Quando votamos, em dia de eleição, acaso paramos diante de uma longa lista de nomes a serem votados, imaginando como fazer uma escolha correta para cada cargo constante da lista? Poderemos fazer algo que nos ajude a decidir quem é melhor para os cargos governamentais, em nível local, estadual ou nacional?
Mrs. Eddy escreve, em Ciência e Saúde (p. 3): “Quem se colocaria diante de um quadro negro e rogaria ao princípio da matemática que lhe resolva o problema? A regra já está estabelecida e é nossa tarefa achar a solução.” Portanto, a primeira coisa que precisamos fazer é determinar a regra de govêrno a ser estabelecida.
Na Ciência Cristã aprendemos que o verdadeiro govêrno é espiritual, e sua autoridade, sanção e poder derivam de Deus, o Espírito. Tal govêrno é justo e livre de tôda e qualquer ação imprudente. Não tem predisposições, e é imparcial. E acima de tudo, é todo poderoso, livre de tôdas as sugestões destrutivas e errôneas. Nunca houve um comêço ou um fim para o govêrno de Deus, pois êsse govêrno sempre esteve, e sempre estará em operação. Através do reconhecimento e da afirmação dessas verdades, estabelecemos o verdadeiro conceito de govêrno em nossa consciência.
Um pensamento tão espiritualizado, naturalmente redundaria em ações humanas corretas, não sòmente nas urnas, mas também em nossas vidas cotidianas. As sugestões errôneas que nos governassem seriam expostas e destruídas. Como nos diz Mrs. Eddy, em Miscellaneous Writings — Escritos Diversos — (p. 355), “Dar murros a torto e a direito, na cerração, nunca aclara a visão. Erguermos a cabeça, porém, acima da cerração, é a panacéia soberana.”
Erguendo nossas vistas acima das sugestões tirânicas da mente humana — o orgulho, a cobiça, o egoísmo, a voluntariosidade, a excessiva ênfase no confôrto pessoal e no prazer, e as recompensas materiais — estaremos sendo autogovernados, pròpriamente. Nossas tarefas individuais, para que ajudemos nosso govêrno humano, nos serão reveladas.
Para ilustrar, tomemos a narrativa bíblica de Samuel. Quando criança, servia êle apenas a Deus. “Crescia Samuel, e o Senhor era com êle, e nenhuma de tôdas as suas palavras deixou cair em terra” (I Samuel 3:19). Em suma, Samuel escutava e obedecia à vontade de Deus. Um dos vários resultados de tal dedicação, foi Samuel poder persuadir os filhos de Israel a desistirem de seus falsos Deuses. Foram, então, libertados dos filisteus.
Mais tarde, quando se necessitou de um nôvo rei, Deus ordenou a Samuel que escolhesse um rei dentre os oito filhos de Jessé. Quando êstes desfilaram diante dêle, até o próprio Samuel, apesar de todo seu discernimento espiritual, foi tentado a escolher um dêles devido à boa aparência. No entretanto, antes de tomar uma decisão, Samuel ponderou sôbre as verdadeiras qualidades de um rei, as qualidades cristãs. E ouviu a voz de Deus, guiando-o (I Samuel 16:7): “Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, ... porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração.” Samuel escolheu Davi para ser rei, e a seguir o ungiu. Como mostram os fatos narrados na Bíblia, Davi era o mais preparado para tal posição.
Num ano de eleições, em certa comunidade onde um Cientista Cristão morava, havia várias facções entre os candidatos locais. No ano anterior, pudera êle ràpidamente decidir a quem deveria apoiar, e estivera bastante ativo na campanha de seu candidato. Neste ano estava confuso quanto ao que deveria fazer.
Voltando-se para Deus em busca de uma resposta, foi levado a fazer trabalho metafísico intensivo, diàriamente, durante quase duas semanas. Evidentemente, precisava primeiramente de um conceito espiritual. Uma vez obtido êsse conceito, pôde substituir a dúvida e a agitação de seu pensamento por uma confiança na vontade de Deus e em Sua direção. Viu, então, claramente, em quem deveria votar. Viu também qual o papel que deveria desempenhar nas eleições.
Os candidatos que apoiava eram de dois partidos diversos. A parte que lhe coube nas eleições daquele ano foi orar, diàriamente, pelos cargos e pela comunidade. Fêz isso antes, durante e depois de ter votado. Os dois candidatos que havia selecionado foram eleitos, pelo que o Cientista ficou muito grato.
Nos meses seguintes ficou ainda mais grato, pela paz de espírito que lhe sobreveio, como resultado de ter sido obediente ao que se apresentara a êle naquelas eleições. O correto desenrolar-se das ações de um ano não precisa, necessàriamente, repetir-se todos os anos. Sòmente Deus, e não os partidos políticos, os vizinhos bem intencionados ou os amigos prestativos, deve determinar o papel humano que cada um de nós tem de procurar desempenhar em cada eleição.
Em resposta a uma pergunta quanto à sua política, Mrs. Eddy diz (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany — A Primeira Igreja de Cristo, Cientista e Miscelânea — p. 276): “Na realidade, não tenho política alguma, senão a de ajudar a apoiar os governos justos; de amar a Deus acima de tudo, e ao meu próximo como a mim mesma.” Êstes são, portanto, nossos marcos guias, não sòmente para a política, mas para a própria vida. Observando-os diàriamente, e não apenas em dias de eleição, sairemos do deserto da dúvida, da confusão e da tentação, e entraremos na terra prometida, onde reinam a paz e a harmonia. Assim fazendo, estabeleceremos nosso mais alto conceito de govêrno, em cada fase de nossa experiência humana.
