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Original para a Internet

Apagar as chamas do partidarismo político

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 21 de outubro de 2024


No embate da política eleitoral, existe um poluente mental semelhante ao ácido sulfúrico químico que enche, de azedume pessoal, a atmosfera mental coletiva. Um espírito hiperpartidário, seja a favor ou contra, retrata uma mentalidade do “eu em primeiro lugar”, mentalidade essa que coloca o interesse próprio de alguns acima do bem comum, e exalta o dogma político acima da sabedoria de Deus, o Princípio universal que reina sobre toda a Sua criação de modo equitativo. 

A oração que Jesus ensinou aos discípulos manifesta o espírito todo-abrangente do Cristo, a verdadeira ideia do Princípio divino, o Amor. O espírito-Cristo promove em nossa vida uma perspectiva que focaliza o “nós”, ao invés de o “eu”. “Pai nosso, que estás nos céus…” é a nota tônica da Oração do Senhor (Mateus 6:9). Essa oração sagrada é tão apartidária como altruísta, tão inclusiva como imparcial, tão imediata como atemporal. Não importa quantas vezes oremos a Oração do Senhor, nunca pronunciaremos as palavras eu, me ou meu. Absorver o espírito do Cristo, o espírito da Verdade e do Amor, é abraçar toda a família humana em um só afeto.

Em meio ao rancor político, nós temos a oportunidade (na verdade, temos o imperativo moral) de nos mantermos firmes na grande verdade implícita nestas palavras bíblicas: “Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando a aliança de nossos pais?” (Malaquias 2:10).

Ser criado por um Pai em comum, a quem Jesus chamou de Espírito perfeito, é ser criado à própria semelhança de Deus, coexistindo em total harmonia espiritual com Ele. Nossa verdadeira ascendência significa que você, eu e todos os outros temos o mesmo direito imortal de nascença como “herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo” (ver Romanos 8:17).

O partidarismo faccioso resulta da maneira ilusória e egocêntrica que o mundo identifica os indivíduos, como emanações da matéria, em vez de emanações do Espírito — como pessoalidades carnais motivadas em pensamento e em ação por uma mente carnal que é “inimizade contra Deus” (ver Romanos 8:7). A Ciência Cristã veio para transformar e salvar um mundo que está sempre em desacordo consigo mesmo, ao revelar a existência de alguma outra Mente ou de algum outro poder, que não seja o único Princípio deífico do universo, que criou tudo e todos espiritualmente, não materialmente.

Mary Baker Eddy, a Descobridora divinamente inspirada desta Ciência, explica que uma mentalidade carnal e mortal, que se opõe à onisciência de Deus, o grande Eu Sou, representa uma crença idólatra em muitas mentes e em muitos egos em desacordo entre si, cada um adorando a si mesmo. O monoteísmo puro da única e una Mente divina, refletida perfeitamente em sua criação harmoniosa, dissipa essa crença errônea. Em seus escritos, a Sra. Eddy expõe as supostas maquinações desse erro mental, quando diz: “…a crença em muitas mentes governantes impede a gravitação normal do homem para a Mente única, o Deus único, e conduz o pensamento humano para caminhos opostos, onde reina o amor ao ego” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 205).

Esse erro politeísta — a falsidade não apenas do conceito de que possa haver muitas mentes, como também o de que possa haver “muitas mentes governantes” — alimenta a polarização do partidarismo. A ambição egoísta de alguns, de governar imperiosamente sobre outros, revela uma profunda ignorância do cuidado e orientação de Deus, para com cada um e todos nós. Essa ambição egoísta não consegue reconhecer que o Princípio divino, e não uma pessoa, é a força motriz genuína, no comando do verdadeiro governo. De acordo com as Escrituras, Deus é nosso Rei, nosso Juiz e nosso Legislador. Compreender e demonstrar a natureza divina de modo prático em nosso dia a dia promove o correto funcionamento dos três ramos do governo democrático: o executivo, o judicial e o legislativo.

Em dezembro de 1900, a Sra. Eddy identificou “as alegações da política e do poder humano” entre “os perigos mais iminentes que confrontam o século vindouro” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 266). As convulsões políticas do século XX mais do que justificaram essa advertência da Sra. Eddy. Esse século já acabou, mas o perigo de um poder político insensato — seja em nível global, nacional ou local — ainda ameaça o progresso e o bem-estar da humanidade.

É claro que a Líder da Ciência Cristã não estava falando contra o sistema democrático do governo de seu país, sistema esse dedicado à liberdade individual. Ela defendia a Constituição dos Estados Unidos (ver Miscellany, [Outros Textos], p. 282). Ela também disse que não tinha nenhuma orientação política, “…a não ser ajudar a apoiar um governo justo; amar a Deus acima de tudo, e meu próximo como a mim mesma” (Miscellany, p. 276). Em tempos de guerra, ela exortou seus seguidores a orarem para que a presença divina guiasse e abençoasse o presidente, o judiciário e o Congresso (ver A Ciência Cristã frente ao panteísmo, p. 14).

Um secretário da Sra. Eddy disse o seguinte sobre o que ela pensava a respeito de assuntos políticos: “Em questões de política pública, ela considerava a questão moral como primordial, o bem-estar de toda a humanidade como a questão principal, e em questões desse tipo ela nunca ficava neutra. Ao estar em comunhão com a Mente una e única, ela buscava um conceito claro a respeito do que estava certo e do que estava errado em cada questão vital. Então, de modo categórico ela tomava sua posição quanto àquilo que acreditava ser o correto. … Argumentos oportunistas ou de popularidade não conseguiam intimidá-la”. (Irving C. Tomlinson, Twelve Years with Mary Baker Eddy, Amplified Edition [Doze anos com Mary Baker Eddy, Edição Ampliada], pp. 249, 250).

Para que possamos desempenhar nossos deveres cívicos com sabedoria, faz-se necessário uma autoridade maior do que a mera lealdade política ou preferência pessoal. Se decidirmos questões políticas simplesmente seguindo a multidão de pensamentos partidários, nossa vida será sem rumo e vazia. Não conseguiremos discernir a orientação do Princípio, que não comete erros, e não conseguiremos agir de modo que resolva o problema em questão. Por outro lado, estar receptivo à inspiração e à orientação da única e una Mente, que tudo sabe, nos liberta da influência do pensamento coletivo — do pensamento de uma pluralidade de mentes (representadas por pesquisas, análises e opinião popular).

Ao exercerem seus direitos de cidadãos livres, entre eles o de participar no processo político, os Cientistas Cristãos procuram estar informados de maneira segura a respeito das notícias diárias (mas não se abalar com elas!); buscam apoiar organizações e projetos políticos que irão melhorar tanto seu país como o mundo em que eles mesmos e todos os povos vivem, e, acima de tudo, procuram votar como sentem que devem, em época de eleições. As orações diárias dos Cientistas Cristãos reconhecendo que a vontade de Deus é feita “assim na terra como no céu” (ver Mateus 6:10) apoiam essas ações corretas. O progresso nascido de tal oração alinha mais estreitamente a justiça humana com a divina.

Como toda atividade humana digna, o autogoverno político precisa ser elevado a um nível mental mais alto. À medida que o pensamento do público é elevado pelos fatos do existir espiritual, o mesmo acontecerá com a política. A Sra. Eddy expressou esse ideal em sua homenagem ao trabalho do Presidente William McKinley: “Começou aquecendo o mármore da política até chegar ao zelo com sabedoria, apagando os vulcões do partidarismo e unindo os interesses de todos os povos; e chegou a um benefício universal, vencendo o mal” (Miscellany, p. 291).

Em 1892, poucos meses antes de ser escolhido para ser o Redator-Chefe do The Christian Science Journal, o juiz Septimus Hanna aceitou o convite para presidir uma convenção estadual na Pensilvânia para a Liga da Proibição. Depois disso, insistiram para que ele participasse da convenção nacional. Foi nesse momento que ele escreveu à Sra. Eddy, explicando os prós e contras de fazer isso, e pedindo o conselho dela (8 de junho de 1892; ver IC033a. 13.011, The Mary Baker Eddy Library [A Biblioteca Mary Baker Eddy]).

A resposta cautelosa da Sra. Eddy foi acompanhada de um alerta. Ela disse: “O velho reservatório de desonestidade dos políticos precisa ser esvaziado, e é preciso que em seu lugar seja derramado teu propósito de realizar o maior bem para o maior número de pessoas. Se estiveres, agora, suficientemente arraigado e fundamentado no Cristo, a Verdade, e em todos os seus doces aspectos de paciência, sabedoria e graça para fazer frente à tensão, tu poderás realizar um bem maior por trabalhares ocasionalmente com políticos, mais do que te afastando deles”. No entanto, ela alertou: “Isso fará bastante pressão sobre teu caráter cristão, mas se abraçares o trabalho como uma cruz, e a carregares com mansidão, Deus dirigirá e sustentará todos esses esforços…” (11 de junho, 1892; L04928, The Mary Baker Eddy Library [A Biblioteca Mary Baker Eddy]; © The Mary Baker Eddy Collection [A Coleção Mary Baker Eddy]).  

O fanatismo político contradiz a verdade essencial que Cristo Jesus pregou e praticou — isto é, que a vontade de Deus é suprema na vida de homens e mulheres no mundo todo. Em consonância com o Mestre, que demonstrou o poder sanador do Espírito divino sobre a carne, Ciência e Saúde declara: “A Mente imortal, que tudo governa, tem de ser reconhecida como suprema, tanto no reino físico, assim chamado, como no espiritual” (p. 427). Pela mesma lógica metafísica, o Princípio, que tudo governa, deve ser reconhecido como supremo na esfera da chamada política partidária, bem como no harmonioso reino do céu.

Esclarecendo: o partidarismo não acontece somente na política. Esse traço obstinado de um ego pessoal finito levanta sua cabeça de hidra em práticas comerciais duvidosas, em amargas rixas familiares, em debates doutrinários entre religiões, bem como entre ideologias opostas, em disputas beligerantes de fronteiras entre nações. Contendas de todo tipo exigem que vigilemos atentamente o mundo mental em que nos encontramos. Quanto menos acalorados formos em nossas discussões e relações com os outros, mais êxito teremos na demonstração de um governo harmonioso em todas as frentes — em nós mesmos, antes de mais nada, mas também em casa, na sala de reuniões corporativas, na assembleia da igreja, e em todos os cargos políticos do governo.

Um espírito livre de rígido partidarismo não significa que não tenhamos convicção do que é certo — ou a coragem necessária para defender o que é correto. Significa, no entanto, que, combatendo o bom combate da fé, vencendo a mentalidade errada, “nossa luta não é contra o sangue e a carne” (ver Efésios 6:12). Opor-nos ao egoísta, ao oportunista, ao antiético não nos dá licença para julgar, de modo cruel e destrutivo, aqueles que discordam de nós. No momento em que as paixões se tornam inflamadas pela controvérsia política, o Cristo conclama cada um de nós a amar mais (sim, a tratar com amor até mesmo um suposto adversário) e, se necessário, perdoar os outros como Jesus fez. Afinal, a Regra Áurea não deixa de ser áurea, nem de ser uma regra, no instante em que nos envolvemos no discurso político!

Reconhecer primeiro o que é espiritualmente verdadeiro nos capacita a discernir mais prontamente a abordagem política mais adequada em determinadas circunstâncias. Referindo-se à Igreja, no Regulamento “Vigilância quanto ao dever”, a Sra. Eddy chama a atenção para a importância de metafisicamente tomarmos decisões de modo sábio e impessoal: “Segundo as suas obras será julgado — e justificado ou condenado” (Manual dA Igreja Mãe, p. 42).

Ao julgar com base no desempenho, e não na pessoalidade, ficamos mais capacitados a manter nosso pensamento imperturbado, sem ser influenciado pelas acusações e contra-acusações pessoalizadas da retórica política. Conseguimos seguir melhor este sábio conselho: “Sê moderado no pensar, no falar e no agir. … Refreia o zelo descomedido” (Mary Baker Eddy, Retrospecção e Introspecção, p. 79).

À medida que as pessoas aprendem a levar “cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (ver 2 Coríntios 10:5), o corpo político se tornará mais “moderado no pensar, no falar e no agir”. Da mesma forma, à medida que nosso coração abranda, o fanatismo partidário cederá ao espírito-Cristo de equidade e equanimidade, que expressa o governo de Deus assim na terra como no céu. 

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