Cinco dias antes de começar meu curso de Ciência Cristã, ao dirigir minha moto, bati num canteiro da estrada e fui jogado longe. Um passante que tinha presenciado a queda, veio correndo e perguntou se eu precisava de ajuda. Notei que não podia mover o ombro esquerdo. Esse pessoa ajudou-me a tirar o capacete, levantou minha moto, e mostrou-me onde poderia telefonar para solicitar mais auxílio. Telefonei a um amigo que me apanhou a fim de levar-me a meu apartamento. Logo que me viu, ficou bastante preocupado, e perguntou a que hospital eu queria ser levado. Lembrei-lhe que eu era Cientista Cristão e assegurei-lhe que quando chegasse a meu apartamento chamaria um praticista e assim a situação estaria sob controle.
Desde o primeiro instante em que falei com esse dedicado praticista, ele deixou bem claro que nosso trabalho era compreender a impossibilidade de todo esse episódio acontecer no reino harmonioso de Deus. Ele tambén reiterou algo que foi de grande conforto, qual seja, que em primeiro lugar essa situação era uma oportunidade para glorificar a Deus e que curar meu ombro era essencial, porém um objetivo secundário. Nos dias seguintes orei constantemente, estudando muitas passagens da Bíblia e dos escritos da Sr.a Eddy, especialmente aquelas referentes ao erro da crença em acidentes.
Quanto mais trabalho metafísico fazia, tanto maior era o meu sentimento de alegria acerca da beleza da verdade que estava declarando, a verdade de meu ser espiritual, à semelhança de Deus. Mas, ao mesmo tempo, não estava havendo nenhuma melhora aparente no meu ombro. Eu sabia que não devia apressar-me ou examinar o problema físico. É impossível declarar algo como sendo errôneo e então tentar ver se já melhorou. Mesmo assim às vezes cedia a essa tentação, e certa ocasião quando olhei no espelho e vi que meu ombro parecia estar grotescamente deslocado, o desânimo se apoderou de meu pensamento.
Quando falei ao praticista sobre esse sentimento de desânimo, ele disse que eu nunca tunha sido desafiado dessa maneira, e citou uma passagem de Ciência e Saúde, de autoria da Sr.a Eddy: “Até que as gerações em progresso admitam a eficácia e supremacia da Mente, é melhor que os Cientistas Cristãos entreguem a cirurgia bem como o ajustamento de ossos fraturados e luxados aos cuidados de um cirurgião, enquanto o sanador mental se cingirá principalmente à reconstrução mental e à prevenção de inflamações” (p. 401). Ele pediu-me para considerar a possibilidade de ajustar meu ombro num hospital. Tendo dito isso, teve também o cuidado de ler o complemento do parágrafo acima citado: “A Ciência Cristã é sempre o mais hábil cirurgião, mas a cirurgia é, dos seus ramos de cura, o último que será reconhecido” (p. 402). Pediu-me que entrasse em contato com ele logo que tivesse decidido, mas enquanto isso continuaria o trabalho de oração.
O que tinha sido desânimo, agora se transformara em desespero agudo. Senti que estava num terrível dilema. Toda estrutura da verdade, na qual me deliciara nos últimos dias, parecia estar desmoronando. Pensei que ir a um médico comprometeria minha afirmação da unidade do bem e me transformaria num hipócrita.
Lembrando-me de que faltavam apenas dois dias para o início do curso, a idéia de usar um suporte parecia intolerável. Estava ansioso pelo curso e sentia que essa concessão às afirmações da matéria tornariam minha participação integral impossível. Mas também não poderia ficar agastado com a mensagem do praticista. Não estaria deixando minha luz brilhar pela Causa da Ciência Cristã se deixasse de tratar meu ombro, quando ao mesmo tempo era óbvio que não estava sendo curado por meios metafísicos.
Enquanto lutava com essa questão, fui dar uma volta a pé. Uma hora depois, chegando em casa, telefonei ao praticista. Ele me saudou calorosamente e disse que ficaria firme comigo para uma solução metafísica, e que continuaria o trabalho de oração até que a cura fosse obtida. Um maravilhoso sentimento de alívio e alegria se apoderou de mim. Eu me sentia tão feliz em fazer parte de uma igreja que provê apoio àqueles que realmente desejam demonstrar a individualidade de seu ser como inteiramente espiritual! Ao terminarmos nossa conversa, o praticista disse-me que a tarefa seguinte era compreender e expressar mais humildade e que isso apressaria a cura.
Assim começou uma autêntica aventura no estudo da humildade. Fiz uma verdadeira lista e cuidadosamente anotei de um lado as coisas que supunha serem conquistas minhas, e do outro aquelas pelas quais eu dava crédito a Deus. Sem surpresa, à medida que minha oração se aprofundava, a relação do meu lado da lista diminuía e a do lado de Deus aumentava. Isso continou até que compreendi que mesmo a capacidade de orar não era minha, mas uma maneira de Deus se comunicar comigo. Não bastava construir uma realidade abstrata — ainda que perfeita — e relegá-la a um canto de minha consciência, para ser esquecida entre um e outro tratamento. Tornou-se claro que não existem duas realidades separadas, mas uma só Verdade, que também é o Princípio divino, o Amor.
Para eliminar completamente os efeitos do acidente, era preciso abandonar todas as imagens mortais e sensações materiais relacionadas com essas imagens. Tentei fazer isso sinceramente expressando tanta humildade quanto podia, deixando todo o acontecimento nas mãos de Deus, para que Ele o resolvesse. Dentro de poucos dias eu estava completamente curado, tanto assim que estava em condições de participar em atividades atléticas que exigiam o apoio de meu corpo nos meus ombros.
Minha gratidão por essa experiência é muito grande. Ela ajudou-me a perceber que humildade é poder, e que, através da fidelidade a Deus, do apreço por Cristo Jesus e da obediência e amor à Sr.a Eddy e à Ciência Cristã, cada dia tem de trazer bênçãos. E para concluir quero acrescentar que o curso que fiz foi uma experiência maravilhosa.
Nova Iorque, N.I., E. U. A.