Era um belo dia de primavera, e todas as crianças daquele quarteirão divertiam-se a jogar bola. Todos, exceto Rui. Geralmente ele era o primeiro quando se tratava de esporte, mas hoje ele não estava com vontade de jogar bola, nem qualquer outro jogo. Havia uma semana sua mãe tomara um avião às pressas. Agora ela estava em casa novamente, e havia contado a Rui e seus irmãos e irmã que o vovô falecera.
Rui sentia-se muito abalado. O que é que acontece com uma pessoa que morre? Nunca pensara na vida e na morte, e isso agora o preocupava muito. Além disso, o vovô sempre fora tão divertido. Conhecia tantas canções engraçadas que faziam as crianças dar boas risadas. Rui não gostava de pensar que o vovô não mais os viria visitar.
Rui simplesmente sentou-se olhando para a parede. Sua mãe lhe perguntou com ternura: — O que é que você tem? Por que não quer brincar com as outras crianças?
— Estou muito preocupado com vovô. Eu gostaria de vê-lo. Sei que ele morreu, mas esse não é o fim dele. No entanto, eu gostaria de saber se tudo vai bem com ele.
Fazia poucos meses que mamãe matriculara Rui e sua irmã Linda, e os outros irmãos, numa Escola Dominical da Ciência Cristã. Estavam eles começando a aprender que Deus é Vida. Tudo isso ainda era muito novo.
Mamãe disse: — Rui, não faz muito tempo que começamos a estudar a Ciência Cristã, mas sei que a Ciência tem a resposta para todos os tipos de problemas. Por que você não vai visitar tia Helena, e fala com ela sobre esse assunto? (Tia Helena era uma grande amiga da família, e fora ela quem os convidara a ir à igreja da Ciência Cristã.)
Rui telefonou para tia Helena, e ela logo o convidou a ir até sua casa. Serviu-lhe leite e bolachinhas, e depois sentaram-se juntos no sofá da sala de estar.
— O que é que você quer falar comigo, Rui? perguntou ela. Os olhos de Rui encheram-se de lágrimas e ele lhe contou sobre o avô.
— Olhe pela janela. O que é que você vê? perguntou ela.
— A coisa que mais vejo é o mar, respondeu ele.
— Certo. E seu pai tem um barco a vela e ele gosta de navegar no mar, não é mesmo?
Rui assentiu com a cabeça. — Quase todos os fins de semana.
— Suponhamos que você veja seu pai sair de barco, e depois de algum tempo ele vai bem longe e desaparece no horizonte. Você se preocuparia por causa disso?
Rui deu uma risada. — Por que é que eu me haveria de preocupar com ele? Ele sabe lidar com o barco melhor do que ninguém!
— Mas será que você não teria medo de que, por não mais ver o barco, este cairia fora da terra?
Essa idéia fez Rui rir gostosamente. — Ora, tia Helena! Você sabe que a terra é redonda e que o oceano vai cada vez mais longe, mesmo quando nós não o vemos mais.
— Como é que você sabe, Rui?
— Porque Cristóvão Colombo provou isso quando descobriu a América!
Ah! sorriu tia Helena, então você não sentiria medo porque há provas de que a terra é redonda. Você não se preocuparia com seu pai porque saberia que ele estaria perfeitamente a salvo, mesmo que você não o pudesse ver.
— Bem, quando Cristo Jesus apareceu a seus discípulos após a crucificação, ele provou que não há morte para o homem real que Deus criou.
— Você se recorda de ouvir falar sobre a ressurreição, na Escola Dominical? Assim, mesmo que você não possa ver seu avô, você pode se sentir exatamente da mesma maneira a respeito dele como você se sentiria a respeito de seu pai no barco. Você não o pode ver, mas você sabe que ele está diretamente sob o terno cuidado de Deus. Então não há nada para se preocupar.
Rui pensou sobre isso tudo. — Você quer dizer a mesma coisa que a professora da Escola Dominical diz, isto é, que “Deus está sempre conosco”?
— Isso mesmo. E tenho certeza de que na Escola Dominical você aprendeu as Bem-aventuranças. Você se recorda da segunda, aquela que diz: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”? Mateus 5:4; É realmente um consolo, não é mesmo, saber que você verdadeiramente não tem motivo para estar triste, visto que Deus está sempre com o vovô, tanto quanto Ele está com você, não é verdade?
Rui concordou. — Quer dizer que o vovô ainda está feliz, se diverte, e faz as pessoas rirem?
Tia Helena sorriu. — Mary Baker Eddy diz em Ciência e Saúde: “O homem e a mulher, coexistentes e eternos com Deus, refletem para sempre, em qualidade glorificada, o infinito Pai-Mãe Deus.” Ciência e Saúde, p. 516. Por isso sabemos que o vovô manifesta sempre alegria, porque a alegria é uma qualidade de Deus.
Rui sorriu, aliviado.
— Que bom! disse ele. — Que gostoso é saber a verdade sobre o vovô, saber que ele está com Deus, assim como nós estamos com Deus.
