De acordo com a lei de Deus, temos autoridade sobre nosso próprio pensamento e portanto sobre nossa própria existência. A Bíblia revela esse fato, e a Ciência Cristã insiste que ele pode ser provado na vida cotidiana. Ninguém jamais é realmente vítima de circunstâncias exteriores a si mesmo, nem existem influências fora de seu controle que possam frustrar suas boas intenções de fazer o que é certo. Mary Baker Eddy escreve em Pulpit and Press (Púlpito e Imprensa, p. 3): “Sabei, então, que possuís poder soberano para pensar e agir corretamente, e que nada pode despojar-vos de vossa herança ou abusar do Amor. Se mantiverdes essa posição, quem ou o que poderá induzir-vos a pecar ou fazer-vos sofrer?”
Esse poder concedido por Deus, inerente a todo indivíduo, dá-lhe domínio espiritual. Quando o utilizamos em nosso viver diário, podemos excluir da existência humana toda e qualquer discórdia, e demonstrar, em todos os sentidos, o padrão de perfeição espiritual. Mas para manter essa posição e exercer esse poder soberano, é preciso ater-se a ele constantemente. Não poderá haver momentos de fraqueza quando a compreensão de responsabilidade espiritual ceder lugar à auto-piedade ou à justificação própria. Quando as coisas saem erradas, não podemos ceder à tentação de lançar a culpa em outrem, ou de acreditar que o erro seja legítimo, porque algo aconteceu sob circunstâncias fora de nosso controle.
Mal de espécie alguma pode entrar na existência de alguém que exerça constantemente seu poder soberano de pensar e de agir corretamente. Mas se, em um momento de descuido, o erro às vezes parece surgir, podemos imediatamente enminá-lo reassumindo o poder de pensar corretamente que nos é concedido por Deus. Uma falsa sugestão do erro tem de ser aceita pela mente humana como verdade antes que a sugestão possa parecer existir, e para conseguir sua aceitação, ela tentará justificar-se. Portanto, é preciso resistir resolutamente contra todo argumento de justificação própria da mente mortal.
A justificação própria é uma característica da mente mortal — uma das quinze relacionadas em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (v. p. 115), como qualidades depravadas e más, que devem desaparecer do pensamento humano antes que a realidade possa aparecer. Se a justificação própria não for banida e se não for anulada sua influência má, levará ao enfraquecimento das capacidades individuais de demonstrar o poder, concedido por Deus, de pensar e agir corretamente e de defender a existência humana contra o pecado e o sofrimento.
Quando Adão comeu do fruto que Deus lhe havia proibido, foi repreendido. Mas em vez de aceitar a reprimenda, Adão intensificou sua falta ao procurar justificar-se, culpando não apenas sua mulher por tentá-lo, mas também Deus, porque, como disse ele, fora Deus quem lhe dera a companheira e o pusera numa situação que o levara a transviar-se. Em seguida a essa desobediência e à tentativa de fugir à sua própria responsabilidade de usar seu poder soberano para pensar e agir corretamente, Adão foi expulso do Éden e sentenciado a lavrar o solo até que seu pensamento humano se reformasse.
Essa alegoria bíblica expõe a depravação e a futilidade da justificação própria — uma falha mortal, que denuncia a falta de compreensão por parte do indivíduo, de que ele possui o poder outorgado por Deus para governar-se corretamente. Além do mais, proclama sua falta de vontade em reconhecer os erros em seu próprio pensamento e de então corrigi-los. Isso é indigno da nobreza espiritual da imagem perfeita de Deus, que é seu ser real, e o exclui da harmonia que pertence àqueles que vivem sob o governo do Princípio divino.
O argumento de Adão: “A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi” (Gênesis 3:12) tipifica os muitos modernos argumentos com os quais a mente mortal tenta justificar a validade de seus próprios erros. É o argumento que culpa o tráfego pesado por se estar atrasado, o ar condicionado por se estar com a garganta inflamada, um braço ou perna endurecido, as exigências do negócio ou os afazeres domésticos por se estar cansado. E argumenta: “Um parente desonesto apossou-se de minha herança, por isso fiquei pobre. Meu avô era aleijado, por isso eu também sou.” Uma criança talvez culpe sua mãe ao quebrar um brinquedo, inda que a mãe esteja ausente.
Quando os discípulos trouxeram a Cristo Jesus um cego, perguntando se essa cegueira era causada por pecado, o Mestre imediatamente negou o argumento, dizendo (João 9:3): “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.” Ele sabia que o pecado não é uma razão justa para a cegueira — um erro que nunca pode ser realmente justificado, visto que o homem é, de fato, o descendente de Deus, dotado eternamente das faculdades da Mente divina. Por reconhecer esse fato divino e por negar os argumentos que a mente mortal apresentava em apoio às suas próprias evidências falsas, ele curou imediatamente o caso.
Toda pretensão moderna da mente mortal de justificar seus próprios quadros falsos, deve ser negada com igual resolução quer o argumento reste sobre a base do pecado, da hereditariedade, das falhas alheias, do mecanismo defeituoso, da escassez de trabalho e das disputas trabalhistas, das condições climáticas, ou das relações pessoais. Não há apelo válido para justificar qualquer falsa evidência de fraqueza, discórdia, doença, ou carência, visto que Deus é a única causa e Seu poder infinito e Sua bondade manifestam-se somente no ser forte e são.
Mrs. Eddy escreve: “O Cientista Cristão acha-se a sós com seu próprio ser e com a realidade das coisas” (Message to The Mother Church for 1901 — Mensagem para A Igreja Mãe, 1901, p. 20). Na verdade o homem é governado por Deus. Está sujeito à lei e à influência divinas apenas. Ao compreender esse fato, o indivíduo governar-se-á adequadamente. Cessando-se de dar voz aos argumentos apresentados pela mente mortal para justificar suas próprias imagens discordantes, habitaremos na harmonia do Amor divino.
