Como piloto de carga, viajo pelo mundo literalmente na primeira fileira, da qual posso ver o panorama da pandemia global em primeira mão. O comércio está começando a reabrir aos poucos, mas, por várias semanas, Paris, Dubai e Nova Déli eram cidades vazias, e as lojas dos aeroportos permaneceram fechadas. Mas eu também via a China, que parecia outro planeta. No final de março, depois de bloquearem nosso portão em Guangzhou, levamos mais de três horas até conseguirmos passar pela alfândega, imigração e exames médicos para detectar a COVID-19.
O medo ao contágio é algo com que os pilotos se deparam o tempo inteiro, viajando longas horas, de um país para outro, nos ambientes fechados de uma cabine. Tive rápidas curas de doenças contagiosas, e vivenciei os efeitos preventivos da oração, ao vigiar minha maneira de pensar e aceitar apenas pensamentos espirituais, vindos de Deus.
Essa última viagem à China me fez lembrar de uma vez, há vários anos, quando eu estava voando pela Ásia, e o capitão estava com sintomas de gripe durante um voo a Guangzhou. A tosse e outros sintomas eram muito intensos, e ele me pediu desculpas várias vezes, pois acreditava que me havia transmitido a gripe.
Não somos o meio pelo qual o mal ou a doença se expressam, mas, ao contrário, refletimos e expressamos o bem e a harmonia que se encontram em Deus.
Quando aterrissamos, o capitão entrou em licença para tratar da saúde e se isolou até o final da viagem. Eu fui descansar no hotel, com a minha tripulação. Ao acordar na manhã seguinte, senti todos os sintomas de gripe. Liguei para uma pessoa da minha família, para que me desse apoio, e pedi-lhe que lesse para mim um artigo intitulado “Contágio”, escrito por Mary Baker Eddy, no qual ela afirma que: “...o bem é mais contagioso que o mal, visto que Deus é a onipresença...” O artigo também inclui este trecho do Salmo 91, que fala da poderosa proteção que Deus nos dá: “...O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 229).
Senti-me bem melhor ao ponderar e aceitar com convicção as ideias da Verdade divina contidas nesse texto. Pouco tempo depois, naquela mesma manhã, fiquei livre dos sintomas de gripe e pude seguir pilotando até completar os voos para os quais eu estava escalado.
Hoje, ao pensar nas pessoas afetadas pela crise da Covid-19, várias ideias me ocorrem. Por exemplo, quanto à respiração, lembrei-me de algo que Mary Baker Eddy disse a um de seus alunos: “Oh! que possas ser alimentado e satisfeito pelo Amor divino, com um fortalecido senso de libertação, de despertar do sonho de vida nos pulmões, sonho de que o infinito esteja no finito. E que esse Amor simplesmente te mostre como uma mentira se autodestrói ao dizer: Eu sou real” (Mary Baker Eddy para Calvin C. Hill, 10 de abril de 1908; L15590, A Biblioteca Mary Baker Eddy; © Coleção Mary Baker Eddy).
Certo dia, ao orar com base nessa citação, tornou-se cada vez mais claro para mim que a vida não depende dos pulmões, nem de qualquer outro órgão; pois compreendi que, por refletirmos a Deus, somos completamente espirituais. A vida e a existência não são sustentadas pela matéria, nem sequer por uma forma material etérea chamada ar; mas sim pelo Espírito divino, que governa todos os aspectos e funções do nosso existir. Percebi mais claramente que o infinito não está no finito; não está nos pulmões nem no corpo material. O que necessitamos é mais inspiração advinda do Espírito, e da compreensão deste ponto fundamental: a Vida infinita, que o homem expressa por ser o reflexo de Deus, é independente da matéria inerte e sem inteligência. Não somos o meio pelo qual o mal ou a doença se expressam. Ao contrário, refletimos e expressamos o bem e a harmonia que se encontram em Deus.
Essa ideia aparece na afirmação de Jesus: “...o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17:21). Já fui curado diversas vezes por essa verdade simples, profunda e poderosa. O que não significa que o infinito, Deus, esteja no finito, nem em Suas formações espirituais, algo que seria impossível. Em vez disso, significa que o Espírito infinito, Deus, o bem, é refletido pelo homem e reina dentro de nós, plenamente. Se o reino de Deus está dentro de mim e de todos, se a Verdade e o Amor estão nos suprindo com a consciência desperta para a bondade, a saúde, a pureza e a santidade, então não resta em nosso pensar espaço para nada mais, e o corpo manifesta o que está no pensamento.
Agora, quando voo por todo o planeta, sinto a presença de Deus mais constantemente comigo, e sei que Deus, o bem, é onipresente e preenche todo o espaço. Gosto do modo como Mary Baker Eddy explica isso: “Nosso Pai está em todo lugar e o que cura é a presença e o poder de Deus” (Mary Baker Eddy para George B. Wickersham, 19 de março de 1885; L07907, A Biblioteca Mary Baker Eddy; © Coleção Mary Baker Eddy). Esse trecho conduz o pensamento ao fato de que a integridade e a saúde são mais “transmissíveis” que o pecado e a doença, pois Deus é a causa única, e está em todo lugar. Além disso, tenho uma convicção mais forte de que, como Deus é o bem, e é o Amor infinito, Ele não fez a COVID-19 nem qualquer outra doença. Nenhuma delas é parte da criação de Deus, a qual é completamente espiritual e boa.
Recentemente tive outra oportunidade de ponderar sobre essas verdades. Eu estava hospedado em um hotel nos Estados Unidos, e um homem no quarto ao lado começou a tossir sem parar. Eu precisava dormir, e pensei em me mudar para outro quarto. Mas a respiração entrecortada do homem parecia tão alarmante que senti compaixão por ele. Em vez de fugir para longe do problema do meu vizinho, eu me posicionei mentalmente, aquietei o medo e comecei a orar em silêncio. Enquanto orava, senti a plena convicção de que Deus preenche todo o espaço. Reconheci a presença do reino de Deus dentro de mim e do homem no quarto ao lado, até que essa verdade espiritual rompeu, em meu próprio pensamento, o sonho de que exista a doença. Cerca de dez minutos depois, o homem parou de tossir. Logo adormeci. No meio da noite acordei. Tudo estava ainda silencioso e em paz no quarto vizinho e, antes de voltar a dormir, decidi incluir a humanidade inteira em minhas orações.
Durante minhas viagens tenho muitas oportunidades de orar por mim e pela humanidade, tanto em quartos de hotel quanto confinado na cabine de nosso avião, quilômetros acima da terra. Quando ouço falar de qualquer coisa relacionada com essa pandemia, sempre volto ao fato de que Deus, o bem, está em todo lugar, preenchendo todo o espaço. Essa é a atmosfera espiritual e livre de doença na qual todos nós “...vivemos, e nos movemos, e existimos...” (Atos 17:28).