Todos nós temos assistido a vastos melhoramentos no campo das comunicações. Agora podemos discar, em segundos, um chamado telefónico para um amigo distante centenas de quilômetros. Podemos atravessar o oceano, de avião a jato, em poucas horas. Satélites proporcionam elos de comunicação em tôrno do glôbo. E, no entanto, milhões de pessoas ainda sofrem por falta de comunicação entre suas famílias, com seus vizinhos, no trabalho, na indústria e nos negócios nacionais e mundiais.
Êsse contraste indica que a comunicação eficaz depende de algo mais do que contato por meios materiais. A comunicação é um intercâmbio de pensamentos, uma compreensão mútua. A comunicação eficaz é, em realidade, espiritual.
Mrs. Eddy declara em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (p. 213): “A Ciência divina revela que o som se comunica através dos sentidos da Alma — através da compreensão espiritual.”
Essa declaração, do livro-texto da Ciência Cristã, desvenda o mistério de um acontecimento relatado no segundo capítulo dos Atos dos Apóstolos. Quando o povo, de um grande número de países, estava ouvindo os apóstolos, “cada um os ouvia falar na sua própria língua.” A mensagem dos apóstolos deve ter sido comunicada através da compreensão espiritual.
Cientistas Cristãos com limitado conhecimento da língua inglêsa, têm tido freqüentemente experiências semelhantes, quando assistem a conferências sôbre a Ciência Cristã, em inglês. Palavras estranhas de repente adquirem sentido para êles, e êles podem acompanhar o conferencista com compreensão.
As comunicações em família podem ser melhoradas quando a verdadeira origem espiritual de cada um de seus membros é conscienciosamente reconhecida. Deus é Amor, e Deus é infinito, está em tôda parte, é Tudo-em-tudo. O homem, Sua imagem e semelhança, é o reflexo do Amor. Assim, em realidade, cada membro da família é a expressão individual do mesmo Amor infinito.
Como pode, então, haver desarmonia ou falta de comunicação entre êles? Qualquer aparente desarmonia está baseada ùnicamente na suposição errónea de que possa haver algo além do Amor infinito. Entretanto, êsse êrro perde sua influência enganadora logo que seja reconhecido como êrro, como nada.
Compreendendo nossa relação mútua para com Deus, estaremos aptos a vencer a timidez. Poderemos falar ao nosso próximo sem embaraço, seja ele nosso vizinho, companheiro de trabalho, colega, nôvo conhecido de negócios ou estranho. No seu ser real, cada um de nós está dentro da inteireza de Deus.
Como devemos nos expressar quando nos comunicamos? O que devemos dizer, e quando devemos dizê-lo? Cada situação é diferente, e cada um de nós tem seu próprio modo individual de expressar-se. Entretanto, se confiarmos em nossa comprensão espiritual, podemos estar certos de que a declaração correta sempre estará à nossa disposição, quando necessária.
As palavras são a expressão de nossos pensamentos. Se êstes estão cheios da glória de Deus, refletem a inteligência da Mente, a veracidade da Verdade, a vivacidade da Vida e a lógica e firmeza do Princípio. Por isso, podemos enfrentar qualquer espécie de comunicação, seja conversando, escrevendo cartas, composições e trabalhos ou falando diante de grande audiência.
Moisés experimentou orientação divina em sua comunicação, quando Deus o designou para guiar os filhos de Israel para fora do Egito. Duvidando de sua capacidade de comunicar-se eficazmente, Moisés disse (Êxodo 4:10): “Ah! Senhor! eu nunca fui eloqüente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua.”
A resposta de Deus foi: “Quem fez a bôca do homem? (...) Vai, pois, agora, (...) e te ensinarei o que hás de falar.”
No oitavo capítulo de Mateus encontra-se o relato de uma comunicação espiritual eficaz. Quando Cristo Jesus declarou estar disposto a ir curar o criado de um centurião, êste disse: “Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda uma palavra, e o meu rapaz será curado.”
Jesus, admirado de tamanha fé, respondeu: “Vai-te, e seja feito conforme a tua fé.” E o criado do centurião “ficou curado naquela mesma hora.”
Cristo Jesus não precisou de meios materiais para comunicar ao criado seu conhecimento de que o homem verdadeiro é a imagem e semelhança de Deus. Sua comunicação fêz-se através da compreensão que ele tinha da unidade do Espírito e de suas idéias.
O trabalho de cura dos praticistas da Ciência Cristã também está baseado na verdadeira comunicação. Um praticista alcança seu paciente através da compreensão espiritual acêrca da Verdade infinita. A presença do praticista não é essencial. Com frequência, as pessoas são curadas imediatamente, quando entram em contato com um praticista da Ciência Cristã, que se ache a centenas de quilômetros de distância.
Uma compreensão da unidade do Espírito é a base para a comunicação verdadeira e eficaz, a qual elimina todo mal-entendido e mêdo. Ninguém precisa sofrer de falta de comunicação, porquanto a comunicação espiritual está à disposição de todos nós. Como nossa Líder diz (Ciência e Saúde, p. 354): “A noite da materialidade está bem avançada, e com a aurora, a Verdade despertará os homens espiritualmente para ouvirem e falarem a nova língua.”
Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu
Senhor, já a conheces toda. — Salmo 139:4.