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Original para a Internet

As opiniões são necessárias?

Da edição de agosto de 2019 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 31 de maio de 2019.


Certa noite, meu marido e eu estávamos jantando, quando um assunto dos noticiários surgiu em nossa conversa e, de repente, nos vimos em uma batalha de opiniões opostas. A discussão terminou quando eu acabei falando rispidamente com ele, e saímos da mesa. 

Fui para o escritório, sabendo que meu maravilhoso marido já havia me perdoado pelo comentário rude. 

“Que inútil foi essa conversa!”, pensei. Discutir nossas opiniões, em um bate-boca, não contribuiu nem um pouco para solucionar o problema.

Não era comum termos esse tipo de conversa. Eu estivera orando sobre a turbulência política em meu país e no mundo, agora ela havia invadido meu lar! 

Ainda agitada com o incidente, voltei-me à Bíblia e a Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras,o trabalho inspirador de Mary Baker Eddy, a Fundadora da Igreja de Cristo, Cientista. Busquei o termo opinião no sistema de referências “Concord”, uma ferramenta de pesquisa online, para a Bíblia e os escritos da Sra. Eddy, e estes três trechos de Ciência e Saúde me chamaram a atenção:

“As opiniões humanas não são espirituais” (p. 192).

“Na Ciência Cristã, a mera opinião não tem valor” (p. 341).

“A Mente única, Deus, não contém opiniões mortais” (p. 399).

Uau! Nenhuma opinião mortal na Mente divina. Nenhuma. Nem mesmo aquelas que são boas (como algumas das minhas)! 

A Ciência Cristã ensina que Deus é a Mente única que tudo sabe, e que nunca estamos separados dessa Mente. A Mente divina guia continuamente cada um de nós. E as ideias que vêm da Mente infinita são mais amplas e mais elevadas do que as opiniões boas e rasas que eu estivera coletando e carregando em uma caixa mental que eu pensava ser “minha visão de mundo”.

Ficou claro, naquele momento, que as opiniões baseadas em um senso mortal e limitado das coisas eram inferiores e, portanto, desnecessárias. O ideal é que mesmo o costume de obter a “opinião de um especialista” ou uma “opinião legal” nada tenha a ver com o ponto de vista pessoal de alguém. É um pedido de auxílio para se chegar a uma visão mais ampla e enxergar os detalhes específicos pertinentes a uma questão. Não se trata de pedir uma opinião preconcebida. As opiniões são, no máximo, construções humanas. No pior dos casos, personificam a vontade do ego, a justificação do ego e o amor ao ego — aquilo que Ciência e Saúde chama de “a dureza adamantina do erro” (p. 242).

Desde aquela noite, tenho estudado, orado e me esforçado para aprender a viver cada dia sem opiniões. Se as opiniões são desnecessárias, por que prender-nos a elas? Deixar de estar sempre focados nas opiniões proporciona tempo livre para pensamentos mais espirituais e produtivos. 

Mas como tomar decisões sobre em quem ou no quê votar, ou até mesmo como passar o tempo ou no quê gastar dinheiro, sem uma opinião? Como podemos ter clareza, foco e discernimento em nosso pensamento, sem ter opiniões?

O que percebi foi que deixar de lado as opiniões não significa deixar de lado o pensamento claro ou um comprometimento ativo com os assuntos pessoais, nacionais, mundiais, ou relacionados à comunidade. A inteligência, a clareza e o discernimento são qualidades vindas de Deus, e podemos exercê-las a todo momento com confiança e humildade, mesmo quando tomamos decisões de pequena importância. Deixar de lado as opiniões quer dizer abandonar a crença de que podemos esclarecer as coisas por meio da mente humana, baseando-nos na nossa própria experiência e inclinação pessoal. Mas podemos ouvir com atenção e levar em consideração todos os aspectos de um assunto e reconhecer seu valor.

Visto que a Mente é a origem das ideias espirituais que chegam a nós, uma maneira construtiva de pensar e de tomar decisões é elevar o pensamento em busca de iluminação para um assunto e ficar atento à inspiração que vem de maneira natural. O pensamento que não está preso a si mesmo e que é mais receptivo à Mente divina é muito mais fluido, amplo e aberto a pontos de vista cada vez mais elevados. 

Às vezes, quando não estamos nos sentindo muito receptivos, convém refletir sobre os preceitos bíblicos, como os ensinamentos de Jesus no Sermão do Monte. Assim elevamos o pensamento para ter uma perspectiva de mais amor e que seja mais universal, quando levamos as questões em consideração e pensamos naqueles que têm opiniões consideradas opostas.

A Ciência Cristã ensina que Deus é a Mente única, que tudo sabe.

Abandonar determinadas opiniões foi algo que me deu muita liberdade. Fiquei mais alerta à tentação de transformar pensamentos inspirados em opiniões e em rígidas crenças pessoais e dogmáticas, e mais alerta à tentação de fechar-me a novas perspectivas e nova inspiração. Quando uma opinião já mantida há muito tempo surge em meu pensamento, fico mais propensa a deixar o Amor divino eliminar suavemente o apego pessoal a essa opinião e deixar atrás a vontade própria e a retidão pessoal. Tudo aquilo que tiver valor em um ponto de vista meu talvez possa até continuar sendo minha melhor percepção presente a respeito de um assunto.

Eu me vejo entregando ideias, que eu acreditava serem minhas, a Deus, por meio desta oração: “Pai, essa ideia ainda parece ser a melhor, mas estou pronta para ouvir conceitos melhores e mais elevados, e estou disposta a confiar a Ti o pensamento das outras pessoas sobre esse assunto”. Embora nem sempre seja fácil, e ainda haja muito a ser aprendido, constatei que quando não estou apegada a um resultado específico, sou mais capaz de ouvir os outros e contribuir para uma solução construtiva nas decisões em grupo.

Mary Baker Eddy comprovou que manter o pensamento acima das opiniões mortais traz poder espiritual para que até mesmo as questões mais conflitantes sejam resolvidas. Durante a fase de planejamento da construção do Edifício Original dA Igreja Mãe, o movimento da Ciência Cristãparecia dividido entre dois pontos de vista diferentes sobre como o prédio poderia melhor cumprir sua missão, e quais seriam as funções para esse edifício da Igreja. Embora Mary Baker Eddy certamente tivesse sua própria opinião sobre o assunto, o qual envolvia questões legais, ela, no entanto, não participou do debate público. Em vez disso, pediu aos seus seguidores que parassem com a discussão e deixassem que a solução fosse resolvida por meio da oração, por ações inspiradas pelo Cristo, e que deixassem para trás suas perspectivas pessoais e as entregassem ao plano de Deus. 

No artigo “Hints for History” [“Sugestões para História”] da edição de julho de 1892 do Journal, ela escreveu: “Acredito — sim, compreendo — que, com todas as partes concernentes sendo movidas pelo espírito do Cristo, a tergiversação legal pode ser facilmente corrigida, para a satisfação de todos. Que isso seja feito rapidamente. Eu vos imploro, não maculeis o início da história da Ciência Cristã com os impulsos da vontade humana e do orgulho; mas deixai que a vontade divina e a nobreza da mansidão humana governem essa transação financeira, em obediência à lei do Amor e às leis de nosso país” (publicado posteriormente em Miscellaneous Writings [Escritos Diversos]1883–1896, p. 141).

Em agosto daquele ano, mesmo havendo ainda grande conflito de opiniões, a Sra. Eddy escreveu ao tesoureiro do fundo fiduciário da construção: “Preparemos nosso coração (se é que ainda não está preparado) para receber a preciosa bênção de Deus, do contrário, não podemos tê-la. Esse preparo, nesta época, consiste em não nutrir nenhum sentimento em relação a nem sequer um único participante desta transação comercial, conhecido ou desconhecido,que não queiramos que Deus veja, e do qual nós mesmos não possamos dizer que ele tem ‘a mente que havia também em Cristo Jesus’ ” (Mary Baker Eddy para Alfred Lang, 9 de agosto, 1892; L07832, The Mary Baker Eddy Library; © The Mary Baker Eddy Collection). Para Mary Baker Eddy, mostrar animosidade em relação àqueles que têm opiniões diferentes não era expressar a Mente do Cristo.

A seguir houve uma reorganização da Igreja, de forma a resolver a controvérsia do momento, unificar os membros e ajudar a evitar futuras divisões. Repetidas vezes, Mary Baker Eddy elevou seus seguidores à compreensão de que “a mera opinião não tem valor”. Ela escreveu essas palavras a partir de experiência própria, não de teoria. 

Ela comprovou a verdade desta declaração em Ciência e Saúde: “A Ciência mostra que as conflitantes opiniões e crenças mortais e materiais emitem a todo momento os efeitos do erro, mas essa atmosfera da mente mortal não pode ser destrutiva para a moral e a saúde, quando se lhe faz oposição pronta e persistente com a Ciência Cristã. A Verdade e o Amor são antídotos contra esse miasma mental, e assim fortalecem e sustentam a existência” (pp. 273–274).

Cada um de nós, como expressão sem igual da Mente divina, de forma natural tem compreensão, tem capacidade de pensar com clareza, e tem discernimento. Essas qualidades espirituais impedem que sejamos influenciados pela opinião dos outros ou que sejamos manipulados por estratégias de marketing. Elas também nos capacitam a perceber a total falta de poder das falsas ideologias do ódio, da violência ou do terrorismo, 

“São divinos ou humanos os pensamentos? Essa é a questão importante”, lemos em Ciência e Saúde. “Esse ramo do estudo é indispensável para a extirpação do erro” (p. 462).

Estou ainda prestando muita atenção e abraçando toda ideia boa que encontro sobre como solucionar os assuntos prementes de nossa época. As ideias construtivas são evidência de que a ação corretiva e reformadora do Amor está disponível e atuante no cenário humano. Mas o melhor que posso fazer pela minha comunidade, pela nação e pelo mundo é manter meu pensamento sob a orientação espiritual e irresistível da Mente divina na consciência humana. O Amor divino, e não a mera persuasão humana, é que tem o poder de nos despertar da atração mesmérica de tomar partido por um dos lados da controvérsia, ou de assumir uma posição irredutível. 

Como lemos em 2 Coríntios 10:3–5: “Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo...”

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