Eu estava deitada na cama às 3:00 da manhã — em um país no extremo oposto de onde eu morava — bem acordada, tinindo de raiva. Eu estava tão brava e frustrada que não conseguia dormir, o que só aumentava minha frustração.
Eu fazia parte de uma pequena equipe que estava desenvolvendo programas de treinamento de vendas para uma empresa global, e estávamos na Europa, lançando o programa em vários países. Era enorme a pressão em nosso ambiente de trabalho, e nossa chefe de equipe era exigente em cada mínimo detalhe. Eu estava exausta, sentindo-me como se fosse incapaz de fazer alguma coisa de modo satisfatório, mesmo trabalhando o máximo que podia. Eu ficava acordada até depois da meia-noite, verificando e revisando materiais com todo o cuidado, e acordava às 6 da manhã para começar tudo de novo. E eu estava com raiva porque nossa líder só me criticava, o tempo todo.
Naquela madrugada, deitada na cama, um pensamento me veio à mente: “Aposto que neste momento ela não está na cama sem conseguir dormir”. Essa ideia me tirou daquela raiva que me envolvia. Minha chefe de equipe provavelmente estava dormindo em paz, não acordada e tentando me causar dano. Ela não estava fazendo nada contra mim. O “vilão” no caso era com efeito a “mente mortal”, o que é explicado no livro-texto da Ciência Cristã como “a carne oposta ao Espírito, a mente humana e o mal em contraste com a Mente divina, ou seja, com a Verdade e o bem” (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 114). Minha colega não tinha poder sobre meus pensamentos ou experiência — e, na realidade, a mente mortal também não.
Decidi orar, e esta passagem da Bíblia me veio ao pensamento: “...estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8:38, 39). Assim, não existia nada que pudesse me separar de Deus. E Deus estava sempre me suprindo do amor, da paciência e da autoestima espiritual de que eu necessitava.
Comecei a me dar conta de que as ações da minha chefe de equipe não eram um ataque contra mim, e eu não precisava deixar que afetassem meu pensamento. Sempre gostei destas ideias de um artigo chamado “Sentir-se ofendido”, publicado em um livro escrito pela Sra. Eddy, Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896: “A flecha mental que sai do arco de outra pessoa é praticamente inofensiva, a não ser que nosso próprio pensamento lhe afie a ponta. É nosso orgulho que torna irritante a crítica dos outros, é nossa vontade própria que torna ofensiva a atuação dos outros, é nosso egotismo que se ofende com a autoafirmação do ego dos outros. Podemos, sim, sentir-nos agredidos pelas nossas próprias faltas; mas não podemos nos dar ao luxo de sofrer amargamente pelas faltas dos outros” (pp. 223–224).
Nada do que essa pessoa dissesse ou fizesse podia me prejudicar ou ter poder sobre mim, sem meu consentimento. Para me libertar dessa perturbação emocional, eu realmente necessitava compreender essa ideia fundamental. Como nada podia estar separado de Deus, eu não podia sequer me sentir separada dEle. Deus é o Amor, a fonte da paciência, integridade, carinho e bondade. E Deus é o Princípio, o qual orienta e governa meu trabalho. Reconheci essa verdade para mim, para minha chefe de equipe, e todos os nossos colegas de trabalho.
Consegui trabalhar no dia seguinte sem cansaço, e completei o resto da viagem sem irritação. Sempre que via minha chefe de equipe, eu me apegava firmemente à verdade de que cada uma de nós tinha uma relação individual com Deus, e que nossas intenções e motivos só podiam ser bons. Depois da viagem, ainda trabalhamos juntas vários meses, e eu continuava a reconhecer que nós duas éramos filhas de Deus, inocentes e amorosas.
Posteriormente, fomos colocadas em projetos separados, e minha nova líder de equipe era uma das mulheres mais amorosas e atenciosas com quem tive a oportunidade de trabalhar. Ainda assim, pouco tempo depois de começar no novo projeto, percebi o quanto eu havia aprendido com minha chefe anterior durante o tempo em que trabalhamos juntas, e senti uma crescente gratidão por todos os seus árduos esforços, e tive compaixão ao pensar no quanto sua experiência deve ter sido difícil naquele projeto.
Há vários meses, antes de deixar aquele emprego, perguntei à minha antiga chefe se podíamos falar ao telefone. Senti fortemente que nossa relação profissional necessitava de uma resolução harmoniosa. Orei, ao preparar-me para nossa conversa, e não senti raiva — apenas o profundo desejo de uma cura completa para nós duas. A chamada telefônica foi incrível. Espontaneamente, ela me disse o quanto se sentia mal quanto ao modo como aquele projeto havia sido liderado, e falou do quanto havia aprendido, desde aquela ocasião, sobre liderança efetiva. Eu a perdoei completamente, e lhe pedi desculpas por não ter sido a colega de trabalho de que ela necessitava enquanto lutava com dificuldade durante aquele primeiro projeto. Nós nos despedimos amigavelmente, desejando tudo de bom uma à outra e agradecendo pelas lições que ambas havíamos aprendido.
Sou muito grata pelas possibilidades ilimitadas da cura por meio da Ciência Cristã.
Hannah Bruegmann
Palo Alto, Califórnia, EUA
