Uma lâmpada elétrica desenhada por cima da cabeça de uma pessoa, num desenho ou numa historieta cômica, em quadrinhos, simboliza uma idéia luminosa ou um despertar mental. Quando uma pessoa diz que pegou o sentido de qualquer assunto, costuma-se presumir que essa pessoa tenha formado um juízo correto sôbre tal assunto. É mentalmente que vemos, discernimos, compreendemos ou entendemos as idéias. Essa ação ocorre no pensamento.
Por aí podemos compreender que a percepção não está, de modo algum, limitada aos olhos. Duas pessoas, olhando para o mesmo objeto, raramente o vêem da mesma maneira. Parece que o que vemos não depende tanto daquilo para que olhamos, como daquilo em que estamos pensando.
Cristo Jesus, num esfôrço para despertar da apatia os seus discípulos, deixou isso bem claro, quando lhes disse (Marcos 8:17, 18): “Ainda não considerastes, nem compreendestes?... Tendo olhos, não vêdes?” Essas palavras foram evidentemente ditas a fim de incitá-los a compreender espiritualmente. Suas palavras indicavam que os olhos mortais não trazem o sentido espiritual, ou o verdadeiro sentido da visão. Por outro lado, pouco depois demonstrou, curando um homem, que o discernimento espiritual traz aos olhos cegos um sentido normal de visão.
Em Ciência e Saúde, de autoria de Mrs. Eddy, lemos (p. 486): “A vista, o ouvido, todos os sentidos espirituais do homem, são eternos. É impossível perdê-los. Sua realidade e imortalidade estão no Espírito e na compreensão, não na matéria — daí sua permanência.” Graças à inspirada Palavra da Bíblia, Mrs. Eddy compreendeu como foi que Jesus realizou as obras que lhe foram confiadas: êle abrigava, constantemente, um conceito iluminado sôbre a criação de Deus. Embora suas obras fôssem de vários tipos, o Princípio que tinham por base era o mesmo. Êsse Princípio divino era Deus, o mesmo Princípio que hoje está ao nosso alcance para nos revelar conceitos verdadeiros sôbre a criação.
O Princípio não tem erros a corrigir. Jamais entrou algum êrro no Princípio. Deus, o Princípio, não tem discórdia alguma de que se tenha de desfazer. Nunca houve discórdia no Princípio. A perspectiva que a Mente onisciente, Deus, tem de sua criação perfeita, é a única verdadeira, porque Deus é a Verdade.
E quanto ao homem? Aprendemos na Bíblia que êle é a imagem e semelhança de Deus (ver Gênesis 1:27). Eis porque o homem é uma semelhança infalível, que eternamente reflete percepção, compreensão, clareza e visão.
Poder-se-ia fazer esta pergunta: “Não haverá algo que tenha de ser fixado ou ajustado no caso de uma pessoa desarmoniosa, míope, ou cega?” Sim, mas o ajustamento é sempre mental. A necessidade consiste em aceitar conscientemente uma perspectiva mais clara da perfeição de Deus e Seu reflexo, o homem. Consiste em começar com o Princípio, que serve de base a tôda a criação, criação essa que já é boa. Ver direito é ver corretamente, ver a criação como Deus a fêz.
O homem cego, curado por Jesus, certamente parecia cego às outras pessoas. Êsse estado parecia muito real para essas pessoas, mas não para Jesus, cujo conceito sôbre o homem era sempre espiritual. Êle conhecia e contemplava a idéia, o homem perfeito, e êsse conceito, mantido espiritualmente, produzia a cura.
A visão de uma Cientista Cristã estava começando a ficar indistinta, e às vêzes até turvada. Essa Cientista começou a perceber que isso era sòmente uma sugestão mental, mortal. Compreendeu perfeitamente que a visão não procede de olhos materiais, como também não procede de outra forma de matéria, animada ou inanimada. Estava certa de que só precisava melhorar sua visão espiritual, e de que nada precisava ser acrescentado ao homem, ou poderia ser dêle retirado.
Ela se interessou pelo bem espiritual, pela percepção espiritual, pela compreensão espiritual e pelo despertar espiritual. Havia grande alegria em sua convicção de que a visão infinita já está ao dispor de todos. Dentro em pouco ficou curada de sua dificuldade.
Se ao menos quisermos concordar com Deus, poderemos vencer os argumentos de um ponto-de-vista material. Negando que a visão se origine na matéria, ou nela resida, visto que a visão é espiritual, podemos demonstrar que a visão é eterna. Quando concordamos com o Princípio, abrimos nosso pensamento para provar a verdade do discernimento, da percepção ou da visão espiritual. Êsse discernimento espiritual é inerente ao homem, por ser êste a imagem e semelhança do Amor, e podemos usufruir eternamente dêsse discernimento.
