Uma média de cinqüenta requerimentos de divórcio por semana dá entrada no tribunal de nossa cidade de cerca de trezentos e cinqüenta mil habitantes. Essa percentagem salienta a necessidade de que todo aquele que deseja se casar encontre o companheiro certo em sua união. Quando os ideais, as aspirações e os motivos dos indivíduos são diferentes, é mais difícil estabelecer uma relação de família harmoniosa. Saber que o companheiro certo está à espera da cada um de nós, ajuda-nos a dissipar o medo ou a incerteza, e nos dá confiança para seguir adiante.
Quando Abraão viu que Isaque estava em idade de casar, enviou seu servo de confiança a Harã a fim de escolher uma esposa de seu próprio povo. Abraão tinha confiança no fato de que o plano de Deus incluía a mulher certa para ser a esposa de Isaque, e que essa mulher lhe seria indicada. Disse ele ao seu servo (Gênesis 24:40): “O Senhor (...) enviará contigo o seu anjo, e levará a bom termo a tua jornada”. E isso foi o que aconteceu.
Para um rapaz que contempla a possibilidade de um bom casamento, a escolha de sua companheira parece muito importante. Pergunte-se a si mesmo: “Por que motivo quero me casar? Estarei procurando alguém que cozinhe e lave minha roupa? Estarei apenas procurando atender a uma necessidade biológica? Estarei procurando uma amiga com quem repartir minhas alegrias e tristezas? Estarei preparado para partilhar com uma companheira toda a minha inspiração espiritual e compreensão, e trabalhar em busca de um conceito mais elevado de inteireza e satisfação?”
Mrs. Eddy, baseada em sua experiência tão profunda, o resume nas seguintes palavras (Ciência e Saúde, p. 60): “São necessárias afinidades de gostos, motivos e aspirações para a formação de um companheirismo feliz e permanente.” A menos que você conheça seus próprios motivos para querer casar-se, como poderá você esperar escolher uma esposa que se harmonize com você? Para alguém que coloca Deus em primeiro lugar em sua vida, é importante encontrar a companheira certa. Tentar escapar de uma relação infeliz com os pais, ou de um sentimento de solidão, aceitando uma esposa, não resolve o problema. As condições materiais que nos cercam não causam nossa infelicidade. Mudar essas condições não eliminará a infelicidade. É o nosso próprio pensamento que nos torna tristes ou alegres, doentes ou sãos. Ao nos volvermos a Deus para que atenda nossas necessidades, verificamos que nossas necessidades já estão satisfeitas.
Quer sejamos solteiros ou casados, morando com nossos pais ou sós, sempre temos de elaborar relações harmoniosas com outras pessoas. Depois de vermos na Ciência Cristã que Deus é o Princípio do ser e a força presente na vida humana, podemos prosseguir levando conosco algo de valor para partilhar com outros. Se decidimos que teremos melhores oportunidades de ação estando casados, estamos em condições de escolher o companheiro certo. Estaremos preparados para julgar sem ser pela cor dos cabelos de uma moça ou o formato do seu rosto. Podemos procurar qualidades de pensamentos — gentileza, consideração, humor, ternura. Podemos procurar o Cristo, a natureza divina, em nossos amigos. Podemos procurar interesses que se alinhem com os nossos.
Certa ocasião eu estava namorando uma garota que freqüentava nossa igreja. Muito depressa dei-me conta de que estava completamente enfarado. Excetuando a religião, não tínhamos coisa alguma em comum, quanto a interesse em música, literatura, ou educação. Tornou-se-me claro que eu não podia renunciar à obrigação de escolher com sabedoria. O simples fato de que íamos à mesma igreja não queria dizer que ela fosse a pessoa certa para mim. Como o servo de Abraão voltou-se primeiro para Deus em busca de orientação na escolha da noiva certa para Isaque, e foi recompensado quando Rebeca apareceu, assim também eu necessitava escutar a orientação divina e procurar qualidades espirituais e afinidade nos gostos.
Pouco tempo depois comecei a namorar uma outra jovem — alegre, feliz, cheia de vivacidade — completamente cativante. Depois de ter saído com ela e lhe ter escrito durante quase um ano, e pensando que essa era a moça ideal para mim, a jovem comunicou-me que ia casar-se com outro jovem naquele mês.
Tive uma longa conversa comigo mesmo e comecei a ver mais claramente do que nunca, que o homem é individual e completo. Deus é sua fonte de suprimento e sempre provê todo o bem, as relações certas, tudo o que é necessário, a todos os Seus filhos. O fato de esses dois jovens haverem chegado à conclusão de que sua união era certa, não poderia privar-me de bem algum. Escrevi para a jovem desejando-lhe tudo de bom.
Aquele mês foi o período mais glorioso de minha vida até então. Os prados nunca haviam parecido tão verdes. As flores silvestres nunca haviam florescido em tal profusão. Os serviços na igreja nunca haviam sido tão cheios de ricas bênçãos. Eu tinha, até certo ponto, estabelecido minha felicidade sobre uma base espiritual — que não dependia de pessoas, mas de Deus. “A Alma tem recursos infinitos para abençoar a humanidade, e a felicidade seria alcançada mais facilmente e estaria mais segura em nosso poder se a buscássemos na Alma”, diz Mrs. Eddy em seu livro Ciência e Saúde, no capítulo intitulado “O Matrimônio” e ela continua mais adiante: “Não podemos circunscrever a felicidade dentro dos limites do sentido pessoal. Os sentidos não proporcionam gozo verdadeiro algum” (pp. 60,61).
Cerca de dois anos mais tarde, casei-me. A jovem com quem me casei era Cientista Cristã, mas essa não foi a única razão para minha escolha. Nós dois éramos professores, estávamos estudando música, e por meio de longas palestras constatamos que tínhamos motivos e interesses similares. Faz mais de quinze anos que estamos casados, e nosso amor e respeito mútuos tornaram-se mais profundos e cresceram com o passar dos anos. A escolha não se baseou em fatores materiais ou em aparências mundanas. Como Elizabeth Barrett Browning escreve (Sonnets from the Portuguese — Sonetos da Portuguesa — p. 14):
Se hás de me amar, que o seja apenas
por amor. Jamais digas:
“Amo-a por seu sorriso, ...seu olhar, ...
seu modo suave de falar, ...”
pois, Amado meu, essas coisas em si,
podem ser mudadas, ou mudar, por ti.
Tendo encontrado alguém com quem estamos em acordo espiritual, vemos desenvolver-se em harmonia, desde a sua fundação, a configuração de nossa vida conjugal.
Se nosso motivo para procurar uma esposa é o de partilhar nossa consciência das bênçãos do Amor, então nossos corações, nosso espírito e nossos olhos abrir-se-ão para encontrarmos o companheiro certo.
Pondera a vereda de teus pés,
e todos os teus caminhos sejam retos. Não declines nem para a direita nem para a esquerda;
retira o teu pé do mal.
Provérbios 4:26, 27
