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ESPIRITUALIDADE E CURA

A prática pública da Ciência Cristã—Ministério e Carreira

Da edição de março de 2010 dO Arauto da Ciência Cristã


Ainda me lembro do olhar severo do avô de minha esposa, enquanto conversávamos. Ele estava bem cético a respeito de minha escolha de carreira. "Você poderá ganhar a vida como praticista?"

Hoje, rememorando aquela conversa, posso entender a razão pela qual ele estava preocupado. Ele era um empresário bem-sucedido que vencera por si mesmo, fundando sua própria gráfica. Eu iniciara minha carreira como engenheiro eletrônico, mas depois de um ano pedi demissão e dei início aos preparativos para trabalhar profissionalmente como Praticista da Ciência Cristã. Ele não sabia muito a respeito da Ciência Cristã, e não podia entender por que eu desistiria de um trabalho que me pagava um salário para que eu fizesse algo que, para ele, talvez não trouxesse provisão para a família. Sabia que a questão real era: "Como você vai sustentar minha neta"?

Antes dessa decisão, havia terminado minha instrução em Classe Primária com um professor autorizado de Ciência Cristã e simplesmente amei a ideia de dedicar meu tempo à prática da cura. Posso honestamente dizer que nunca estivera tão feliz. Apreciava o estudo profundo da Bíblia e dos escritos de Mary Baker Eddy e o tempo ininterrupto que teria para orar, ponderar e crescer espiritualmente. Foi um período de humildade e autoexame, bem como de aquisição de uma compreensão melhor da Ciência Cristã como o Consolador que Cristo Jesus nos prometeu. Estava compreendendo que a devoção à cura espiritual, fundamentada em um amor profundo a Deus e à humanidade, era a coisa mais importante para a qual dedicar minha vida.

Em realidade, minha prática, ou seja, o recebimento de pedidos de oração para pessoas em necessidade crescia de forma vagarosa. Estava muito aquém de se tornar uma fonte de renda para o nosso sustento. Na verdade, minha esposa era quem recebia a maior quantia para o sustento de nossa família.

Agora, fazendo uma retrospectiga, minha desastrosa conversa com o patriarca da família foi realmente um chamado para ponderar com honestidade o que significava estabelecer e manter uma carreira dedicada á Prática Pública da Cura. Compreendi que, para qualquer pesso ser bem-sucedida em sua profissão, é necessário trabalhar com muita dedicação e seriedade. Tornou-se óbvio para mim que eu precisava demonstrar essa mesma ética no meu trabalho. Gostar apenas da ideia da prática não era o suficiente. Para realmente ser vitorioso na prática da cura, teria de tratá-;a não apenas como uma profissão, mas também como um ministério. Como tal, meu objetivo teria de ser mais do que um ideal espiritual e inspirado. Minha prática de cura teria de ser prática, responsável, viável e eficaz.

Eu já estava investindo bastante tempo em oraçãp e estudando e me empenhando em demonstrar cada aspecto profissional da prática pública, em tempo integral. Comecei a perceber os vários aspectos da prática de maneira diferente.

Honorários

Obviamente, o objetivo da prática pública é a cura eficaz, não ganhar dinheiro. No entanto, frequentemente um dos primeiros desafios ao se estabelecer a prática pública como profissão é como lidar com o recebimento de honorários de pacientes.

Notei que vários praticistas que conhecia relutavam em cobrar ou cobravam muito pouco. No início, eu também sentia uma certa relutância em cobrar meus honorários. Achava que, de alguma maneira, estaria diminuindo a pureza espiritual da minha prática. Contudo, sabia que meu Professor de Ciência Cristã e alguns outros recebiam o suficiente para viver de maneira confortável, somente com os honorários provenientes da prática. À medida que ponderava sobre essa questão, ficou claro que isso não se referia tanto a dinheiro, mas sim a valor e identidade. O que minha prática representava para o público? Se eu não a honrasse pelo valor que ela representava, por que deveria esperar que outros o fizessem?

Ouvira alguém dizer: "Seu suprimento provém de Deus, não de seus pacientes". Isso pode ser verdade, mas dá a impressão de que não deveríamos esperar o pagamento total pelos tratamentos dos pacientes que são curados! No entanto, descobri que Mary Baker Eddy realmente esperava isso. No Manual de A Igreja Mãe, ela escreveu: "Os membros desta Igreja que exerçam outra profissão ou sigam outras vocações, não deverão anunciar-se como sanadores, com exceção daqueles membros oficialmente empenhados na atividade da Ciência Cristã, e estes têm que consagrar tempo bastante à prática fiel da cura" (p. 82). Concluí que a exigência para que os praticistas que se anunciam no Journal e em O Arauto estivessem plenamente disponíveis ao público não teria sido escrita, se Mary Baker Eddy não esperasse que os praticistas ganhassem a vida recebendo seus honorários dos pacientes.

Encontrei uma confirmação ainda mais específica em outro livro: "Os praticistas da Ciência Cristã deverão cobrar por seus tratamentos os mesmos honorários que cobram os médicos de boa reputação, em suas respectivas localidades" (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 237). Pareceu-me que a expectativa aqui era a de que os praticistas em atividade poderiam ter rendimentos equivalentes aos dos "médicos de boa reputação". Perguntei-me: "estou levando isso a sério, hoje em dia? Seria possível fazer isso, hoje"? Então, entrei em contato com várias clínicas e perguntei o valor de uma consulta com um médico. Embora os médicos tenham custos adicionais, tais como: com equipamentos, atendentes e seguro, ainda assim obtive uma noção de quanto deveriam ser meus honorários.

Foi interessante notar que o fato de estabelecer a cobrança de honorários para minha prática não reduziu o número de pacientes. Ao contrário, minha atividade começou a crescer.

Disponibilidade

Parte da citação acima do Manual da Igreja diz que os praticistas que "exerçam outra profissão ou sigam outras vocações" não deverão se anunciar em The Christian Science Journal e em O Arauto da Ciência Cristã. Não ter nenhuma outra profissão ou seguir outras vocações além da prática da cura permite que a pessoa esteja totalmente engajada e disponível para esse trabalho. Ainda assim, uma das reclamações contínuas que tenho ouvido a respeito de praticistas é a falta de disponibilidade.

À medida que ponderava sobre esse padrão do Manual, pareceu-me que estar disponível para orar pelos outros não quer dizer apenas aquelas horas que passamos ao lado do telefone. Se a prática estiver verdadeiramente fundamentada no amor do Cristo pelas pessoas, e não no amor humano, ela virá acompanhada tanto por uma conscientização espiritual, como também pelo comprometimento para com as necessidades das pessoas.

O exemplo de Cristo Jesus é um modelo perfeito no que tange a todos os aspectos da prática, especialmente no que diz respeito à disponibilidade. Ele demonstrou tal conscientização espiritual que o levava a saber exatamente onde deveria estar, de quem se aproximar e como responder, a qualquer hora do dia ou da noite. Ele demonstrava não somente uma prontidão para a cura 24 horas por dia/sete dias por semana, mas também um estado de alerta e consciência da necessidade específica em cada caso, essenciais para cada prática de cura bem-sucedida.

Poderia a prática com disponibilidade total ser um fardo? Como uma mera carreira humana, sim. Entretanto, se nossa prática de cura estiver fundamentada no modelo do Cristo, então ela deve irradiar domínio, paz, calma e regeneração espiritual. Jesus disse: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma" (Mateus 11:28-29). Não seria a prática da cura fundamentada nesse modelo o lugar perfeito para provar as palavras de Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde? Ela escreveu: "O descanso mais sublime e mais suave, até mesmo dum ponto de vista humano, encontra-se em trabalho sagrado" (p. 520).

Ter a expectativa de curas rápidas e completas

Pode parecer estranho pensar em um Praticista da Ciência Cristã que não tenha a expectativa de curas rápidas, mas tentações sutis estão à espreita. Uma das maiores delas é aceitar ser um "contratado", ou seja, aceitar um caso por um período de tempo pré-determinado. Talvez possamos ouvir declarações como: "Você poderia ficar comigo durante o final de semana"? "Tenho um grande evento na próxima semana. Você oraria por mim até lá"? "Tenho um problema de longa data. Poderíamos reservar um horário semanal para orar"? Em cada uma dessas situações, o paciente acredita em que alcançar o bem pode ser demorado. O praticista precisa estar alerta para essa sugestão, para que ele possa explicar e esperar o imediatismo da bênção de Deus.

O Manual da Igreja esclarece melhor essa questão: "Recomendo que cada membro desta Igreja se esforce por demonstrar, por sua prática, que a Ciência Cristã cura os doentes rápida e completamente, provando assim que essa Ciência é tudo o que dela afirmamos" (p. 92).

Lidar com a oposição à prática

Hoje, considero a pergunta do avô da minha esposa como uma crítica construtiva. No entanto, existe uma crítica em relação à prática, que não é construtiva. Enquanto estava me estabelecendo na prática, fiquei surpreso com as inúmeras coisas que ocorreram e que me deixaram pensando se valeria a pena. Tive uma série de desafios físicos, críticas de outras pessoas, até mesmo, de bons amigos, como também um senso geral de baixa autoestima. Na época, achei que o problema fosse comigo. Anos mais tarde, descobri que não era o único. De fato, ouvi de muitos praticistas que eles enfrentaram os mesmos desafios e alguns ainda maiores.

Embora a tendência seja de se pensar que esses são problemas de natureza unicamente pessoal, eles não o são. Esses desafios representam a oposição da mente carnal ao nosso comprometimento para com o ministério de cura do Cristo, ao que Mary Baker Eddy chamou de "a posição mais elevada que se possa alcançar nesta esfera do ser" (L03524, Mary Baker Eddy para James A. Neal, 29/janeiro/1897, The Mary Baker Eddy Collection, A Biblioteca Mary Baker Eddy). Outra maneira de considerar essa questão é nos perguntar: Ao que a mente carnal se oporia mais do que a uma prática de cura que segue as pegadas de Cristo Jesus? Então, por que subestimar a necessidade de lidar com uma oposição agressiva dirigida a ela? Essa é a razão pela qual praticistas vigilantes tratam essa oposição com disciplina diária!

Uma das maneiras como procedo é afirmar todos os dias minha obediência à lei de Deus e minha vigilância constante a qualquer crença sutil ou erro. Isso se tornou também um dos focos do meu estudo. Queria ter certeza de que não perderia de vista o que Mary Baker Eddy disse a esse respeito. Portanto, estudei todas as referências sobre magnetismo animal. Isso foi muito útil, não só para desarmar a assim chamada influência da mente carnal, mas também para estar alerta quanto à natureza mental dessas crenças, antes que tivessem algum impacto.

Escolha de pacientes

É necessária muita sabedoria e oração antes, durante e depois de um caso. De fato, Mary Baker Eddy até mesmo escreveu que a escolha de pacientes "fica a critério do praticista" (Manual da Igreja, p. 87). Embora os praticistas nunca deem conselhos humanos a um paciente, eles decidem como melhor tratar cada caso, e se devem continuar em um determinado caso. É verdade que cada pedido por ajuda deveria ser respondido com amor e bênçãos. Contudo, existem ocasiões em que, por diversas razões, a sabedoria mais elevada seja a de se afastar do caso, com amor. Em todos os casos, precisamos saber com certeza que é a sabedoria divina que está em ação e não somente a simpatia humana ou o raciocínio insensível.

Devo enfatizar novamente que a experiência de cada pessoa é individual. A maneira pela qual cada um estabelece sua própria prática é distinta e única. Entretanto, a metafísica, a necessidade de defender diariamente a própria prática e o desígnio que Mary Baker Eddy tinha para a prática aplicam-se a todos nós.

Novamente, é o nosso amor a Deus e à humanidade e nossa vigilância à oposição da mente carnal, o que realmente determina o êxito na cura. Evidencia as qualidades espirituais úteis em qualquer empreendimento, como por exemplo: a dedicação, a ordem, a constância e a vontade de servir.

A riqueza de nossa própria experiência nos ajuda a preencher nosso nicho como discípulos de Jesus dos tempos modernos. Mary Baker Eddy nos deu o modelo de praticista em seu Manual da Igreja e em outros escritos. Valorizar esse modelo e confiar nele de todas as maneiras guia e protege todos os aspectos da prática, algumas vezes de formas que não são imediatamente aparentes na ocasião. Dessa maneira, o praticista tem a oportunidade de "cumprir cabalmente o seu ministério" (ver 2 Timóteo 4:5). Que mais poderíamos esperar de qualquer carreira? *

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