Que é que nos faz estarmos preparados para trabalhar para Deus, preparados para curar? Estarmos preparados para curar é viver tão conscientemente inteirados da presença de Deus, que estejamos preparados para proclamar em qualquer momento de necessidade, silenciosa ou audivelmente, o Seu poder sanador. Muitas coisas podem contribuir para essa disposição.
Lembro-me de uma experiência que tive uma quarta-feira à noite. Uma amiga e eu acabávamos de voltar de uma reunião de testemunhos da Ciência Cristã, cheias de inspiração pelo que lá havíamos ouvido. Entramos no restaurante do hotel em que estávamos hospedadas e paramos perto da Caixa, esperando mesa. Naquele momento, um senhor bastante corpulento, que se apoiava numa bengala e que estava parado a mais ou menos meio metro de nós, caiu ao chão e bateu a fronte na quina do balcão da Caixa. Não era um quadro agradável. Ele parecia estar inconsciente. Uma senhora exclamou: “Oh! e ele ia receber um prêmio amanhã cedo.”
Dirigi-me rapidamente a ele, inclinei-me e falei-lhe em voz alta. Disse mais ou menos isto: “Não tenha medo! O senhor está bem! Deus está neste lugar, com o senhor, por baixo do senhor e à sua volta. O senhor não está machucado, e sabe disso. Deus está aqui.” Ele se mexeu, moveu-se e disse: “Obrigado” — embora parecesse que não o estava dizendo para mim. Parecia dizer: “Obrigado, meu Deus.” Dar um auxílio imediato em tais circunstâncias é prestar primeiros socorros como se entende na Ciência Cristã.
Os amigos o ajudaram a levantar-se. Parecia haver sangue em sua camisa, mas não fizeram menção de chamar um médico. Fomos para nossa mesa. Fiquei pensando no prêmio de que haviam falado ... Aquele senhor não poderia ser impedido de recebê-lo, e ninguém poderia ser impedido de dá-lo a ele. As palavras da sr.a Eddy, “... o Amor, que está por baixo, por cima e em volta de todo ser verdadeiro” me haviam ocorrido, e agora a declaração completa de Ciência e Saúde ocupava-me o pensamento: “Mantém perpetuamente este pensamento — que é a idéia espiritual, o Espírito Santo e Cristo, que te habilita a demonstrar, com certeza científica, a regra da cura baseada no Princípio divino, o Amor, que está por baixo, por cima e em volta de todo ser verdadeiro.” Ciência e Saúde, p. 496;
Mais tarde, quando deixávamos o salão de refeições, vi a recepcionista, e isso me recordou o incidente. Disse-lhe: “Aquele senhor que caiu aqui estava bem, não é?” Ela respondeu: “Ele não se machucou, não, mas eu quase morri de medo.” Assegurei-lhe: “Você não mostrou medo algum. Agiu muito bem.”
Tenho pensado nesse incidente várias vezes. É assim que se deve fazer um trabalho de cura. Não deixar que nenhum sentido pessoal interfira, quer seja do paciente, quer do praticista. Nenhum fardo, nenhuma falsa responsabilidade. O trabalho de cura pertence a Deus. Sua lei todo-poderosa está presente sempre e pode ser reconhecida, testemunhada e manifestada imediatamente.
Bem, como foi que nosso comparecimento àquela reunião de quarta-feira contribuiu para a disposição de trabalhar para Deus e testemunhar o Seu poder de curar? As Escrituras nos aconselham, repetidamente, louvar a Deus, glorificar o Seu nome e manifestar o Seu poder. Naquele culto havíamos ouvido a leitura de passagens da Bíblia e de trechos correlativos de Ciência e Saúde selecionados mediante oração. Havíamo-nos unido ativamente para cantar hinos que glorificavam o amor de Deus pelo homem e o Seu poder de curar e salvar. Havíamo-nos unido em oração e ouvido testemunhos, provas do poder de Deus, relatados com humildade e gratidão.
Acho que jamais posso dar-me ao luxo de não assistir aos cultos dominicais, ou às reuniões de quartas-feiras de uma igreja da Ciência Cristã. Esses cultos estão repletos de mensagens enviadas por Deus para me ajudar e para ajudar a todos.
Esse contato que se mantém com as fontes de inspiração, por meio da freqüência regular à igreja, tem mais um valor. Expressa obediência. E a obediência, aprendemos na Ciência Cristã, é um grande auxiliar que nos mantém preparados para trabalhar para Deus. A obediência instantânea à direção de Deus é uma qualidade muito estimada pelo Cientista Cristão vigilante.
A própria sr.a Eddy o ilustra. Seu artigo sobre “Obediência”, em Miscellaneous Writings, revela quão a fundo ela pesquisou esse assunto, a disciplina que se impôs e o progresso espiritual que anteviu como resultado, para aqueles que prestarem obediência à lei de Deus. Dá-nos esta regra: “Nunca estar ausente do posto, nunca ser descuidado, nunca estar mal-humorado, nunca hesitar em trabalhar para Deus — é obediência; é ser «fiel no pouco».” Mis., p. 116;
Acima de tudo, a disposição de curar envolve uma compreensão profunda e crescente de Deus. Declarar com compreensão o poder e a presença de Deus, é engrandecê-Lo, exaltá-Lo e glorificá-Lo. O medo, a doença, o acidente, o pecado e a morte se reduzem ao nada, diante de Sua presença, quando nós a compreendemos.
“Reconhece-o em todos os teus caminhos” Prov. 3:6; diz-nos a Bíblia. A presença de Deus precisa ser conhecida e fazer-se conhecida, então nosso trabalho de cura será espontâneo, sem temor. Nenhum lugar, nenhuma pessoa poderá impedir a lei da harmonia estabelecida por Deus, interferir com ela ou retardá-la. Podemos declarar a lei de Deus e desfazermo-nos de um sentido pessoal.
Um estudo devotado dos sinônimos de Deus, assimilado e posto em prática, pode ajudar a aumentar nossa disposição de curar. Por exemplo, estar conscientes de que Deus é a Mente única, nos leva a não hesitar em reconhecer e atender a uma necessidade. Não há barreiras entre a Mente e sua manifestação. No reino da Mente, que é de todo boa, não há um homem desamparado, que não responde; não há um homem ferido, magoado ou doente. A Mente conhece o homem tal como ele realmente é — perfeito, harmonioso, completo. Assim, podemos conhecer o homem como realmente é e extrair da Mente nossa disposição de curar — de substituir, pela realidade inteligente e divina, o que quer que o erro apresente.
A consciência de Deus como Princípio, fonte da ordem divina e infinita, nos capacita a ser rápidos e metódicos em nossa resposta humana e em nosso conhecimento da verdade. Sendo a expressão do Princípio, nunca podemos realmente ser testemunhas ou fazer parte de uma calamidade, de um acidente ou de uma desordem qualquer. Saber que o Princípio governa tudo, elimina o medo, uma vez que o perigo, ou o desastre, não podem fazer parte do ciclo do bem infinito que procede de Deus.
E esse Princípio divino é a Verdade, que não admite erro, variação ou incerteza. “A divindade está sempre preparada” diz a sr.a Eddy. “Semper paratus é o lema da Verdade.” Ciência e Saúde, p. 458;
Talvez tenhamos de ser específicos no descobrir e expulsar os erros que pairam em nosso próprio pensamento. O que nos levaria a hesitar em executar um trabalho para Deus, a nos sentirmos indecisos quanto a curar? Talvez algo tão simples como o medo do que os outros pensam, ou o medo de não dizermos a coisa apropriada. Isso seria má prática — prática errada. Com esse medo, não estaríamos pensando corretamente a respeito de outras pessoas ou de nós mesmos. Em realidade, nós e essas pessoas manifestamos a Mente única, que não erra e é toda amor.
Quando Moisés teve medo de aproximar-se do Faraó e duvidava de sua própria habilidade, Deus respondeu-lhe que Eu Sou estaria com ele e que Ele estaria nos lábios de Moisés. Ao tomar consciência da presença de Deus junto a ele, a dúvida e a timidez de Moisés foram vencidas e este guiou os filhos de Israel, tirando-os da servidão.
Não podemos permitir que forma alguma de sentido pessoal se interponha com nossa disposição de curar. A apatia, a indiferença, a falta de perdão, o estar absorto consigo mesmo, a impaciência, a vontade humana, a falta de amor, o desapontamento, a tristeza, nos levariam a passar de largo e a ignorar a oportunidade de dar auxílio a alguém, e de realizar a obra de Deus. A compreensão disso pode dar-nos o impulso para vencê-los. Em minha própria experiência, tive uma cura de tristeza e de um sentimento de separação, quando me voltei a Deus, com profunda gratidão por toda a Sua bondade e me propus a estar cada vez mais preparada para expressar Deus, mais disposta a esquecer-me de mim ao auxiliar outros.
Por que deixaríamos o pesar obscurecer nossa presteza instantânea de ouvir e responder ao propósito e ao poder de Deus? Não podemos estar prontos para ajudar outros se estivermos nos aferrando à autocompaixão, à apatia ou à indiferença. Não podemos estar prontos para seguir adiante se estamos olhando para os dias e os modos passados. Essas fases do erro são o que é conhecido na Ciência Cristã como magnetismo animal. Podemos identificar instantâneamente essas sugestões mesméricas, esses estados de resistência da mente, lançá-los fora do pensamento e voltar-nos para Deus, o Pai de todos nós, com gratidão, humildade e amor verdadeiros. Ele nos dá a boa-vontade para tomarmos a cruz da demonstração e manifestarmos Suas qualidades sempre-presentes, aqui e agora.
Em todas as nossas curas, Cristo Jesus é, sem dúvida, o exemplo. Que amor tão eficaz e extraordinário foi o dele! O samaritano que estava leproso foi incluído nesse amor e teve cura instantânea. A mãe cananéia encontrou ajuda para a filha, e o centurião obteve a cura do servo. A lei do Amor que Jesus demonstrava, envolvia todas as raças e credos. Embora soubesse que sua missão imediata era com “as ovelhas perdidas da casa de Israel”, Mateus 15:24. Jesus estava pronto para aplicar e demonstrar o conhecimento que tinha da bondade e da totalidade de Deus, sempre que um pensamento receptivo pedia auxílio.
O que ensinou esse sanador incomparável quanto a estarmos preparados para curar? Quando os discípulos aparentemente falharam em restaurar a saúde do menino epiléptico, Jesus salientou a necessidade de maior fé, aliada à oração e ao jejum. Como podemos ter mais fé? O Amor fará isso. O Amor divino, refletindo-se cada vez mais em nossos corações e em nossas vidas, ligar-nos-á a Deus, tornará real para nós o Seu poder e a Sua presença. Assim, o amor e a fé, que se elevam à compreensão, com o orar e o jejuar do sentido material, manifestarão a nossa disposição em trabalhar para Deus.
