Nós todos estamos acostumados a situar nossa vida segundo diferentes épocas de tempo. Temos o tempo do horário de verão ou tempo de horário normal. Tempo desta ou daquela zona. Tempo da cidade ou tempo da estrada de ferro. Na teoria da relatividade, até mesmo a duração do tempo é afetada pela velocidade em que estamos viajando.
Existe uma diferença de tempo mais importante do que essas, aquela que há entre o tempo de Deus e o dos mortais. Referindo-se a essa diferença em Miscellaneous Writings, a Sr.a Eddy diz: “Segundo meu calendário, o tempo de Deus e o dos mortais divergem.”Mis., p. 117; Nossa saúde e bem-estar dependem muitíssimo de nossa apreciação sobre o que exatamente, essa diferença vem a ser, e como podemos viver segundo o tempo de Deus.
“Até quando, Senhor?” Salmos 79:5; A maioria dos seres humanos, numa ocasião ou noutra, ao passar por alguma intensa experiência, sentiram surgir das profundezas do seu ser palavras como essas ou similares. Até mesmo aqueles que perderam muito da confiança num poder maior do que eles, proferiram essas palavras. Até mesmo aqueles que têm a impressão de terem perdido inteiramente essa confiança, ou que julgam que nunca a tiveram. Em tais ocasiões, a necessidade primordial é muitas vezes conseguir uma percepção do tempo de Deus, percepção essa que supera completamente o tempo dos mortais.
Em Ciência e Saúde a Sr.a Eddy escreve: “O que exprime a idéia de Vida é a eternidade, não o tempo, e o tempo não faz parte da eternidade. Um cessa na proporção em que o outro é reconhecido. O tempo é finito; a eternidade é para sempre infinita.”Ciência e Saúde, pp. 468–469; Que conforto existe nesse trecho para aquele que clama: “Até quando?” O tempo dos mortais com toda a sua dor e tristezas é finito, tem um fim. E esse fim vem na proporção em que se reconhece a eternidade.
O tempo de Deus, ao contrário do tempo dos mortais, não se preocupa com começos e fins, com duração ou processos, com coisas fugidias ou destrutíveis. O tempo de Deus está sempre preocupado com o momento, com o instante. Apesar disso ele não é um instante pequeno e vazio. Esse instante divino inclui todo o bem do passado e o bem do futuro; em resumo, todo o bem. Mas ele nunca é duração; ele permanece um instante, o infinito agora ou a toda-presença de Deus, o bem, e de Sua expressão inteiramente boa.
Cristo Jesus é o exemplo supremo de quem viveu de acordo com o tempo de Deus. Ele sabia quando agir e quando deixar de agir. Ele se movimentava sempre para onde Deus o dirigia e no compasso de Deus. Quase sempre suas obras de cura eram de efeito imediato, sem espaço de tempo de permeio. Em Getsêmani ele conheceu a agonia de uma espera solitária quando os amigos mais chegados deixaram de o acompanhar na vigília, mesmo por uma só hora. Mas ele também conheceu o triunfo sobre o tempo dos mortais quando bradou do alto da cruz: “Está consumado,” João 19:30; ou numa tradução mais clara: “Está completado.” Naquele momento seu ordálio terminou; sua missão terrena fora completada no tempo de Deus.
O tempo dos mortais oscila entre a pressa e a demora. Não é assim com o tempo de Deus. O tempo de Deus nunca aconselha a procrastinação; embora esse tempo seja, igualmente, apenas um momento, nunca está apressado. Um praticista da Ciência Cristã disse certa vez a um paciente: “Não me importa se levar mil anos para curá-lo.” Essas palavras talvez pareçam rudes, e normalmente o praticista não as teria empregado; o fato, porém, é que ele sentia profunda compaixão. Havia discernido a premente necessidade de sacudir o pensamento do paciente e de desviá-lo de uma preocupação com o tempo dos mortais, de desviá-lo da exigência obstinada de que fosse curado com urgência.
O praticista a seguir mencionou que mil anos aos olhos de Deus “são como o dia de ontem que se foi, e como a vigília da noite” Salmo 90:4;. E quando o paciente cedeu sua preocupação com vistas ao tempo dos mortais, ele se tornou receptivo aos fatos eternos e espirituais que lhe trouxeram a cura completa e permanente.
A cura na Ciência Cristã é muitas vezes imediata. Mas, tal como os discípulos de Jesus aprenderam, alguns casos necessitam daquilo que seu Mestre havia descrito como oração e jejum. E muitas vezes uma crença que talvez tenha de ser vencida com essa oração e jejum seja a impaciência, a exigência obstinada e importuna de ver alguma atividade de acordo com algum calendário mortal dentro do tempo dos mortais. Essa sensação ansiosa relativa ao tempo talvez tenha de ser substituída por uma compreensão tranqüila de que no tempo de Deus todo o bem é possível e é levado a efeito. Quando essa compreensão acerca do calendário de Deus, do tempo de Deus, é constantemente acalentada em espírito de oração, as aparências mortais do mal são obrigadas a se retirar, sem tomar em consideração quanto tempo tenham aparentemente dominado o terreno.
Uma valiosa contribuição para que nos ajustemos ao tempo de Deus é o reconhecimento, desde o começo, de que o fim já está presente, sob o controle de Deus e de nós mesmos. No eterno reino do tempo de Deus a promessa e o cumprimento sempre coincidem como um fato espiritual presente. Os profetas escreveram sobre Deus como que dizendo: “Eu sou Deus e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer, e desde a antiguidade as cousas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade.” Isaías 46:9, 10.
O homem expressa a habilidade divina de anunciar o fim desde o começo. E na proporção em que fizermos isso, descobriremos que estamos vivendo mais coerentemente no tempo de Deus, na onipresença do bem.