Na Bíblia, encontramos muitos relatos que ilustram o quanto é importante ouvir a Deus, quando cuidamos de outras pessoas. Quando ouvimos a Ele, expressamos Suas qualidades e temos amor genuíno por nosso próximo, somos inspirados a ver a melhor forma de ajudar alguém, sempre que surge a oportunidade.
Em sua parábola a respeito do bom samaritano, por exemplo, Jesus pergunta quem agiu como o próximo do homem que fora gravemente ferido, depois de ter caído em mãos de salteadores. Teriam sido o levita ou o sacerdote, que passaram ao largo? Ou o samaritano que, cheio de compaixão, foi até o homem e cuidou de seus ferimentos? O samaritano aproximou-se dele imbuído de amor fraternal genuíno. Ajudou aquele homem ferido, colocando-o sobre seu próprio animal, cuidando dele em uma hospedaria e recompensando o hospedeiro para que este prosseguisse com os cuidados, durante sua ausência (ver Lucas 10:25–37).
Outro exemplo está na história da ressurreição da filha do chefe da sinagoga, chamado Jairo (ver Marcos 5:21–24, 35–43). No caminho para a casa de Jairo, quando disseram a Jesus que a menina já havia morrido, ele respondeu: “Não temas, crê somente”. No meu entender, isso significa que um estado mental em que não existe medo é proveitoso, ao cuidarmos do nosso próximo. Quando Jesus chegou, ordenou a todos os que choravam e pranteavam que saíssem da casa, e levou consigo apenas Pedro, João e Tiago, assim como o pai e a mãe da menina. Jesus se aproximou dela e tomou-a pela mão, dando apoio à menina, enquanto ela recobrava a consciência e se levantava, e depois pediu que a alimentassem, restaurando-a à vida normal.
A importância desse tipo de cuidado prático, ao curar os doentes, está presente nos escritos de Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã. Ela deixou, no Manual da Igreja, um artigo que regula o cuidado da enfermagem na Ciência Cristã. Lemos ali: “O membro dA Igreja Mãe, que se apresentar como enfermeiro ou enfermeira da Ciência Cristã, precisa possuir conhecimento demonstrável da prática da Ciência Cristã, entender plenamente o que é necessário fazer no quarto do doente, e saber cuidar adequadamente dos enfermos” (p. 49).
Mas o que acontece quando moramos em uma localidade onde não há um enfermeiro da Ciência Cristã disponível para oferecer pessoalmente esses cuidados? Podemos reconhecer que o cuidado constante de Deus está sempre ao nosso alcance. Mary Baker Eddy escreve, em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, talvez referindo-se a todos aqueles que estão envolvidos com a atividade de cuidar dos outros: “Os enfermeiros precisam ser alegres, ordeiros, pontuais, pacientes, cheios de fé — receptivos à Verdade e ao Amor” (p. 395).
Eu gosto especialmente de pensar a respeito da alegria como sendo uma qualidade da Alma, Deus, que não esmorece diante das dificuldades. A alegria nos guia a agir em sintonia com o Princípio divino, que se manifesta em ordem e pontualidade, garantindo que a ideia correta do que fazer, ao cuidar do paciente, se apresente apropriadamente na hora certa. A paciência nos ajuda a expressar excelência. E a expressão dessas qualidades, atrelada à fé, leva-nos para mais perto de Deus, a Mente. Por meio de Suas ideias inspiradas, alcançamos a solução em todas as situações. Nós podemos expressar essas qualidades ao cuidar dos outros ou de nós mesmos, abençoando nosso próximo e sendo abençoados.
Já vivenciei essa bênção, quando torci o pé ao descer um degrau, na saída de um supermercado. Como não conseguia ficar de pé novamente, sentei-me no chão e voltei-me a Deus em oração para descobrir como sair dali. Logo um funcionário do supermercado se aproximou e, sem me fazer nenhuma pergunta, levantou-me e me ajudou a chegar até meu carro.
Uma vez no carro, percebi que poderia dirigir pelo trajeto de 5 minutos até minha casa, apesar da dor que sentia. Eu estava orando sem cessar, reconhecendo a bondade e a supremacia de Deus, que impede qualquer dor. Também estava muito agradecida por ter recebido a ajuda de que precisava naquele momento. Essa foi, para mim, uma prova de que o Amor divino estava satisfazendo a necessidade humana do modo mais apropriado.
Quando cheguei em casa, a aparência do pé era muito ruim. Meu filho ajudou-me a me acomodar em uma poltrona e serviu meu almoço. Eu telefonei para um praticista da Ciência Cristã para receber tratamento pela Ciência Cristã. O praticista recomendou-me a leitura de dois trechos em Ciência e Saúde. Na página 397, o título marginal: “Solução para acidentes” chamou minha atenção, e foi muito bom saber de imediato que havia uma solução para aquele problema. Também foi muito útil ler este trecho, na mesma página: “Quando acontece um acidente, pensas ou exclamas: ‘Estou ferido!’ Teu pensamento é mais poderoso do que tuas palavras, mais poderoso do que o próprio acidente, para tornar real o ferimento”.
Além disso, procurei testemunhos de cura no Arauto-Online (arautocienciacrista.com). Os relatos que li me mostraram que eu podia ter a expectativa de que minha cura seria completa e permanente.
No mesmo dia, à noite, a aparência do pé estava nitidamente melhor, e foi encorajador saber que a cura estava acontecendo.
Continuei orando durante as duas semanas seguintes, enquanto ia retomando minhas atividades. Pude inclusive participar pessoalmente da Assembleia de membros da filial da Igreja de Cristo, Cientista, da qual sou membro. Foi muito reconfortante sentir o amor e o apoio dos outros membros da igreja.
Quando eu estava completamente curada, retornei ao supermercado e fiz questão de procurar aquele funcionário para lhe agradecer por ter me ajudado com tanta alegria. Durante nossa conversa, ele me disse que era um refugiado do Haiti trabalhando no Brasil, e que havia aprendido que, seja qual for a situação que estejamos enfrentando, nunca podemos perder a alegria. Essas palavras me trouxeram um grande contentamento, porque pude ver que, conforme está escrito naquela passagem da página 395 de Ciência e Saúde, a alegria é uma qualidade espiritual vital para os enfermeiros — para todos aqueles que estão envolvidos de alguma maneira com a atividade de cuidar.
Sou muito grata pelo fato de que o amor fraternal, a alegria, a ordem, a pontualidade e a paciência sejam inerentes a todos os filhos de Deus. Todos nós refletimos, constantemente, essas qualidades e podemos, portanto, estar sempre prontos a ajudar o próximo e a vivenciar o cuidado contínuo do Amor divino.