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REFLEXÃO

Sacramento

Da edição de agosto de 2006 dO Arauto da Ciência Cristã


Existem os símbolos ... e a coisa real a que eles correspondem. Um logotipo ou um slogan talvez seja o símbolo internacional para um determinado tipo de refrigerante ou de um carro, mas isso não quer dizer que esse símbolo possa saciar sua sede ou transportá-lo de um lugar para outro. Uma bandeira talvez represente seu país de origem, mas ela não pode expressar o idioma, a cultura e a beleza de sua terra natal. Uma aliança de casamento talvez simbolize o matrimônio, mas apenas indica o compromisso e o afeto duradouro que o casal possa sentir um pelo outro.

Isso é muito semelhante aos símbolos do sacramento cristão. Ao longo dos séculos, toda uma tradição desses símbolos foi desenvolvida, mas a "verdadeira essência" do sacramento está muito além de qualquer coisa que um símbolo visível ou um ritual jamais pode expressar. O verdadeiro sacramento cristão transforma a vida das pessoas, transforma o mundo, é revolucionário. Ele se refere a nossa união com Deus, à comunhão contínua com a Divindade, fluindo eternamente, e à conexão íntima, inquebrantável, fundamentada na relação um-a-Um com o divino Pai-Mãe.

O sacramento celebrado por Jesus

No mundo antigo, sacramento era um juramento de fidelidade a um líder militar. Mas, foi Cristo Jesus que viveu mais plenamente o sacramento como uma aliança com Deus e que melhor ajudou o mundo a compreender o que a comunhão ou união com Deus significa. Ele disse: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30). Quando as pessoas quiseram apedrejá-lo por ter dito isso, ele citou suas "obras", ou seja, seu registro inédito e admirável de cura do pecado, da doença e até mesmo da morte, como prova de sua união com Deus. "Se eu não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se faço, e não me credes, crede nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai" (João 10:37, 38).

Contudo, para Jesus não bastava que apensas ele vivesse uma vida em união com Deus. Ele orava intensamente para que seus seguidores, em todos os tempos, fizessem parte daquela união crística: "a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós..." (João 17:21). Para consagrar essa união, ele reuniu seus discípulos mais íntimos momentos antes da crucificação, exortando-os a se unirem ao "corpo" e ao "sangue" de sua missão de vida, sanadora e salvadora. Como um símbolo do novo compromisso deles a essa missão do Cristo, ele os convidou a partir o pão e a beber o vinho com ele.

A introdução de práticas ritualistas

Após a crucificação e ressurreição de Jesus, à medida que os séculos passavam e que o compromisso inicial de seus seguidores para com a missão de cura espiritual de Jesus se desvanecia, em muitos casos, a forma do sacramento ofuscava sua substância na Igreja Cristã. Os padrões de culto sem entusiasmo, rotineiros, substituíram o fervor Pentecostal original. João de Patmos criticava severamente essa abordagem sem brilho, ao falar aos cristãos em Éfeso: "...abandonaste o teu primeiro amor" (Apocalipse 2:4).

O verdadeiro sacramento cristão transforma a vida das pessoas, transforma o mundo, é revolucionário. Ele se refere a nossa união com Deus.

Assim, gradativamente, o conceito de sacramento foi institucionalizado com cerimônias, ritos e rituais. O momento sacramental que Jesus havia compartilhado com seus discípulos, de alguma maneira, multiplicou-se em um espectro de sete sacramentos: batismo, crisma, eucaristia, penitência, extrema-unção, sacerdócio [consagração], matrimônio. Cada um desses sacramentos era administrado por um intercessor, um membro do clero. A comunhão ou a eucaristia era comumente reduzida ao ato de comer o pão e beber o vinho, abençoados por um clérigo da Igreja.

Tragicamente, a concepção de comunhão direta, entre o fiel e Deus, parecia quase perdida.

Retorno ao sacramento cristão original

Um dos aspectos mais radicais da teologia que Mary Baker Eddy revelou em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras foi o retorno à pureza simples do sacramento original que Jesus deu ao Cristianismo, assim explicado: "Nossa Eucaristia é a comunhão espiritual com o único Deus" (p. 35). Nenhum intermediário, nenhum clero, nenhum símbolo material. Somente um grato e receptivo coração, em humildade, comungando diretamente com o Pai e Mãe do universo. Esse intercâmbio natural entre o Criador e a criação é inteiramente espiritual, alicerçado na união do homem com Deus. Os símbolos materiais podem, na verdade, prejudicar a verdadeira comunhão, ameaçando sua própria integridade. Ciência e Saúde declara corajosamente: "Perde-se espiritualmente o verdadeiro significado do sacramento, se este se restringir ao uso de pão e vinho" (p. 32).

Não é de se admirar que a Igreja que Mary Baker Eddy fundou, em 1879, reflita esse conceito de sacramento, radicalmente novo e, ao mesmo tempo, antigo. O Manual da Igreja da Sra. Eddy exige um tipo de culto de Comunhão maravilhosamente inovador, ou seja, um culto congregacional significativo e espiritualizado. Nele não existe nenhum dos símbolos materiais tradicionais ou ritos. O ápice do culto está em uma Lição Bíblica apresentada duas vezes ao ano sobre "Sacramento", que inclui trechos de Ciência e Saúde sobre o assunto.

Para muitos freqüentadores, a importância do culto de Comunhão da Christian Science é algo sem precedentes na história do sacramento cristão: uma comunhão totalmente silenciosa!

A inovação da oração silenciosa

Para muitos freqüentadores, a importância do culto de Comunhão da Christian Science é algo sem precedentes na história do sacramento cristão: uma comunhão totalmente silenciosa! Depois que a Lição Bíblica é lida, o Manual da Igreja explica: "O Primeiro Leitor, em breves palavras, convida a congregação a ajoelhar-se em comunhão silenciosa". O que se segue é uma experiência cristã pungente e profunda. Cada pessoa ajoelhada, comunga, silenciosa e humildemente, com Deus, à sua própria maneira. Então, ainda ajoelhada, a congregação se une, repetindo em voz alta, a Oração do Senhor (ver: Manual d'A Igreja Mãe, pp. 125-126).

Qual era exatamente o propósito dessa oração silenciosa no novo culto de Comunhão? A explicação, publicada no Journal de agosto de 1889, sugere as grandiosas expectativas da Sra. Eddy para esse período de profunda comunhão individual com Deus: "O sacramento deverá ser observado... mediante um curto período de auto-exame, solene e silencioso; cada membro perguntando-se se está à altura de ser chamado um seguidor de Cristo, a Verdade; perguntando-se o quanto realmente ama o ser humano e qual sua condição no que diz respeito à fraternidade e à comunhão com o Cristo; e se está crescendo em compreensão e demonstração da Verdade e do Amor, afastando-se do mundo e separando-se do erro, tornando-se menos egoísta, mais caridoso e espiritual, ou seja, se está caminhando de forma condigna à sua elevada vocação. O Sacramento também deverá ser observado por meio da oração silenciosa que expulsa o erro e cura o doente e por meio da resolução sagrada de participar do pão que desce do céu e de beber do seu cálice de sofrimentos e perseguições terrenas, e isso pacientemente, por amor ao Cristo (por amor à Verdade), sabendo que, se sofremos pela justiça, somos abençoados pelo Pai". (The Christian Science Journal, agosto de 1889, p. 259).

Carregando a cruz e usando a coroa

Nenhuma pessoa lê o capítulo "Reconciliação e Eucaristia", de Mary Baker Eddy, sem ficar frente-a-frente com o fato de que a auto-avaliação honesta e a regeneração estão no âmago da experiência sacramental. Passar simplesmente por atos de comunhão não purifica o coração nem traz transformação interior. A Sra. Eddy escreveu: "Os cristãos têm de pegar em armas contra o erro, em casa e fora de casa. Têm de lutar contra o pecado em si mesmos e nos outros, e continuar essa batalha até que tenham completado sua carreira" (Ciência e Saúde, p. 29). Somente assim poderão ser restaurados na semelhança do divino e vivenciar um novo começo espiritual a cada momento, com sua mão nas de Deus. Somente assim poderão participar da missão de vida do Mestre e esperar ser sanadores cristãos eficazes.

O caminho para a autotransformação e espiritualização do pensamento não será, necessariamente fácil de ser seguido, continua o capítulo. Os cristãos de hoje necessitam, como Jesus, beber o cálice do auto-sacrifício e, até mesmo, da perseguição. Precisam carregar "diariamente" a cruz, como fez o Mestre, não apenas no domingo de comunhão.

Contudo, as recompensas serão restauradoras de vida, tanto para nós mesmo como para o mundo ao nosso redor. Os cristãos começarão a ver tudo sob a "nova luz" da refeição matinal que Jesus compartilhou com seus discípulos, após a ressurreição (Ibidem, p. 35). Eles estarão ansiosos para "pregar o evangelho", para compartilhar a verdade que lhes foi transmitida, para levar outros ao renascimento espiritual. Usarão a coroa dos verdadeiros sanadores. Farão parte de algo mais grandioso, mais majestoso do que a mente humana jamais poderá conceber, trazendo o reino dos mil anos!

Essa é a "glória milenar" que Mary Baker Eddy sabia que viria, uma vez que a humanidade trocasse os símbolos pela realidade do sacramento. Ela escreveu: "Se todos os que procuram comemorá-lo com símbolos materiais tomarem a cruz, curarem os doentes, expulsarem os males e anunciarem o Cristo, ou a Verdade, aos pobres, isto é, ao pensamento receptivo, trarão o reino dos mil anos" (Ibidem, p. 34).

Passos de coragem

Inevitavelmente, a mente mortal resiste ao nosso impulso natural de comungar com Deus e esse impulso proporciona saúde. Essa mente faz com que materializemos, intelectualizemos, tradicionalizemos e compliquemos a beleza pura de nossa união com a Divindade. Isso aconteceu no começo do século XX, quando alguns membros, arraigados às tradições, começaram a se aglomerar em torno dos novos edifícios d' A Igreja Mãe, durante os cultos de Comunhão. Os membros viajavam grandes distâncias, aos milhares, para ali celebrar uma "Temporada de Comunhão" anual. Finalmente, em 1908, a Sra. Eddy deu um basta a isso. Escreveu aos membros comunicando a abolição dos cultos de Comunhão na Igreja Mãe (embora esses cultos ainda pudessem ser realizados nas igrejas filiais em todo o mundo). Ela exortou os Cientistas Cristãos a que buscassem uma forma mais espiritual, pura e elevada de comunhão com seu Deus (ver: Manual da Igreja, p. 61).

"Tende bom ânimo" escreveu ela. "Deus vos está guiando para a frente e para o alto. Abandonar uma forma material de comunhão, fazcom que esta cresça em espiritualidade. A forma material é um 'deixa por enquanto', e é abandonada tão logo o Cristo, o Guia que nos mostra o caminho de Deus, indique o passo mais avançado. Esse Guia nos instrui a humilhar-nos e a crescer abundantemente" (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [Primeira Igreja de Cristo, Cientista e Vários Escritos], p. 140).

Esse é o ponto mais importante e revolucionário sobre o sacramento. Exige-se coragem para se cultuar de forma simples e sincera, e para abandonar os símbolos e as fórmulas exteriores que nos impedem de entrar em uma plena fraternidade com o Cristo. Exige-se coragem para agir em sintonia com nossa união com Deus, momento a momento. Se fizermos isso, nunca mais seremos os mesmos. Tampouco nosso mundo o será.

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