Um dos traços característicos da democracia é cada indivíduo ter o direito de eleger, por voto secreto, aquêles a quem deseja ter como seus governantes. Por que, então, muitos cidadãos sinceros retraem-se da vida política e das campanhas que envolve? Será porque esta, tão freqüentemente degenera em linguagem insultuosa e em demagogia? Estão os cidadãos mais capazes, dispostos a representaremnos? Podemos nós, individualmente, fazer algo para melhorar a situação? Estamos usando corretamente nosso privilégio de votar?
Diz-se geralmente que o povo obtém o govêrno que merece. Seu conceito básico sôbre Deus, as atitudes de uns para com os outros, determinam largamente o tipo de govêrno que surge. Muito antes de surgirem os candidatos e seus programas, como é vital que os cidadãos de países democráticos examinem-se a si mesmos, para assegurarem-se de têm qualificações para serem servidos pelos melhores cidadãos disponíveis! E para verem que atingiram, individualmente, um grau de desenvolvimento que os habilita a conhecer as qualidades que os altos postos exigem, e a discriminar entre os programas políticos divergentes!
Depois de aposentado, um industrial costumava observar, com profundo interêsse, o desenvolvimento de firmas que havia administrado em seus estágios iniciais. Sua maior alegria foi ver a realização daqueles indivíduos a quem havia promovido, passo a passo, desde “office-boy” ou operário até altos postos administrativos e de autoridade. Sua maior decepção foi que, poucos dêsses indivíduos, não importa quão grandes as suas realizações, souberam desenvolver a visão, a abnegação e a habilidade para treinar outros jovens para os sucederem. A experiência dêsse homem mostra a necessidade de auto-pre-paro, qualidade que um cidadão deve ter antes de assumir a responsabilidade de escolher outros para postos governamentais.
O industrial percebeu que não conseguira transmitir aos outros o seu amor desprendido e a largueza de sua visão. O Cientista Cristão, porém, está apto a reclamar essas qualidades essenciais, tanto para si quanto para seu compatriota, em base científica, e não pessoal. O Mestre, Cristo Jesus, disse (João 5:30): “Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo porque não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou.”
À página 587 de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science — pronuncia-se: Crístian Çai'ens., define Deus como “O grande Eu Sou; Aquêle que tudo sabe, que tudo vê, que é todo-atuante, todo-sábio, a tudo ama, e que é eterno; princípio; Mente; Alma; Espírito; Vida; Verdade; Amor; tôda a substância; inteligência”; e à página 591 ela define o homem como “A idéia composta que expressa o Espírito infinito; a imagem e semelhança espiritual de Deus; a representação completa da Mente.” O homem precisa, portanto, expressar Deus em amor, discernimento, sabedoria, equilíbrio, integridade. Por refletir a Mente, o amor impessoal não pode ser mal informado ou imprudente. Expressando a Alma e o Princípio, êsse amor inclui um profundo e atento discernimento espiritual, e absoluta integridade.
Identificando-se a si mesmo e o próximo, corretamente, com a verdadeira natureza espiritual do homem, o estudioso sincero de Ciência Cristã está constantemente se despindo do velho homem, ou da falsa noção de personalidade, e está obedecendo á injunção de Paulo — “Orai sem cessar” (I Tessalonicenses 5:17). O pensamento do estudioso está sendo espiritualizado. O estudioso está subindo ás montanhas, como Jesus sempre fazia. Assim, quando se deve tomar uma decisão importante, como em época de eleição, está êle em condições, espiritual e mentalmente, de perceber quais os cumes que recebem os primeiros raios da luz da alvorada.
O Cientista está à procura precisamente dessa luz refletida das qualidades cristãs. Mrs. Eddy escreve (Ciência e Saúde, p. 295): “A manifestação de Deus através dos mortais é como a luz que passa através da vidraça. A luz e o vidro nunca se misturam, mas, como matéria, o vidro é menos opaco do que as paredes. A mente mortal, através da qual a Verdade aparece mais vívida, é aquela que perdeu muita materialidade — muito êrro — a fim de se tornar mais transparente para a Verdade. Então, como uma nuvem que se dissipa em tênue vapor, ela não mais esconde o sol.”
Demonstrando, por meio da oração, a sua própria identidade espiritual, volvendo as costas à noção material e pessoal das coisas, o Cientista está disposto a procurar, e está mais apto a reconhecer o Cristo, a Verdade, expresso nos outros. O Cientista não precisa denegrir aquêles em quem as necessárias qualidades cristãs parecem não estar claramente visíveis. Concentra-se em preparar-se para reconhecer o indivíduo ou o programa que provará ser a mais clara transparência para o govêrno da Mente divina. E qualquer que seja o resultado do voto da maioria, continua a esperar um surgimento mais claro do Cristo na terra, e exulta, com Isaías (9:6), dizendo: “O govêrno está sôbre seus ombros.”
Isso é estar em campanha construtiva. É obedecer aos Dez Mandamentos. É transferir a política para o amor refletido. Amar ao próximo era, para Jesus, vê-lo como Deus o fêz — sadio, santo, completo. O nôvo mandamento que deu aos seus discípulos foi o de amarem-se uns aos outros, assim como êle os amara.
É bom lembrarmo-nos dêsse mandamento, durante as campanhas eleitorais, justamente quando é fácil infringi-lo, e depois imaginar por que os candidatos se comportam tolamente, por que os eleitos falham em fazer jus às exigências do cargo. Se, em vez disso, todos nós, humildemente, verificássemos nossos próprios pensamentos, palavras e ações, e os mantivéssemos firmemente de acôrdo com o mandamento de Jesus, continuaríamos, nós mesmos, a ser transparências mais claras para a Verdade curativa. Concomitantemente, os que se candidatam à eleição não seriam fustigados pela crítica destrutiva, negativa, da qual talvez ainda não saibam se defender.
Os cidadãos que se consagraram a estabelecer uma maior porção do reino de Deus na terra, a “procurar ... a vontade do Pai”, a amar como Jesus amava, crescerão individualmente em estatura cristã. Atribuirão mérito e selecionarão homens públicos capazes de governar sob o contrôle de Deus, desprendidamente. Êstes, em troca, estarão garantidos por uma contínua proteção conseguida por meio de oração, e pelo compreensivo apoio daqueles a quem servem.
