O que ficou foi o Amor

Quando participei pela última vez de um acampamento de verão para Cientistas Cristãos, eu poderia ter sido escolhida como “A jovem que menos provavelmente iria permanecer na Ciência Cristã”. 

Como haviam mudado as coisas! Aos doze anos de idade, eu havia me tornado membro dA Igreja Mãe, A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, em Boston. Aos treze, na Escola Dominical acharam que eu tinha suficiente compreensão da Ciência Cristã para atuar como professora substituta em uma classe de alunos mais jovens. Eu amava a verdade espiritual e me dedicava sem reservas.

Quatro anos depois, eu questionava tudo o que antes tinha sido importante para mim. A Bíblia se tornara um livro cheio de contradições e afirmações dúbias. Os escritos de Mary Baker Eddy me deixavam com mais perguntas do que respostas, e as explicações dos professores da Escola Dominical pareciam não ajudar.

A educação acadêmica me ensinara a raciocinar a partir do que é tangível. Quanto mais eu tomava conhecimento da história e dos acontecimentos mundiais, mais difícil era crer em um Deus supremo e amoroso. As curas e pequenas experiências que eu tivera pareciam insignificantes diante de tanto sofrimento humano no mundo. Por que deveria eu ser curada, por meio da oração, de “inflamação de nadador” se, em outras partes do mundo há crianças vivendo na pobreza ou sofrendo devido às guerras? Que tipo de Deus cuida dessas questões?

 A essa altura, eu tinha a certeza de saber mais do que qualquer pessoa no acampamento ou na igreja. Quando comecei a faculdade em outra cidade, fui a uma igreja filial da Ciência Cristã. Havia poucos frequentadores e o prédio parecia bolorento. Não voltei mais.

No entanto, à medida que o tempo passava, crescia meu desejo de encontrar um senso mais profundo de propósito e entender as curas que eu tivera na infância. Estudei filosofia, pratiquei meditação e investiguei outras religiões, mas nada chegava a uma verdade mais abrangente. Além disso, eu estava lidando com várias doenças, mas nem a medicina tradicional, nem os sistemas alternativos ajudavam.

Em meio a uma doença que havia me deixado de cama, continuei em busca de respostas. Com tempo a meu dispor, voltei a comparar teorias religiosas e ponderei sobre a física e os argumentos do ateísmo. Mas, nada parecia completo ou correto. 

Certa noite fiz uma revisão mental de tudo o que eu achava que sabia e descartei o que, até então, eu aceitara com base nas opiniões ou teorias dos outros. O que eu não conseguira comprovar em minha vida, coloquei de lado. Estudos acadêmicos, intepretação artística, opiniões literárias, ou teorias que eu sabia que tinham sido contestadas, mesmo que em pequeno grau, rejeitei, me questionando se, no final, sobraria alguma coisa.

E no final sobrou. Ficou o Amor divino. O Amor que estivera presente, apesar das circunstâncias adversas e de meu merecimento. Percebi como eu havia sido cuidada em circunstâncias que transcendiam condições materiais. Esse senso do Amor foi vividamente divino, não era invenção ou imaginação de minha parte. Uma profunda paz me envolveu, e logo veio a cura.

Tive a sensação de viver algo conhecido, e me senti novamente como uma criança, no melhor sentido. Voltei a meu antigo livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, e as explicações que encontrei desta vez fizeram sentido. Eu tinha uma necessidade espiritual que precisava ser atendida. E havia uma escolha a fazer: viver de acordo com essa nova/antiga revelação da realidade espiritual, ou voltar a meus velhos questionamentos.

Estava claro que eu deveria ir em frente. As curas e demonstrações do bem de Deus em minha vida não haviam sido incidentes da intervenção divina ou merecimento pessoal, mas sim vislumbres de um bem muito maior — o amor sempre presente de Deus.

Após essa mudança de direção tudo ficou mais simples, embora nem sempre fácil. Mas, como diz este hino do Hinário da Ciência Cristã: