Na região onde vivo, o custo da moradia e a falta de recursos em geral, têm levado cada vez mais pessoas a situações precárias, e ao aumento da população sem-teto. Um quadro que nos deixa oprimidos. Mesmo antes dos recentes e desastrosos problemas climáticos na Califórnia, que pioraram as coisas, muitas pessoas em minha região estavam vivendo no limite de sua capacidade financeira. Ao orar sobre essas questões, lembrei-me de uma experiência que tive certa vez, em relação a moradia e suprimento. Na ocasião, pedi orientação a Deus e o resultado foi uma solução prática.
Eu acabara de me formar na faculdade e aceitara um emprego temporário como instrutora em um projeto de educação ambiental. Embora fornecessem moradia durante a semana, eu precisava encontrar um lugar para os finais de semana, por diversos meses. Meu orçamento não permitia que eu fosse para um hotel, ou algo semelhante. No entanto, eu havia encontrado um quarto em casa de uma senhora, em uma cidade próxima. A localização não era ideal, mas eu estava muito grata pelo refúgio seguro e acolhedor.
Certo fim de semana, porém, chegando em casa, fiquei atônita ao descobrir que a proprietária havia alugado meu quarto para outro inquilino. De repente, eu estava na rua e com poucas opções. Fiquei em prantos e a dona da casa, penalizada, disse que eu poderia dormir em uma cama extra por um final de semana. Embora grata por sua oferta, eu sabia que precisava orar por uma solução mais permanente.
Liguei para uma praticista da Ciência Cristã, pedindo ajuda. Ela me indicou este trecho de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Peregrino na terra, teu lar é o céu; forasteiro, tu és o hóspede de Deus” (Mary Baker Eddy, p. 254). Realmente, eu me sentia como uma peregrina e forasteira na cidade e fui reconfortada por essa ideia, pois o mesmo livro define o Reino dos Céus como o “…reino da harmonia na Ciência divina; o âmbito da Mente onipotente, infalível e eterna; a atmosfera do Espírito, onde a Alma é suprema” (p. 590). Eu sabia que, se essa consciência celestial era meu verdadeiro lar, e o lugar onde meus pensamentos podiam repousar, eu nunca poderia ser privada de uma concreta expressão humana desse fato, em minha vida. O apóstolo Paulo descreveu nosso verdadeiro lar da seguinte maneira, referindo-se a Deus: “…nele vivemos, e nos movemos, e existimos…” (Atos 17:28).
Ocorreu-me que, ser hóspede de Deus significava que eu era uma hóspede amada e, pelo fato de que meu “anfitrião” era o Amor divino, todas as minhas necessidades seriam atendidas em todos os detalhes. Também significava que meu lar incluía qualidades divinas como graça, ordem, harmonia e paz.
No final daquela tarde, saí para caminhar, em busca de um lugar tranquilo onde pudesse orar e ouvir a orientação de Deus. Depois de subir uma encosta gramada, parei para descansar e orei para sentir a total presença de Deus. Ao anoitecer, voltei para o carro e, com desalento, descobri que havia deixado cair as chaves do carro em algum lugar. Isso me pareceu a gota d’água. Eu não tinha lanterna para me ajudar na busca, nem amigos na região a quem ligar, e celulares ainda não existiam.
Seguindo a trilha de volta, procurei as chaves na grama alta sob o lusco-fusco daquela hora. Depois de uma busca infrutífera, sentei-me no topo da colina, sentindo-me abandonada. Não havia mais nada a fazer, a não ser novamente pedir a ajuda do Amor. Meu pensamento ficou mais firme do ponto de vista espiritual, reconhecendo que a presença amorosa de Deus significava que eu nunca poderia estar sozinha ou sem ajuda. Parei de procurar e apenas reconheci que a Mente onisciente, Deus, mantém a ordem perfeita e fornece a orientação infalível. Isso também incluía acalmar minha ansiedade sobre a falta de dinheiro e de um lugar para morar. Prestando atenção às ideias que jorravam a respeito do cuidado do Amor, senti uma crescente e terna certeza do abraço de Deus. Recusei-me a sair do lugar até estar em paz e sentir a confiança de que a lei divina estava em ação exatamente ali. Embora já estivesse muito escuro, levantei-me e fui diretamente para onde estavam as chaves. Isso não me pareceu um milagre, porque entendi que Deus está sempre proporcionando ordem e clara intuição, e quando a oração acalma nosso pensamento, ouvimos a orientação de que precisamos. Fui para o carro, regozijando-me com essa prova do cuidado de Deus.
No dia seguinte, fui a uma Sala de Leitura da Ciência Cristã, onde passei um bom tempo orando sobre minha necessidade urgente de um lugar para os finais de semana. Ao sair, eu tive uma agradável conversa com a atendente da Sala de Leitura e fiquei sabendo que a filial local da Igreja de Cristo, Cientista, possuía uma pequena casa adjacente ao prédio da igreja, que era usada como salão infantil durante os cultos. Eu frequentava aquela igreja com certa assiduidade, portanto, os membros me conheciam. Quando souberam de minha situação, ofereceram a casa para eu alugar nos finais de semana, desde que eu acolhesse as crianças durante os cultos.
A casa tinha um lindo quintal e superava em muito meu quarto anterior. Eu havia perdoado a proprietária da casa que eu alugara antes e, quando fui contar-lhe as boas-novas, ela se alegrou comigo. A casinha atendeu minhas necessidades durante o tempo em que morei e trabalhei naquela região.
Essa experiência é um lembrete para mim de que, quando nos voltamos para Deus em momentos de medo, carência ou incerteza, ouvimos ideias ternas, amorosas e perspicazes que apontam para soluções práticas. Mesmo quando as circunstâncias parecem sem solução, o amor de Deus por nós provê aquilo de que necessitamos — e muito mais. Sei que isso é verdade para todas as pessoas do lugar onde moro hoje, assim como foi verdade para mim, há tantos anos.
