O festival da primavera iria acontecer durante três noites na escola. Esta seria a noite da estréia e Béti estava excitada. Na noite anterior, todo o elenco tinha posto calças de brim e escovado o ginásio. As meninas fizeram suas próprias roupas e os rapazes construíram os cenários. Béti e seu parceiro iriam dançar seis números, inclusive a Valsa da Viúva Alegre, a Valsa das Flores e uma parte do musical “Kismet”.
Eram sete horas e apesar do “show” começar somente às oito, ela estava ansiosa por sair. A escola ficava a uma quadra. Saiu, um braço coberto com as roupas e o outro levando a sacola com as sapatilhas e o estojo de maquilagem. Quando apressada subia os últimos seis degraus da escola, escorregou e caiu. Tinha torcido o tornozelo, mas, apesar da dor, conseguiu chegar ao ginásio antes que alguém a visse. Tomou o tempo para orar como tinha aprendido na Escola Dominical da Ciência Cristã. O primeiro pensamento, quando se volveu a Deus, foi seu amor pelos companheiros de dança e sua responsabilidade para com o parceiro. Ela não podia estragar tudo. Em silêncio, soube que sua força e a habilidade de executar a dança eram da responsabilidade de Deus.
De algum modo ela conseguiu dançar, fazendo pequenas alterações nos passos que dava, mas quando o espetáculo terminou teve que ser levada para casa. Telefonou para uma Cientista Cristã experiente a fim de obter ajuda por meio de oração, e a dor logo cedeu. Béti dormiu placidamente naquela noite, mas de manhã não podia caminhar ou mesmo apoiar-se no pé.
Béti era obediente às regras da escola e telefonou para os professores que faziam parte da comissão do festival dizendo que não poderia ir às aulas mas que tinha certeza de que seria capaz de atuar à noite. Contou o que tinha acontecido na noite anterior. Todos foram bastante compreensivos, exceto um professor. Este veementemente declarou que se ela não viesse à escola e fosse ao “show” naquela noite, não teria outra oportunidade de realizar o teste que eles iriam fazer naquele dia.
Béti parecia não ter escolha. Não conseguia caminhar e sentia que necessitava do dia para orar. Não era apenas questão de sentir-se melhor fisicamente. Ela queria sentir o Cristo salvador. Quantas vezes a Bíblia registra a compaixão de Cristo Jesus ao curar, que no seu sentido divino não é simpatia para com o problema, mas uma expressão do amor de Deus a dissolver a mentira chamada sofrimento. Ele sempre supria a necessidade humana.
Quando a viúva de Naim estava chorando porque o filho morrera, não somente por causa da perda do filho amado mas também porque seu único apoio tinha desaparecido, as gentis palavras de conforto de Jesus foram: “Não chores!” Sua compaixão estendeu-se a ela e ao filho, quando ordenou: “Jovem, eu te mando: Levanta-te.” Lucas 7:13, 14; Ele sentou-se e Jesus o restituiu à mãe.
Durante todo o dia Béti apoiou-se na presença salvadora do Cristo, a Verdade, especialmente quando o ressentimento e o medo de perder o teste tentavam obscurecer seu pensamento. Passou todo o dia compreendendo que nem o medo nem o ressentimento daquele professor podiam fazer parte da consciência dela ou impedi-la de amá-lo como filho de Deus. À noite estava suficientemente bem para caminhar e dançar e na terceira noite do festival da primavera, estava completamente livre. Todos os pensamentos sobre a ameaça do professor tinham se apagado da mente dela. Béti nunca precisou fazer aquele teste e passou no curso de história com um B. O Cristo, a Verdade, realmente a tinha salvo.
Dois anos antes dessa experiência, Béti havia se unido com A Igreja Mãe. Uma das coisas que fizera então fora decorar os Artigos de Fé de A Igreja Mãe, dados pela Sr.a Eddy no Manual da Igreja. Essa experiência ajudou-a a compreender os Artigos de Fé, inclusive o quarto artigo, que diz o seguinte: “Reconhecemos a expiação de Jesus como evidência do Amor divino, eficaz, que revela a unidade do homem com Deus por intermédio de Cristo Jesus, o Guia; e reconhecemos que o homem é salvo por Cristo, pela Verdade, pela Vida e pelo Amor, conforme o demonstrou o Profeta da Galiléia, curando os doentes e vencendo o pecado e a morte.” Manual de A Igreja Mãe, pp. 15–16.
Béti realmente podia reconhecer agora, depois da cura que tivera, que o Cristo, a Verdade, a tinha salvo, a verdade de que ela realmente era filha amada de Deus. Fora salva do medo e do ressentimento e assim obtivera a cura.