Os mitos e as lendas antigas freqüentemente falam sobre pessoas que eram dominadas por um poder mágico. Essa suposta influência má fazia com que suas vítimas ficassem incapazes de pensar e de agir livremente até o momento em que eram libertadas por uma palavra de amor ou um ato de bravura ou de altruísmo.
Ainda que nos orgulhemos, talvez, de não crer em mágicas e nas fadas más da ficção, estaremos bem certos de não nos encontrarmos sob encantamento, de formas diversas? Será que nunca ficamos colados à televisão, muito depois de terminado o programa de nossa escolha? Será que alguma vez nos deixamos prender por um livro ou uma peça teatral que sabemos serem contrários aos nossos altos ideais, ou talvez tenhamos sido inconscientemente influenciados pelas teorias e práticas médicas que solapam nossa fé no poder que Deus, o Espírito, tem para curar nossas doenças, bem como nossos pecados? E que dizer das várias fases de pecado e de escravidão a maus hábitos?
Tais encantamentos são danosos ao nosso progresso espiritual. Por progresso espiritual quero dizer compreensão espiritual crescente a respeito das verdades pertinentes à natureza real de nosso criador, de nós mesmos, e do universo em que vivemos. Essas verdades acham-se na Bíblia e são expostas mais claramente nos ensinamentos da Ciência CristãChristian Science — pronuncia-se: kris’tyann sai’ennss.. Fundamentalmente mostram-nos que o Espírito, Deus, é o único criador, e portanto que o universo e o homem reais são espirituais.
Aquilo a que chamamos de universo material e de homem material são conceitos materiais, concepções errôneas da realidade. Além disso, parecem verdadeiros somente para a mentalidade errônea que os formou. Só para o sonhador é que o sonho parece real. Pode-se dizer que o sentido material das coisas é o erro a enganar a si mesmo. O erro nunca pode enganar a Verdade ou a idéia da Verdade, o homem real. Verdade é outro nome que designa Deus, e Deus, o bem, nunca pode estar consciente do erro, ou do oposto da verdade.
Ao falar sobre as dores e prazeres materiais que parecem manter-nos sob seu domínio, Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, escreve (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 39): “Para romper esse fascínio terreno, os mortais precisam apanhar a verdadeira idéia e o Princípio divino de tudo o que realmente existe e harmoniosamente governa o universo. Esse pensamento só se apanha devagar, e o período necessário para se conseguir essa compreensão é acompanhado de dúvidas e derrotas, assim como de triunfos.”
Vale a pena observar que Mrs. Eddy não indica que o rompimento do fascínio seja uma tarefa difícil. O fascínio não tem poder inerente. Sua única influência está na proporção de nossa crença no fascínio. A crença numa influência má é destruída pela compreensão d totalidade, da infinidade de Deus, o bem. É preciso despertar. Mas como Mrs. Eddy indica, essa compreensão da verdade absoluta não ocorre de um momento para outro. Assim, quando temos dúvidas e sofremos derrotas, convém não desistimos, levados pelo desespero, nem tentar, por meio de uma tempestade, conquistar o reino de Deus. O encantamento das histórias de fada não era rompido pela violência, por guerras, batalhas ou assassinatos, mas com quietude, gentileza, brandura e amor.
As mesmas qualidades eternas ainda libertam os homens, tirando-os do domínio mesmérico da pobreza, do crime, do ódio e da guerra, assim como os livra de seus próprios pequenos infernos de doença e infelicidade.
Cristo Jesus foi, para o mundo, quem rompeu maior quantidade de encantamentos. Com uma só palavra, produto de sua compreensão, ele desfez o encantamento de males crônicos, de carência de recursos ou de alimentos necessários, e até mesmo rompeu o maior de todos os encantamentos, a morte. Falava e agia com a autoridade de Filho de Deus. Nós também temos essa autoridade como filhos de Deus. Usemo-la e exerçamos nosso domínio concedido por Deus. Digamos nas palavras de Paulo: “Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte.” (Romanos 8:2.)
