Eram eles bons amigos, os homens que vinham
Todos os dias me colocar à porta do templo
Chamada Formosa, para esmolas pedir
Aos que podiam dispensar, entre seus salmos,
Um aceno ao passar e uma moedinha.
Aqueles outros dois que por ali passaram,
Naquele dia... Como meus bons amigos poderiam
Saber o que estes dois viram num relance,
Que eu — que desde o ventre de minha mãe
Coxo fora e estivera reduzido à sombra de homem —
Realmente eu de lá nunca se quer viera?
Poderiam meus amigos o passado romper,
Eles que apenas sabiam que eu (e eles também),
Desde tempos idos fora ensinado a crer
Num Deus terrível e feroz, e no homem efêmero?
No entanto, todos sentiram — o olhar sem surpresa,
O portentoso e manso amor, os olhos
Em que transparecia tanta verdade — essa verdade
Que em meu íntimo eu sabia que devia existir,
Mas que eu jamais num homem vira se refletir.
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