Após deixarem uma casa de veraneio vazia todo o inverno, os seus proprietários têm o trabalho de limpá-la do pó acumulado durante sua ausência. Mesmo das casas em que residimos, é necessário limpar o pó, freqüentemente, para mantê-las em ordem.
Tal como as nossas casas, nosso pensamento precisa ser mantido em ordem — livre do êrro. Longe de ser meramente um conceito do século vinte, êsse tema é encontrado com freqüência na Bíblia, tanto no Velho como no Nôvo Testamento. Jeremias instava a seus contemporâneos: “Lava o teu coração da malícia, ó Jerusalém, para que sejas salva!” (4:14). E, séculos mais tarde, disse Cristo Jesus, no Sermão da Montanha (Mateus 5:8): “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.”
Certo estudante aprendeu a importância da purificação da consciência, mas o aprendeu a duras penas — deixando acumularem-se nela pensamentos errôneos, até que lhe apareceu uma enfermidade física. Membro da equipe esportiva de corridas, começou a preparar-se para a temporada que se aproximava, praticando vários exercícios indicados para pôr seu corpo na melhor forma física. Exercitava-se todos os dias, na expectativa de desenvolver os músculos, e todos os dias pensava no sucesso que alcançaria com sua boa atuação nas primeiras competições da estação.
Contudo, quando faltava uma semana para o início da temporada, sùbitamente perdeu as fôrças e caiu: não pôde mais manter-se de pé. A princípio, o mêdo e a comiseração de si mesmo pareciam tomar-lhe todo o pensamento. Mas, voltando-se para Deus, como fôra ensinado na escola dominical da Ciência Cristã, começou a examinar seu pensamento. Quando descobriu os pensamentos errôneos, isto é, os pensamentos contrários à lei perfeita de Deus, tentou removê-los da consciência.
Durante êsse processo de limpeza, tornou-se-lhe evidente que havia estado tentando construir um corpo material a fim de glorificar um ego mortal, ao invés de procurar glorificar Deus provando a falsidade da crença em limitações físicas. O exercício em si mesmo não era o êrro, pois representava para o jovem uma oportunidade de expressar obediência, disciplina e ação harmoniosa. O êrro era a crença de que sua fôrça e sucesso dependessem de um corpo material.
Compreendeu que a crença de que o homem fôsse composto de carne e ossos, com fôrça e movimento determinados pelo desenvolvimento dos músculos, era acompanhada pela crença de que tais elementos materiais pudessem ser feridos ou achar-se subdesenvolvidos, resultando em perda de fôrça e mobilidade. Compreendeu, também, que a crença de que a admiração tributada a uma pessoa e a aceitação desta pelos seus companheiros dependiam da função e aparência adequada de seu corpo material, vem acompanhada pela crença de que qualquer defeito físico pode significar não-aceitação e insucesso.
A cura não ocorreu de imediato; mas a purificação do pensamento começou, e tornou-se inevitável a vitória. Chegou o dia da competição e o problema ainda não tinha sido solucionado; não obstante, quando chamado a participar da disputa, o estudante verificou que corria mais velozmente e saltava mais longe do que jamais o fizera, a despeito de sua falta de exercício desde o início do problema.
No caso dêsse estudante, a necessidade de purificação tornou-se evidente pelo efeito de seu pensamento — uma deficiência física. O mal-estar era apenas um alarme a indicar a presença do ladrão e a necessidade de se agir. O ladrão, isto é, a crença na existência de um corpo material, estava privando o jovem de seus movimentos harmoniosos e tinha de ser descoberto e expulso.
Todavia, quão mais prudente é vigiar o pensamento em primeiro lugar e garantir a aceitação sòmente do bem! Quão mais prudente é seguir o conselho de Mrs. Eddy, à página 392 de Ciência e Saúde, onde ela diz: “Montai guarda à porta do pensamento. Admitindo sòmente aquelas conclusões cujos resultados desejais ver concretizados no corpo, vós vos governais harmoniosamente”!
Além da manutenção de vigilância contínua “à porta do pensamento”, temos, no estudo das Lições-Sermão apresentadas no Livrete Trimestral da Ciência Cristã, a oportunidade de devotar parte de cada dia especìficamente à purificação de nosso pensamento, como se limpa uma casa para as atividades do dia.
Nem sempre é fácil reconhecer o êrro que deve ser removido; êle às vêzes é tão sutil que parece algo divino quando, na verdade, é o oposto. Muita vez êsse ladrão sutil é uma crença presente em nosso pensamento desde a infância, ou um modo de ver baseado na vontade humana. Entretanto, ainda mesmo as concepções errôneas e a vontade humana são eliminadas por nossa disposição de reter sòmente os pensamentos de Deus e soltar todos os demais. No caso dêsse estudante, a cura definitiva não ocorreu senão depois que êle se dispôs a entrar na competição a fim de provar a verdade do que aprendera durante a semana.
A purificação do pensamento é uma atividade jubilosa, e seus resultados são sempre satisfatórios. A ausência de crenças errôneas deixa-nos livres para reconhecermos a eterna presença da saúde e da felicidade.