Recentemente, durante uma reunião de trabalho, surgiu a questão dos mentores. Um dos colegas olhou para mim e perguntou quem tinha sido o meu mentor. Imediatamente, respondi que tinha sido o meu pai e, naquele momento, de repente, me senti oprimida pelo senso de pesar. Meu pai falecera havia seis meses e eu achava que já tinha superado todo sentimento de tristeza e pesar. Meus colegas fizeram o possível para me darem apoio e disseram que “com o tempo, isso passa”.
Meus pais me educaram no Protestantismo e eu conheci a Ciência Cristã por meio do meu marido. Mas, quando meu pai faleceu, ao invés de me aprofundar na compreensão dessa Ciência, eu voltei meu pensamento para conceitos banais, como uma forma de conforto.
Depois daquela conversa com os colegas, ficou claro que eu estava contando com minha própria força de vontade para manter o pesar longe do pensamento. Eu simplesmente me recusava a parecer frágil diante da família e dos amigos. Essa confiança em mim mesma não viera de Deus, portanto, não teve duração. O que eu realmente precisava era compreender a relação do homem com Deus. Não podia mais apenas acreditar na vida eterna, eu precisava compreender o que significa ter a vida eterna.
Na carta do Apóstolo Paulo a Tito, lemos: “...na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos...” (1:2). Eu compreendo esse versículo como sendo uma afirmação de que a criação de Deus, que inclui o homem, recebeu a promessa da vida eterna assim como a própria vida eterna, e essa verdade espiritual já existia “antes dos tempos eternos”. Cristo Jesus certa vez se referiu à “glória” que lhe fora dada por Deus “antes que houvesse mundo” (João 17:5). Como é confortador saber que toda a vida existe em Deus, no Espírito, não na matéria, e é eterna! A promessa divina sobre a vida eterna não foi dirigida apenas a uma pessoa, ela inclui a todos e é um belo atestado do amor de Deus por nós.
Determinada a aprender mais sobre a realidade espiritual e a compreender o que significa ter a vida eterna, eu fui percebendo o desdobramento do conceito de que toda a vida tem de ser espiritual. Deus é a Vida e Ele é o Amor divino sempre presente. O senso espiritual de vida inclui toda a humanidade e certamente inclui o meu pai e a mim.
Concluí que, visto que nenhum de nós pode estar separado de Deus, na realidade não podemos estar separados um do outro. Isso soou como algo maravilhoso, mas eu ainda tinha um senso pessoal de pesar e tristeza que me causava um sentimento de separação. Não era isso que eu queria sentir e certamente não queria esperar que isso passasse “com o tempo”, antes de me sentir melhor.
Além da Bíblia, eu sabia que o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, me ajudaria a desenvolver mais a compreensão da vida eterna. A Sra. Eddy escreveu: “A eternidade, não o tempo, é o que expressa a ideia da Vida, e o tempo não faz parte da eternidade” (p. 468). Como é reconfortante saber que o tempo não faz parte da eternidade!
Não é necessário esperar que passe um certo período de tempo antes de o pesar e a tristeza desaparecerem. Não existem relógios na realidade espiritual para determinar datas de nascimento e morte. A vida não pode ser medida por um papel emitido em cartório ou por lápides erigidas nos cemitérios.
Quando deixei de dar atenção ao que os sentidos físicos alegavam sobre a morte e voltei-me em direção à compreensão da Vida eterna, comecei a pensar sobre as qualidades que meu pai reflete. Pensei em sua alegria, inteligência, colaboração, compaixão, humildade, independência e comecei a ver todas essas qualidades expressas ao meu redor.
Mediante o meu estudo, aprendi que essas qualidades têm sua origem em Deus, o bem; portanto, elas não têm nem começo nem fim. Isso também forçosamente significa que não há começo nem fim para a capacidade de o meu pai refletir essas qualidades. Em Deus, a vida do meu pai é eterna porque ele é uma expressão individual da Vida, Deus.
É confortador saber que o pesar e a tristeza que eu estava sentindo não estão mais sendo apenas suprimidos pela vontade humana. Ao contrário, eles foram substituídos pela gratidão pela Vida. Tenho uma compreensão mais profunda a respeito de Deus e um reconhecimento das qualidades atemporais do meu pai. Posso falar sobre ele com genuína alegria e sorrio com sincera felicidade quando me lembro dele.
Quando alguém que amamos falece, podemos nos confortar e expressar genuína alegria por saber que Deus dá a cada um de nós qualidades atemporais que permanecerão. Não precisamos usar a força de vontade para superar um período de pesar. Ao contrário, podemos compreender e reconhecer com gratidão que cada um de nós é a eterna expressão de Deus.
