito para compreender que o cuidado que as crianças recebem não é simplesmente o resultado do meu trabalho. Deus dá a elas tudo o que necessitam. Essa perspectiva tem aberto muitas portas e nos tem ajudado a conseguir todas as coisas de que necessitamos.

Você ora para não se desesperar com a situação difícil em que essas crianças se encontram?

Sim. Não quero aceitar a idéia de que alguém possa estar numa situação tão difícil que Deus não o possa ajudar, ou que os filhos de Deus possam estar carentes de alguma coisa, não tenham lar, amor nem felicidade. Sentir tristeza em relação às crianças ou à sua situação somente piora as coisas para elas.

Você já teve algum tipo de problema com o governo devido a esse trabalho com as crianças? Já houve alguma espécie de questão jurídica relacionada com essa atividade?

Não, porque temos uma abordagem diferente da adotada pelas instituições governamentais. Começamos com uma casa aberta. Isso significa que as crianças podem entrar e sair sempre que desejarem. Isso fez com que nossa iniciativa fosse muito bem sucedida, porque neste país existem muitas casas que recolhem as crianças e as obrigam a ficar ali, como se estivessem presas. Isso não é bom porque, dessa forma, as crianças não se sentem incentivadas a mudar sua vida ou seus pensamentos.

Também existem as crianças que usam drogas. Quando as crianças têm problemas com drogas, as encaminhamos a outras associações, mais especializadas nesse tipo particular de situação.

Em condições diferentes daquelas em que se encontravam, as crianças se tornam receptivas ao nosso amor e confiança. Quando você confia nelas, elas começam a confiar em você, e compreendem que não tiveram escolha na vida. Que estavam fazendo aquelas coisas porque não tinham amor suficiente para importar-se consigo mesmas e terem uma vida diferente.

Como você encara essa situação, do ponto de vista de advogada?

Gosto de pensar que sou uma advogada de Deus, uma advogada que se baseia nas leis de Deus. Perece que essas crianças estão enredadas em um número enorme de leis que não são boas e que precisamos transgredir "leis" injustas. Mas essas não são realmente leis, porque não provêm de Deus. Os filhos de Deus são guiados por leis espirituais, que dão a eles tudo o que necessitam. E essas leis espirituais ajudam as crianças a serem honestas, a fazerem coisas certas e inteligentes, a serem saudáveis também.

Em nosso trabalho, temos contato com médicos e psicólogos. Muitas vezes, eles fazem afirmações que parecem ser leis de tristeza. Certa vez, um psicólogo fez o seguinte comentário a respeito de um menino que estava com quatro anos na ocasião: "Essa criança, ou vai matar alguém ou vai acabar se matando".

Fiquei chocada com aquele comentário. Então pensei: isso não pode ser uma lei. É impossível que um ser humano, uma criança de quatro anos, não possa ter outra escolha. Orei para compreender que somente as boas leis de Deus estavam guiando aquelas crianças.

Aquele menino, em particular, fez muito progresso e agora deve ter uns dez anos. Ele está morando numa casa e é uma ótima criança.

Você tem observado o progresso de outras crianças?

Sim. Elas reagem muito rapidamente ao amor que recebem. Elas mudam. Elas querem esquecer tudo e começar outro tipo de vida. Uma das crianças pequenas que conheci no meu trabalho, tornou-se meu filho. Ele está com cinco anos. Tinha dois anos e meio quando chegou à associação. Ele vinha de uma situação terrível de abandono e subnutrição. Estava muito doente e precisava de alguém para tomar conta dele. Eu disse: "Está certo, posso tomar conta dele por algum tempo".

Mas ele começou a demonstrar muito amor por nós e nos apaixonamos por ele. Foi assim que ele ficou conosco. É um menino brilhante. Está falando inglês melhor do que eu, porque freqüenta a Escola Internacional aqui em Valência. Ele é muito criativo e amoroso com a irmã de um aninho. Ele é muito carinhoso e inteligente!

Em todo o mundo existem crianças sem lar. O que é que lhe dá esperança quando você considera o tamanho do problema?

Sabe, existe uma história que se conta na Venezuela. Um dia, o mar estava muito furioso e trouxe milhares de estrelas-do-mar para a praia.

Um homem, já idoso, começou a apanhar as estrelas-do-mar, uma a uma, e a lançá-las de volta para o oceano. Um jovem, ao vê-lo, observou: "Veja, existem milhares delas. Você não pode salvar todas. Por que está fazendo isso?"

O homem, que tinha uma estrela-do-mar na mão, respondeu: "Bem, eu não posso salvar todas, mas ao menos esta eu salvarei." E a atirou no mar.

Penso que é uma idéia muito boa procurar concentrar-se basicamente na ajuda a um ser humano. O problema é muito grande, mas existem muitas pessoas que estão dispostas a ajudar e a expressar amor pelos outros.

Você já falou sobre a necessidade de ajudar as crianças a compreender que elas têm escolha. O que mais você pode dizer a esse respeito?

Esse ponto de vista espiritual, que nos permite reconhecer que essas crianças são filhos de Deus, nos dá a confiança de que as oportunidades são infinitas. Existe um trecho em Ciência e Saúde que diz: "Deus expressa no homem a idéia infinita que se desenvolve eternamente, que se amplia e, partindo de uma base ilimitada, eleva-se cada vez mais" (p. 258).

Esse conceito de uma vida ilimitada é o que eu desejo para todas essas crianças.

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