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Original para a Internet

A lei que podemos amar

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 21 de novembro de 2024


“Que lei excelente! Eu a considero tão boa que mal consigo pensar em outra coisa.”

É claro que esse não é um sentimento comum. Algumas leis não são tão apreciadas, chegam até mesmo a ser odiadas. A maioria delas se refere a questões corriqueiras. Mesmo quando achamos que uma determinada lei é válida, não nutrimos por ela nenhum afeto, nem passamos os dias admirando-a. No entanto, esse é exatamente o espírito transmitido pelo autor do Salmo 119 que, entusiasmado, disse: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (versículo 97). E pelo que tudo indica, ele estava realmente falando sério.

O Salmo 119, que é o mais longo capítulo da Bíblia, é um poema de louvor e contemplação dessa lei ­— não uma lei humana, mas uma lei divina. Repleto de júbilo, sinceridade e confiança, ele fala da paz, da sabedoria e de outras bênçãos que advêm da fidelidade à lei de Deus — de deixar que o bem e o amor de Deus inspirem nossos pensamentos e ações, seguindo o caminho apontado por Cristo Jesus.

Nós também podemos vivenciar a alegria e as promessas da lei divina, que é amorosa — e digna de ser amada — porque Deus é o Amor; ela é justa, porque Deus é o Princípio; não pode ser corrompida, porque Deus é a Verdade.

Em realidade, todos estão inextricavelmente ligados a essa lei, pois ela reflete o Princípio de todo o existir. É muito mais do que uma regra de conduta ou um conjunto de procedimentos, ela é ao mesmo tempo dinâmica, inabalável, radical e simples. Mary Baker Eddy, estudante da Bíblia e a Descobridora da Ciência Cristã, coloca desta maneira: “A lei de Deus está em três palavras: ‘Eu sou Tudo’; e essa lei perfeita está sempre presente para repreender qualquer alegação de que exista outra lei” (Não e Sim, p. 30).

Tudo aquilo que pareça contradizer o fato de que Deus, o bem — é tudo, qualquer coisa que sugira que somos apenas mortais suscetíveis a problemas ou que o mal exista em algum lugar — é uma “alegação de que exista outra lei”. Quando nos deparamos com esse tipo de sugestão, podemos abrir nosso coração para o Princípio divino sempre constante, cuja natureza infinita nega a suposta legitimidade de qualquer outro poder. Deus é Tudo, por isso todo o universo — tudo aquilo que é bom e verdadeiro — reflete Sua natureza. O Espírito infinito não pode ser usurpado. A harmonia, a integridade e o bem divinos são invioláveis. A total presença de Deus cimenta e mantém nossa verdadeira identidade como progênie inteligente, completa e espiritual de Deus.

Esse não é um estado temporário das coisas, até que surja outra lei para substitui-la. É a lei fixa do existir, a realidade espiritual permanente. Em Não e Sim lemos esta explicação: “Deus mantém o homem no vínculo eterno da Ciência — na imutável harmonia da lei divina” (p. 26). O homem, que inclui a todos nós, em nossa verdadeira natureza como filhos de Deus, é mantido e sustentado pela lei do Espírito divino.

Todos temos a capacidade inata de detectar as falsas leis materiais que aparentam nos governar. Essas falsas leis alegam que podemos estar separados de Deus, do bem; que a saúde, a integridade, a alegria, o propósito, a segurança, a realização, são difíceis de alcançar; que a atração pelo pecado pode nos escravizar irrevogavelmente; que, aconteça o que acontecer, o melhor a fazer é se conformar.

A “imutável harmonia da lei divina” é um padrão confiável para se questionar a legitimidade dessas alegações e uma base poderosa para enfrentá-las e vivenciar a cura e o progresso. O Espírito divino, que é Tudo, não cria — nem pode criar — nada que não reflita sua própria natureza boa e pura. A oração na qual afirmamos a supremacia da lei divina não significa que vamos enterrar a cabeça na areia, sem buscar soluções para as dificuldades. Significa que permaneceremos ativamente fiéis, o que nos ajuda a ver com mais clareza que tudo aquilo que não está em sintonia com a lei de Deus — como saúde debilitada, desarmonia ou falta — não tem a importância que aparenta ter.

O efeito natural é que a lei divina se torna mais real para nós. Sentimos mais plenamente o cuidado amoroso de Deus. Discernimos — e obedecemos — mais ativamente à orientação divina. Vivenciamos de novas maneiras o bem e a paz de Deus que estão em constante desdobramento. Somos levados a interagir com os outros de maneira mais compassiva e baseada no Princípio. Percebemos que realmente nunca nos faltará a força e a inspiração necessárias para progredir em nossa vida.

Como Cristo Jesus provou ao longo de seu ministério, essa perspectiva cura. Repetidas vezes, ele transformou vidas por meio da compreensão de que Deus, o bem infinito, é supremo, sem nada em contrário. O Cristo, a Verdade, que estimulou Jesus está muito presente hoje para despertar cada um de nós para a potência e a universalidade da lei de Deus. À medida que acolhemos essa mensagem do Cristo e honestamente nos esforçamos para viver de maneira coerente com o Princípio e o Amor divinos, aprimoramos a saúde e o caráter, obtemos alegria e paz mais plenas.

Essa maneira de pensar e viver nem sempre é fácil, principalmente quando enfrentamos doenças, injustiças ou tumulto. Mas podemos confiar em nossa capacidade de conseguir isso, porque essa capacidade vem da própria lei divina. Não se trata de enfiar inspiração em um cérebro ou usar de força de vontade para nos comportarmos de uma determinada maneira. Como progênie espiritual de Deus, fomos criados para conhecer a lei de Deus e manifestar Seu amor e o bem.

Cada passo, seja pequeno ou grande, em direção a uma compreensão mais profunda disso beneficia a nós e às pessoas ao nosso redor. Mais de uma vez vivenciei a cura ou encontrei soluções necessárias ao vislumbrar, sob uma nova luz, o fato de que Deus é tudo e é o bem.

Certa ocasião, comecei a sentir dor no tendão de Aquiles em uma das pernas. A situação parecia igual a um problema que, ouvira dizer, normalmente demora para ser curado, e esse era um pensamento desanimador para mim, que gosto bastante de correr. Para enfrentar esse problema, naquela noite dei a mim mesma um tratamento pela Ciência Cristã, que incluía afirmar a supremacia de Deus e identificar a mim mesma como a manifestação inalterada e imutável do Espírito divino.

Enquanto orava, senti-me tão segura da onipotência da lei de Deus, que minha preocupação simplesmente se dissipou. A noção de que eu poderia ser mantida cativa devido a lesões, por qualquer período que fosse, simplesmente não condizia com a natureza de Deus nem com a minha natureza — a de todos nós — como Sua filha. Senti a convicção de que essa deveria ser uma falsa lei e, portanto, inválida.

Naquele momento, a dor parou de repente e a cura foi completa. Pareceu-me natural voltar a correr no dia seguinte, como de costume, e até mesmo participar de uma competição local naquele fim de semana, o que fiz com alegria e liberdade. Nos mais de oito anos que se passaram depois disso, a cura permaneceu permanente.

O livro-texto da Ciência Cristã, que explica a lei espiritual que sustentava as obras de cura de Jesus, dá-nos este incentivo: “Regozijemo-nos por estarmos sujeitos às divinas ‘autoridades que existem’ ” (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 249). Cada um de nós pode escrever seu próprio “Salmo 119” — talvez não em palavras, mas no coração e na vida. Podemos valorizar a lei de Deus e nos alegrar nela, deixá-la guiar a maneira como pensamos e interagimos com o mundo ao nosso redor, e a ela cantar louvores por meio de nossas ações. É para isso que fomos criados — e isso só pode nos abençoar.

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