Abrir um novo calendário, cheio de páginas em branco, representa um novo começo, uma porta para o progresso. Em tais momentos , as pessoas muitas vezes se dão permissão para libertar-se de tudo o que aconteceu antes e avançar com muita expectativa para o próximo capítulo ainda não escrito de sua vida — e do mundo.
Mas às vezes, quase tão depressa quanto os ventos de novas possibilidades, uma força contrária, cheia de dúvidas e presa às rotinas, pode esmorecer as aspirações, dizendo-nos que não estamos prontos para ir adiante, que não devemos ter esperanças (lembrando do ano passado), e que o caminho pela frente será difícil.
Paulo, um dos primeiros cristãos, enfrentou uma série de provações e tribulações ao longo de muitos anos (para uma lista parcial, ver 2 Coríntios 11:25–33). Apesar de tudo, assim escreveu ele a respeito de como seguir em frente: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá” (Filipenses 3:13–15).
Para Paulo, o progresso não tinha nada a ver com objetivos externos e a luta por alcançar o sucesso e a realização por meio de medidas humanas. Para ele, tratava-se de seguir o Cristo, confiando em Deus, o Espírito, para conhecer o caminho a ser seguido e caminhar incondicionalmente na direção indicada, tal como Jesus o fez de modo tão perfeito. Paulo pensava e vivia a partir do ponto de vista de Deus — por meio do amor isento de ego; da confiança em Deus, o bem; e da graça.
O caminho do progresso de Paulo — em linha com o Cristo, aquele que mostrou o Caminho para a humanidade — era uma experiência interior com consequências exteriores. Era uma jornada do pensamento que, partindo de uma existência centrada no ego, o levou para uma existência fundamentada em Deus, uma jornada que, deixando para trás as perspectivas e objetivos limitados, com base na matéria, o levou ao progresso moral e espiritual. Essas mudanças de pensamento trouxeram mudanças no fundo do coração e uma profunda compreensão do amor e da onipotência de Deus, não apenas para satisfazer suas próprias necessidades. Essas mudanças o despertaram, como também a outros, para a sua capacidade inata como filhos de Deus, a de refletir a natureza divina. E as ideias e o exemplo de Paulo continuam ainda hoje a nos despertar dessa mesma forma.
Tal progresso, ou seja, o progresso que é bom para todos, que traz ganhos para a humanidade, é aquele que também significa muito para nós e que faz o máximo por nós individualmente, como Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, assinalou. Ela ofereceu uma receita atemporal para esse tipo de progresso: ”O que mais necessitamos é orar com o desejo fervoroso de crescer em graça, oração que se expressa em paciência, mansidão, amor e boas obras” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 4).
Esse crescimento emana daquilo que é divinamente verdadeiro, agora e sempre, e toma forma como o desdobramento da compreensão espiritual na consciência individual. Aliás, a Sra. Eddy certa vez definiu a graça como “o efeito de se compreender a Deus” (Christian Science versus Pantheism [A Ciência Cristã frente ao panteísmo], p. 10). Cada um de nós tem a capacidade e, na verdade, o mais profundo desejo de conhecer nosso Pai-Mãe Deus, de assimilar o caráter do Cristo, e de aplicar o que estamos aprendendo a respeito de nossa própria verdadeira relação, e a de todos os outros, com Deus.
Como é reconfortante saber que, levando-se em conta que essa relação com Deus é incessantemente verdadeira, é sempre possível progredir na demonstração das qualidades divinas que somos criados para expressar. E só temos de recorrer ao nosso Pai divino, o Amor onipresente, a fim de começar a abandonar os falsos traços da mente mortal, tais como: desonestidade, apego ao ego, orgulho, indolência e assim por diante, traços esses que alegam entravar o crescimento pleno de graça, que nosso coração e o mundo tanto almejam, e de que necessitam para viver de forma produtiva.
Um significado antigo da palavra progresso é "”uma viagem de estado” (Noah Webster, American Dictionary of the English Language, 1828 [Dicionário Americano do Idioma Inglês, 1828, de Noah Webster]) ou seja, um circuito, uma viagem de inspeção, a qual uma rainha ou rei fazia para observar em que condições estava seu reino. Nosso Soberano, Deus Todo-Poderoso, está continuamente observando, nutrindo, amando e alegrando-se em sua própria criação, o que Jesus chamou de "o reino dos céus" (Mateus 4:17). Podemos com frequência caminhar mentalmente nesse percurso com nosso Deus, e ver como o Amor prepara a harmonia celestial que muitas vezes parece escondida, mas que está verdadeiramente ali, em nós, ou seja, na nossa família, nos colegas, amigos, vizinhos, líderes, adversários, estranhos, companheiros de igreja.
Um membro de uma filial da Igreja de Cristo, Cientista, certa vez desmaiou enquanto estava conduzindo um culto na igreja, e as orações imediatas da congregação lhe trouxeram uma cura completa e instantânea. Mais tarde, esse membro expressou gratidão à sua família da igreja, não só pelas suas orações e pela cura física, mas também pela libertação de uma preocupante presunção de uma retidão pessoal. Essa foi a parte mais profunda daquela cura. Ele continuou a servir durante muitos anos em uma empresa internacional, na qual se distinguiu no trabalho com outros colegas na resolução de complexos problemas de negócios.
Ciência e Saúde explica: “Cada dia exige de nós provas mais elevadas, em vez de declarações do poder cristão. Essas provas consistem unicamente na destruição do pecado, da doença e da morte, pelo poder do Espírito, como Jesus os destruiu. Esse é um elemento do progresso, e o progresso é a lei de Deus, lei que exige de nós apenas aquilo que com certeza podemos cumprir” (p. 233).
Neste ano que se inicia teremos oportunidades todos os dias de escrever uma nova página no livro da nossa vida e cumprir a lei de crescimento espiritual. Nosso êxito já está assegurado, pois nos será exigido apenas aquilo que com certeza podemos cumprir. E podemos pôr em prática esse empenho de progresso espiritual com o mesmo fervor e alegria de Paulo, ao prosseguir ”para o alvo”, ou seja, o de sermos tudo o que devemos ser — a expressão paciente, humilde e amorosa de Deus, cheia de boas ações. ”E, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá”. Nenhum outro compromisso que possamos assumir será mais eficaz do que esse, para ajudar a família humana a descobrir e demonstrar paz, bem-estar e progresso no novo ano.
Ethel A. Baker
Redatora-Chefe