É possível que os anjos sejam reais e que venham a nós sempre que deles precisamos? Na Ciência Cristã, aprendemos que a resposta a essa pergunta é sim. Contudo, os anjos, como é explicado na Ciência Cristã, não são humanoides brilhantes com asas, mas sim, intuições espirituais que vêm de nossa fonte divina, Deus, diretamente para cada um de nós. Elevam nosso pensamento a respeito do estado das coisas — no qual parecemos sujeitos ao pecado, à doença e a outras formas de desarmonia — e fazem com que nos voltemos para um crescente reconhecimento da realidade presente e permanente da liberdade, da saúde e da santidade outorgadas por Deus. E essas intuições espirituais vêm a nós continuamente.
Para Cristo Jesus, os anjos eram uma companhia constante. No momento de maior tribulação em sua vida, recusando-se a fugir de seus inimigos ou a lutar contra eles, ele se voltou totalmente para Deus e Seus anjos em busca de força e orientação, como afirmou, ao ser preso: “Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” (Mateus 26:53).
A mensagem de um hino do Hinário da Ciência Cristã, ao falar sobre Deus, nos assegura que Ele sabe de quais anjos precisamos: “Deus sabe quais os anjos Seus / Nos podem confortar, / E logo os vai mandar” (Violet Hay, Hino 9, trad. © CSBD).
Como podemos então sentir a presença desses anjos? Talvez uma das respostas esteja justamente nas palavras do hino: “Deus sabe quais os anjos Seus / Nos podem confortar”. Talvez não reconheçamos os anjos de que necessitamos justamente porque frequentemente eles não são os anjos que queremos, segundo nossa opinião.
A inspiração divina se manifesta de uma forma espontânea e vem da fonte que está além da mente humana. Insiste que mudemos nossa maneira de pensar. Exige que paremos de focar no ego e eleva nossos olhos para a realidade espiritual. Isso pode, às vezes, fazer com que resistamos e lutemos. Mas podemos encontrar ânimo para essa luta no personagem bíblico Jacó, que, certa vez, teve um encontro desagradável com um anjo (ver Gênesis 32:24–30).
Ao voltar para casa após um longo período de ausência, Jacó temia que seu irmão, Esaú, tivesse a intenção de matá-lo, porque Jacó havia sido desonesto com ele. Ao orar por orientação, Jacó recebeu uma visita. Acontece que o visitante era um anjo, embora aparentemente Jacó não tenha percebido isso, a princípio. Não é de surpreender que o anjo não tenha tido uma atitude muito “angelical”. Ele não tentou confortar Jacó nem o tranquilizou, dizendo que Deus o protegeria. Nada disso! De acordo com o relato da Bíblia, o anjo o manteve acordado a noite toda, lutando com ele, e acabou por deslocar o quadril de Jacó durante a luta.
É claro que Jacó não estava realmente sendo atacado fisicamente por um anjo. O relato é uma metáfora para a luta mental de Jacó. Ele havia sido desonesto para com Esaú porque acreditava que fazer isso, em vez de confiar em Deus, era a forma de conseguir o que ele achava que precisava. Nos anos que se seguiram, Jacó havia crescido e estivera procurando deixar aquele fundamento de pecado e materialismo. O anjo acabou com o que restava daquele falso fundamento — o significado metafórico do deslocamento do quadril de Jacó — e este encontrou sua verdadeira identidade, isenta de pecado, como filho amado de Deus.
Como lemos no livro-texto da Ciência Cristã: “Jacó estava sozinho, lutando contra o erro — debatendo-se com o senso mortal de que a vida, a substância e a inteligência existam na matéria com seus falsos prazeres e dores — quando um anjo, uma mensagem da Verdade e do Amor, lhe apareceu e lhe tocou a articulação, ou seja, a força do seu erro, até que Jacó reconheceu a irrealidade do erro; e a Verdade, que desse modo foi compreendida, deu-lhe força espiritual nesse Peniel da Ciência divina” (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 308).
Podemos, às vezes, nos encontrar em uma luta parecida, na qual argumentamos em favor da raiva e do ressentimento, enquanto um pensamento angelical está exigindo que amemos. Ou cedemos ao pecado enquanto uma mensagem angelical está insistindo que sejamos puros. Ou talvez, como Jacó, achamos que o mal vai vencer o bem, ao passo que os anjos do Amor estão ordenando que não tenhamos medo do mal, porque o bem é infinito.
Todos nós queremos ficar livres da doença e da desarmonia. Mas quando uma mensagem angelical contradiz nossas opiniões ou o senso de autojustificação, o anjo pode parecer um rival, em vez de um aliado. Contudo, seja qual for a situação, o anjo é, sem dúvida, nosso melhor amigo. Ele está sempre em favor de nosso verdadeiro existir, em favor da identidade pura e boa criada pelo Amor divino, Deus. E sempre tem o poder necessário para derrotar qualquer manifestação do mal, da sensualidade ou da mortalidade que parecem esconder nossa verdadeira natureza e nosso estado real de saúde e harmonia.
Certa vez, eu estava caminhando sozinha em um bosque, furiosa devido a uma divergência com uma amiga. Tropecei em uma pedra e sofri uma grave torção no tornozelo. Eu teria gostado que um anjo não somente me levasse para casa, mas também mudasse a opinião de minha amiga! Mas, em vez disso, enquanto eu orava a respeito do tornozelo, um pensamento vindo do Amor divino me despertou e curou minha raiva. Percebi que minha amiga e eu nunca poderíamos ter divergências, porque nós duas somos, e sempre seremos, expressões inocentes e amorosas do Amor. Regozijando-me com essa libertação mental, levantei-me sem pensar no tornozelo, e me dei conta de que a dor e os outros sinais do acidente haviam desaparecido.
Os anjos de que necessitamos não nos dão uma muleta ou uma resposta rápida para preservar a situação atual em que nos encontramos. Eles nos confortam, assegurando-nos de nossa verdadeira identidade como filhos amados de Deus, sempre em segurança. Protegem-nos, revelando o que precisamos corrigir em nossa consciência, e mostrando-nos que temos a força, a compreensão e a sabedoria que Deus nos dá para fazermos a correção. E eles nos guiam, iluminando, com a luz do Amor, o caminho da verdadeira liberdade e alegria.
Regozijemo-nos porque Deus, o Amor divino, está sempre nos enviando os anjos de que necessitamos. Se estivermos dispostos a acolhê-los, constataremos que eles também são exatamente os anjos que realmente queríamos.
Lisa Rennie Sytsma
Redatora-Adjunta