Cristo Jesus deu-nos uma comparação que de certo modo surpreende, quando disse (Mateus 6:28, 29): “Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.” Por muitos anos essa passagem da Bíblia dava-me a impressão de justificar a preguiça e a improdutividade; seu significado espiritual estava completamente perdido.
Depois que comecei a estudar a Ciência Cristã, tornou-se mais evidente que o trabalhar e fiar é o obstinado ou ansioso sentido humano de labuta, que tantas vezes parece influenciar a todos nós. O fato de o lírio não trabalhar nem fiar, não significa que não esteja fazendo exatamente aquilo que ele deve fazer. Manifestar fragrância, beleza, pureza, glória, é tudo quanto se requer que o lírio faça como idéia de Deus. Essa é a razão de sua existência.
Mrs. Eddy escreve que: “A causa predisponente e a causa excitante de toda derrota ou vitória sob o sol, apóia-se nesta base científica: de que a ação, em obediência a Deus, espiritualiza os motivos e os métodos do homem, e os coroa de sucesso; enquanto que a desobediência a esse Princípio divino materializa os métodos e a consciência humana, e os derrota” (Miscellaneous Writings — Escritos Diversos, pp. 267, 268).
A vontade humana, desobediente, não está em harmonia com o plano de Deus, e sempre dá o passo errado, resultando em inatividade ou excesso de atividade. A inatividade, um estado preguiçoso da consciência mortal, é letárgica, sem objetivo, geralmente dependente de outros. O excesso de atividade é o extremo oposto, ao qual Mrs. Eddy se refere da seguinte maneira: “Correr agitadamente de um lado para outro não constitui prova de grande realização” (ibid, p. 230).
Durante muitos anos, a falsa crença de excesso de atividade me perseguia. O sentido material de atividade feita com obstinação levava invariavelmente aos mesmos sintomas físicos aflitivos. Em certa ocasião, quando trabalhava num atelier de pintura, eu estava lutando para esboçar um desenho, sem conseguir progresso no trabalho. Repentinamente me ocorreu que esse trabalhar e fiar desnecessário, ou seja, essa sensação exagerada de atividade separada da orientação divina, me havia impedido o progresso o dia todo.
Deixei a sala por alguns minutos, para afirmar meu domínio. Compreendi que, na verdade, eu era uma idéia espiritual de Deus, refletindo a Mente onipresente — uma idéia completa que não fazia nem demais nem de menos, mas cuja atividade era perfeitamente governada, coordenada e infalível. Voltei e recomecei meu trabalho de um ponto de vista completamente diferente. Em questão de minutos o problema estava resolvido.
Esse pequeno incidente começou a alertar-me para o efeito prejudicial que a vontade humana tem sobre a nossa felicidade, paz e saúde. Na medida em que me precavia contra o excesso de zelo em minhas atividades, os sintomas físicos perturbadores gradativamente desapareceram.
A simples obediência de deixar a atividade do Princípio divino agir a nosso favor, pode ser comparada, de certa forma, ao ato de nadar. Quanto mais o nadador luta para se manter à tona, tanto mais perde seu autocontrole, e afunda. Quanto mais tranqüilo permanecer e deixar que a água o sustenha, tanto mais repousante, controlado, e agradável lhe será o nadar. Na medida em que repousamos na compreensão de que o Princípio nos impele e governa, o nosso domínio aumenta.
À medida que começamos a reconhecer as restrições que enfrentamos quando nos identificamos como mortais, começamos a procurar uma solução mais elevada para os nossos problemas. Constantemente os homens buscam encontrar fora de si mesmos todas as coisas de que parecem carecer. A Ciência Cristã ensina que necessitamos encarar isso de maneira diametralmente oposta. O homem, a idéia de Deus, inclui as qualidades de Deus, pois ele é a expressão, a imagem e a semelhança, de seu Criador. Essas qualidades espirituais dão ao homem a perfeição, e contêm, do criador, todo o ímpeto que as sustêm.
Reivindicar e expressar as qualidades de Deus traz à nossa existência o poder curativo e rejuvenescedor do Cristo, a Verdade, que nos eleva acima do sentido material de nós mesmos e revela a verdadeira natureza do homem. Essa atividade espiritual obediente nos conduz para fora da crença de que o homem seja um mortal desobediente. Abranda a fricção e a agitação da mente mortal. Reconhecemos que o trabalho de Deus é o único trabalho, e que o que temos de fazer é refletir Sua atividade gloriosa. Então abandonamos nossa crença no trabalhar e fiar e demonstramos que nossa verdadeira identidade está para sempre sob os ternos cuidados do Pai.
O poema de John Greenleaf Whittier apropriadamente descreve essa atividade obediente e esse gentil repouso, nas seguintes palavras (Christian Science Hymnal — Hinário da Ciência Cristã, n°. 49):
Derrama sobre todos nós
Teu bálsamo eficaz;
Dissipa nossas vãs tensões,
E mostra aos nossos corações
Quão bela é Tua paz.
