“O lar é o lugar mais querido da terra, e deveria ser o centro, mas não o limite, dos afetos,” escreve Mrs. Eddy em Ciência e Saúde (p. 58).
A relação harmoniosa de cada membro de uma família com os outros familiares é essencial para que o lar possa satisfazer ao alto padrão que tais palavras implicam. Mas se as relações no lar não são completamente harmoniosas, como podem elas ser melhoradas?
Um importante passo nesse sentido é obter uma compreensão correta do que é o lar. A Ciência Cristã explica que, em realidade, o lar é um estado de consciência — a consciência da presença e da bondade de Deus. O lar é inteiramente espiritual e perfeito. Sob o govêrno do Amor, o lar inclui sòmente aquilo que é bom; exclui o que é mau.
Cada qual nesse lar perfeito é uma idéia de Deus, que Êle governa e faz com que seja afetuosa, inteligente e pura. Êsse lar verdadeiro manifesta-se em nossa família humana na proporção em que estivermos conscientes de que Deus, o Amor, é o doador de todo o bem e que o homem, a quem Êle faz à Sua imagem, é o recebedor eterno da bondade do Amor.
A mente carnal ou mortal é o pretenso oposto de Deus. Ela afirma que o lar é material, habitado por mortais, cada qual com a sua própria mente e sua própria vontade. Essas pessoas, diz a mente mortal, às vêzes são amáveis e razoáveis, e às vêzes rixentas, egoístas, zangadas, e assim por diante. Mas a Ciência Cristã ensina que, em razão de ser Deus a Mente infinita, a mente mortal não passa, de fato, de uma ficção que não tem existência verdadeira ou realidade, e, portanto, não tem poder para perturbar a harmonia de nosso lar verdadeiro. Para destruir as mentiras da mente mortal, precisamos ser persistentes em afirmar a verdade sôbre êsse lar e negar a suposta realidade do mal.
Outra grande contribuição para a harmonia e a felicidade de nosso lar consiste em adquirirmos uma compreensão de nossa verdadeira individualidade como filhos de Deus e, correspondentemente, despojar-nos de um falso sentido do eu. O eu material é nosso pior inimigo. Está sempre pensando em si mesmo, com exclusão dos demais. Quer que prevaleça a sua vontade, não se importando com o que é justo. É irrefletido, indiferente e teimoso. Queixa-se em voz alta das más ações dos outros, mas não quer admitir os seus próprios defeitos.
Jesus reconheceu a importância de se perceber a mentira do eu material, e aconselhou a seus discípulos (Mateus 16:24): “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” Precisamos negar um falso sentido do eu se quisermos ter o Cristo, a idéia espiritual de Deus. Ao mesmo tempo, devemos esforçar-nos por expressar aquelas qualidades que são inatas ao nosso verdadeiro ser, tais como um amor abnegado, misericórdia e bondade.
Uma terceira contribuição importante para a harmonia no lar consiste em ver os nossos familiares como realmente são — os filhos de Deus. O homem verdadeiro reflete o amor do Amor e a inteligência da Mente; êle expressa a bondade e a perfeição da Verdade. O conceito que a mente mortal tem do homem é o contrário disso, e a tentação de acreditar na realidade dêsse conceito errado pode, às vêzes, ser muito forte. Deve isto, porém, ser tido como um desafio para provar a perfeição do lar verdadeiro, governado por Deus, e a irrealidade da declaração inexata que o êrro faz do lar.
Para sanar tal situação, não culpamos, não condenamos nem criticamos injustamente nenhuma outra pessoa, mas deixamos de acreditar nas sugestões da mente mortal e na descrição inexata que o êrro está tentando apresentar. Afirmamos que nosso verdadeiro lar é governado pelo Amor e que qualquer dos integrantes do lar está, em realidade, expressando as qualidades do Amor. Verdades como essas, afirmadas e mantidas firmemente, anularão as mentiras do êrro, e a unidade desejada será conseguida.
A felicidade e a concórdia no lar são favorecidas à medida que expressamos duas importantes qualidades: amor e integridade. O homem verdadeiro, a idéia do Amor, é naturalmente afetuoso. Quando afirma sua entidade verdadeira como expressão do Amor, manifesta mais benevolência em seu lar. Êle se preocupa com o bem-estar de outros e se guarda contra qualquer tentação de ser desagradável, desatencioso ou mal-humorado.
A integridade é indispensável para as relações harmoniosas e expressa-se na medida em que compreendemos que o homem de Deus, a idéia da Verdade, Princípio, é inerente e completamente justo e não se pode desviar da integridade absoluta. Sabedores disso, vemos que jamais há justificação para a mentira, nem mesmo para uma meia verdade ou para uma pequena mentira inofensiva. A importância da integridade está salientada por Mrs. Eddy na página 59 de Ciência e Saúde onde, ao falar do casamento, ela diz: “Uma compreensão mútua deveria existir antes dessa união e continuar para sempre depois dela, pois a decepção é fatal para a felicidade.”
Finalmente, o lar harmonioso deve estar baseado sôbre a compreensão de que o Espírito é a verdadeira substância. Coisas materiais em abundância, por si mesmas, não estabelecem relações felizes; nem é a falta dessas coisas uma causa básica de infelicidade. Em vez de dar poder à matéria, deveríamos afastar-nos da crença de que a matéria seja substância e possa determinar nossa harmonia, bem como perceber com maior clareza que a única verdadeira substância é Deus, Espírito. Então, as coisas materiais em nossa morada tomam um lugar subordinado, não se lhes permitindo ser uma causa de desarmonia; também não haverá discórdia acêrca de assuntos financeiros.
Quando percebemos mais claramente a verdade relativa ao lar, como é estabelecida e governada por Deus, e nos vemos a nós e aos nossos familiares como filhos perfeitos do Amor, nosso lar humano torna-se mais harmonioso e cumpre a promessa dada no Salmo vinte e três, “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre.”
