Quando ouvimos falar de acontecimentos horríveis, seja no cenário global seja em nosso próprio quintal, talvez nos perguntemos se, os que cometem tais atos, têm consciência.
Na verdade, eles têm — todo mundo tem. Isso não quer dizer que essa consciência seja ouvida a fim de praticar boas ações. Mas a capacidade de conhecer e fazer o que é certo faz parte de nossa natureza inata como filhos de Deus, que é totalmente bom. Como Mary Baker Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Deus dotou o homem com direitos inalienáveis, entre os quais estão o governo de si mesmo, a razão e a consciência” (p. 106).
Isso oferece uma base para a esperança e a redenção onde forem necessárias. Vemos isso demonstrado tanto nos tempos bíblicos como na atualidade.
Em meados do primeiro século, Saulo de Tarso era um homem devoto que achava que o judaísmo, como ele o entendia, estava ameaçado pelos ensinamentos de Cristo Jesus, portanto, decidiu destruir aquelas ideias — e qualquer pessoa que as defendesse. No entanto, Saulo não conseguiu escapar de sua consciência. Enquanto viajava para uma cidade importante, onde pretendia causar estragos entre os cristãos, uma visão do Cristo lhe apareceu e falou com ele. Em questão de dias, Saulo foi completamente transformado e passou o resto de sua vida promovendo os ideais cristãos de paz e cura (ver Capítulos 8 e 9 em Atos).
As mensagens principais da Bíblia incluem: o amor de Deus pelo homem (ou seja, por todos nós), a presença contínua de Deus e a supremacia de Deus. Em outras palavras, a natureza de Deus é de poder e de graça. Por isso, o homem, como progênito espiritual de Deus, deve forçosamente ter uma natureza de acordo com Deus, ou seja, plena de sabedoria, misericórdia, bondade e paz.
Às vezes, porém, uma mentalidade equivocada de raiva, ego, ódio ou medo, obscurece as tendências para o bem que são naturais na pessoa. Mas o Cristo, “uma influência divina sempre presente na consciência humana e se repetindo, vindo agora como fora prometido antigamente” (Ciência e Saúde, p. xi), é mais poderoso do que aquela mentalidade. A mensagem do Cristo quanto à nossa semelhança com Deus, sobre nossa natureza espiritual e o desejo natural de ser bom e fazer o bem, fala ao homem continuamente.
Quando permitimos que o espírito do Cristo esteja na linha de frente em nosso pensamento e em nossos motivos e ações, estamos amplificando o Cristo, desempenhando nossa parte e ajudando o Cristo a fincar raízes e vir à tona na consciência do mundo. Estamos assim mais bem equipados para expressar nossa retidão, integridade e decência, dadas por Deus, permitindo que o Amor divino e o Cristo façam sua morada em nós (ver João 14:23).
Nossa “morada” é onde nos sentimos em casa, tranquilos e estáveis. E se nossa morada mental for acolhedora para o Cristo e para todo o bem que Deus está comunicando e provendo, estaremos mais protegidos de influências nocivas, que talvez nos desviem do caminho, e também seremos mais capazes de pensar e agir com consciência.
Um amigo meu contou uma experiência que exemplifica nosso direito inato e intocável à consciência. Certa vez, ele fez parte de um projeto que envolvia entregar semanalmente um registro de quilometragem, visando ao reembolso do combustível. Como o dinheiro estava curto para ele, naquela ocasião, ficou tentado a mentir no formulário. Em uma determinada semana, ele anotou intencionalmente um número incorreto e recebeu um pagamento maior do que lhe era devido.
Meu amigo disse que lutou contra essa decisão errada. Sua consciência lhe dizia que aquilo era desonesto e imoral; ele sabia que isso não era seguir seu senso mais elevado do bem. Em humilde oração, meu amigo raciocinou que Deus, o bem, não nos priva de nada do que necessitamos. Ele afirmou que somente pensamentos e intenções que provêm da Mente divina, Deus, a Verdade divina, podem ter influência legítima. Nosso senso de certo e errado, nossa consciência, é sustentada pela atividade do Cristo, para guiar cada um de nossos pensamentos e cada uma de nossas ações.
À medida que ele continuava a orar nesse sentido, meu amigo sentiu o desejo de corrigir esse erro. Ele não apenas fez isso, mas também nunca mais foi tentado a mentir sobre a quilometragem semanal.
Todos nós podemos nos esforçar para exercer nossos direitos inalienáveis, ou seja, “o governo de si mesmo, a razão e a consciência”, a fim de reconhecer que nossos irmãos e irmãs têm os mesmos direitos, e assim afirmar em oração que nenhum pensamento mortal errante tem validade para nos impedir de exercer esses direitos. Como diz Ciência e Saúde: “Aprendamos sobre o que é real e eterno, e preparemo-nos para o reino do Espírito, o reino dos céus — o reino e o governo da harmonia universal, que não pode estar perdido nem pode permanecer para sempre sem ser visto” (p. 208).